Redes de Aprendizagem na EaD
Hoje temos um número significativo de professores desenvolvendo projetos e atividades mediadas por tecnologias, porém a grande maioria das escolas e professores ainda estão pesquisando sobre como utilizá-las de forma adequada. A apropriação das tecnologias pelas escolas passa por três etapas: na primeira, as tecnologias são utilizadas para melhorar o que já se fazia, como o desempenho, a gestão, automação de processos e redução de custos; na segunda, a escola insere parcialmente as tecnologias no projeto educacional, como, por exemplo, criando páginas na Internet com algumas ferramentas de pesquisa e comunicação, divulgando textos e endereços interessantes, desenvolvendo projetos, e atividades no laboratório de informática, no entanto mantendo estrutura de aulas, disciplinas e horários intactos; na terceira, que principia atualmente, com o amadurecimento da sua implantação e o avanço da integração das tecnologias, as universidades e escolas repensam o seu projeto pedagógico, o seu plano estratégico e introduzem mudanças significativas como a flexibilização parcial do currículo, com atividades a distância combinadas as presenciais.
O momento atual é de um intenso e complexo processo de aceleradas transformações no campo comunicacional. Trata-se da passagem de uma cultura baseada na escrita para a cultura da multimídia. De acordo com Manuel Castells (2012, p. 414), esta mudança tem dimensões históricas similares ao que aconteceu no mundo ocidental, quando os gregos, por volta de 500 a.C., passaram a valer-se do alfabeto, e que, no intervalo de apenas duas gerações, migraram de uma cultura eminentemente oral para uma cultura baseada na escrita. Nesse contexto, as Redes Sociais têm grande potencial para as atividades educacionais, desde que consigam superar a condição de local para diversão, como sites de relacionamento ou conversação, e passem a utilizar seus recursos para a troca de conhecimentos e aprendizagem coletiva. O mesmo “local” onde as pessoas se encontram para trocar, compartilhar amenidades, também pode ser utilizado por estudantes para discutir temas de interesse acadêmico e tirar dúvidas, por exemplo. A Educação a Distância (EaD) surgiu em decorrência da necessidade social de proporcionar educação aos segmentos da população não adequadamente servidos pelo sistema tradicional de ensino. Ela pode ter um papel complementar ou paralelo aos programas do sistema tradicional de ensino.
Muitos são os cursos de formação de educadores online e a distância que surgem nos dias atuais, tanto por iniciativa pública como privada, para suprir a demanda de formação na área educacional de todo o país; o que tem chamado a atenção de pesquisadores para esta realidade. Pesquisar por meio da criação de redes sociais fundamentadas significa depurar e deformar olhares e ações para o que pode parecer igual e perceber as multiplicidades dos sujeitos em sua maleabilidade sócio-cultural.
Portanto, aprender em rede e criar e habitar redes de aprendizagem envolve assumir a plasticidade como potência para o processo de investigação e formação que integra aspectos biológicos, sociais e culturais. Nessa direção, os cursos desenvolvidos em ambientes online, considerando sua plasticidade e seu movimento maleável, são redes abertas, em constante e contínuo movimento permanente que atua como regra, sendo capaz de criar, transformar e modificar tudo o que existe, sendo essa própria mudança.
Para Belloni (2003, p. 54), “a educação é e sempre foi um processo complexo que utiliza a mediação de algum tipo de meio de comunicação como completo ou apoio à ação do professor em sua interação pessoal e direta com os estudantes”. E essa mediação na EaD ocorre com a combinação de suportes técnicos de comunicação, separados pelo tempo e pelo espaço, uma vez que professor e aluno interagem por meio das “facilidades tecnológicas” disponíveis no ambiente virtual de aprendizagem, o que colabora para o processo de aprendizagem acontecer de modo planejado e embasado. Nesse sentido, as novas tecnologias também modificaram as práticas educacionais, que tendem a requerer reestruturação das metodologias até então utilizadas, já que elas agora se dão por meio das ferramentas de comunicação, a fim de que seja promovida a interação entre os envolvidos no processo. É por meio de tais ferramentas que o professor complementa as explicações iniciadas em cada aula, mediando ações que conduzem o aluno a refletir, levantar problemáticas, em um espaço propício às ações críticas. Conforme Moran (2003), na EaD, os papéis do professor se multiplicam, diferenciam e complementam, exigindo uma grande capacidade de adaptação e de criatividade diante de novas situações, propostas, atividades. O professor que até pouco tempo atuava somente em salas de aula presenciais, na qual “expunha conteúdos”, no contexto atual passa a se deparar com a possibilidade de transcender as “informações fechadas” em blocos, para caminhar livremente em um ambiente próprio para que professor e aluno revejam a posição de emissor-receptor informacional. Trata-se, portanto, de se constatar a existência de uma “nova” trama educativa, no qual mediatizar todo o processo de conhecimento é transcender as próprias barreiras geradas na construção deste mesmo processo de conhecimento: é tempo de ações de (re)conhecimento e ressignificação. Dada a situação atual do ensino superior no Brasil, que demanda um aumento circunstancial do número de vagas para os próximos anos, a EAD poderia ser utilizada como uma forma de ampliação do alcance dos cursos ministrados pelas IES, proporcionando maiores chances de ingresso aos alunos interessados. Mas a EAD não pode ser tratada como uma forma apenas de distribuição aleatória de cursos, onde poderia não haver garantia de qualidade educacional.
É necessário buscar uma linguagem pedagógica apropriada à aprendizagem mediada pelas diversas mídias disponíveis, estruturando processos, definindo objetivos e problemas educacionais utilizando, para tanto, as técnicas de desenho instrucional. Nenhuma tecnologia pode resolver todos os tipos de problemas, e o aprendizado depende mais da forma como esta tecnologia está aplicada no curso, do que do tipo de tecnologia utilizada. Assim, a tutoria, as formas de interação e suporte aos alunos também são elementos essenciais, determinantes para o sucesso do curso.
A estruturação de uma equipe especializada, composta de pessoas que entendam de tecnologia, de pedagogia e que trabalhem de forma coesa, podem garantir uma melhor performance da aprendizagem do aluno. Dentre os desafios que a EAD apresenta para as IES um dos fundamentais é a motivação dos alunos, uma vez que não existe o contato diário com o professor ou com os colegas. Os professores podem aumentar a motivação através do " realimentar” constante e do incentivo à discussão entre os sujeitos em processo de formação. Os alunos precisam reconhecer seus pontos fortes e limitações, bem como compreender os objetivos de aprendizagem do curso. O professor/tutor pode ajudar neste sentido no momento em que assume o papel de facilitador. Ao dar oportunidades para que os aprendizes partilhem sobre seus objetivos de aprendizagem, ele aumenta a motivação.
É fundamental a análise dos modelos de EAD neste processo, bem como suas vantagens e limitações. Cada um dos modelos utiliza tecnologias e metodologias de ensino distintas que, por sua vez, se aplicam a cursos e públicos-alvo também diferentes. Cabe destacar, que no futuro, os benefícios da implementação das TICs nos processos educacionais também serão sentidos no ensino presencial. A mudança na educação tradicional está sendo implementada aos poucos, de forma gradativa, através da aplicação das TICs na educação. A Educação a Distância neste sentido, tem contribuído muito para esta reestruturação, pois tem exigido uma postura diferente tanto dos professores, como dos alunos, quanto na metodologia de ensino. Mas, o que é imperativo nos dias de hoje não é somente aprender, mas sim aprender a aprender e, para tanto, é necessário que a relação pedagógica seja elaborada com base metodológica e planejamento para cada curso. Ao professor caberá o maior esforço reconstrutivo neste processo, pois será necessário agrupar todas as teorias modernas de aprendizagem para que os objetivos dos cursos sejam alcançados.
A tendência é que no futuro próximo falaremos em Educação na Distância, ao invés de Educação a Distância, pois a maior preocupação será com o projeto pedagógico, com o aprendizado, com técnicas de aprendizagem e não somente com a tecnologia. Uma vez que aprender se tornará uma atividade a ser prolongada por toda a vida, é preciso buscar desenvolver um ambiente que permita o compartilhamento de experiências entre os envolvidos neste processo, a fim de criar comunidades de aprendizagem. O comprometimento de alunos e professores envolvidos será decisivo neste processo de ensino. Mas, apesar de toda tecnologia existente e disponível, não devemos nunca deixar de ter em mente que o elemento fundamental continua sendo o humano.
Redes de Aprendizagem na EaD
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DOI: 10.22533/at.ed. 467190507
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ISBN: 978-85-7247-446-7
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Palavras-chave: 1. Educação – Inovações tecnológicas. 2. Ensino à distância. 3.Tecnologia educacional. I. Monteiro, Solange Aparecida de Souza.
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Ano: 2019
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Número de páginas: 352
- Simone Silva da Cunha Vieira
- Aleph Campos da Silveira
- Amanda Monteiro Pinto Barreto
- Ana Maria Fontenelle Catrib
- Andreia Maria Braz da Silva
- Andreza Souza Santos
- Antonio Carlos Pereira dos Santos Junior
- Apuena Vieira Gomes
- Ariel Behr
- Arilise Moraes de Almeida Lopes
- Avany Bernardino Corrêa Sobral
- Barbara Fernandes da Silva Souza
- Carla Bonato Marcolin
- CARLOS AUGUSTO DA SILVA NETO
- Christiane Ferreira Lemos Lima
- Daiany F. Lara
- Daniel Silva Veras
- Dênisson Neves Monteiro
- Divair Doneda
- Edilene Cândido da Silva
- Edilene Candido da Silva
- Elizabete Ramalho Procópio
- Estela Aparecida Oliveira Vieira
- Eude de Sousa Campos
- Fátima Aurilane de Aguiar Lima Araripe
- Fernanda Mendes de Vuono Santos
- Francisca Bertilia Chaves Costa
- Gabriela Lucciana Martini
- Gabriella Rossetti Ferreira
- Germana Costa Paixão
- Harineide Madeira Macedo
- Henrique Mello Rodrigues de Freitas
- Humbérila da Costa e Silva Melo
- Jacelma da Silva Sant’ Ana
- João Guilherme de Carvalho Gattás Tannuri,
- José Lima de Albuquerque
- Jucelaine Possa
- Julia Marques Carvalho da Silva
- Juliana Teixeira da Camara Reis
- July Grassiely de Oliveira Branco
- Kathiane Benedetti Corso
- Lana Paula Crivelaro Monteiro de Almeida
- Léo Manoel Lopes da Silva Garcia
- Letícia Lopes Leite
- Lívia Veleda de Sousa e Melo
- Luis Roberto Ramos de Sá Filho
- Luiza Valeska de Mesquita Martins
- Lydia Dayane Maia Pantoja
- Márcio Aurélio Carvalho de Morais
- Marco Antonio Gomes Teixeira da Silva
- Maria Isabel Accorsi
- Mariângela de Souza Santos Diz
- Markênio Brandão
- Marzely Gorges Farias
- Mayara Setúbal Oliveira Araújo
- Michele Garcia
- Monique Delgado Faria
- Nicole de Santana Gomes
- Nilo Agostini
- Patrícia Passos Sampaio
- Paulo Rennes Marçal Ribeiro
- Quênia Luciana Lopes Cotta Lannes
- Renata Cristina Nunes
- Renato Carvalho Alvarenga
- Renato Tavares Melo
- Robson Almeida Borges de Freitas
- Rodolfo Araujo de Moraes Filho
- Rodrigo Nonamor Pereira Mariano de Souza
- Ronei Ximenes Martins
- Sergio Antônio de Andrade Freitas
- Silmário Batista dos Santos
- Simone Costa Andrade dos Santos
- Solange Aparecida de Souza Monteiro
- SONIA REGINA GOUVEA REZENDE
- Sônia Regina Gouvêa Rezende
- Sydney Fernandes de Freitas
- Tatiane Chaves Ribeiro
- Teresinha de Jesus Araújo Magalhães Nogueira
- Thaís Teixeira Santos
- Valter Gomes Campos
- Vanuska Lima da Silva
- Viviane Raposo Pimenta
- Viviani Ruffo de Oliveira
- Wagner Lannes
- Zelindro Ismael Farias
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