Laços e Desenlaces na Literatura
Qual seria a necessidade de ensinar literatura na atualidade? Por onde começar o processo de reflexão literária na escola? De que forma? Por que propor uma educação literária urgente?
As respostas para estas questões que abrem a apresentação desta coletânea podem ser encontradas nos vinte e sete capítulos que dão forma à obra, visto que todas as reflexões partem de diferentes concepções, embora tenham um único propósito: orientar o processo de formação dos leitores nas diversas trajetórias da narração. Assim, serão apresentados os sentidos que cada um dos trabalhos traz para o processo de formação dos leitores.
No primeiro capítulo são relatados os resultados da implementação de uma sequência didática realizada com estudantes do sexto ano do ensino fundamental.
No segundo capítulo o autor problematiza as questões de ensino e aprendizagem de literatura na contemporaneidade, seu espaço na sala de aula e propõe a realização de uma oficina de leitura literária com a finalidade de contribuir na ampliação dos perfis de leitores. No terceiro capítulo a literatura e a cultura são utilizadas nas aulas de língua estrangeira como sendo uma das muitas possibilidades de ensino.
No quarto capítulo são problematizadas as questões do gênero fantástico na arquitetura. No quinto capítulo, além de relatar e inspira outros docentes dos anos finais do ensino fundamental quanto ao uso do livro-jogo em sala de aula. No sexto capítulo discute-se a ideia de nação e identidade em uma abordagem comparativa.
No sétimo capítulo há a problematização do quanto há de retórico e estético na inclusão das evidências históricas no código linguístico narrativo e isso permite problematizar a estabilidade do conhecimento histórico. No oitavo capítulo parte-se de uma análise das representações do sertão na obra poética Inspiração Nordestina, de Patativa do Assaré. No nono capítulo há o apontamento das relações entre cinema, psicanálise e literatura na análise de Blade Runner e Inteligência Artificial enlaçadas em Philip K. Dick e Brian Aldiss Freud com A interpretação dos sonhos e Lacan com seus estudos acerca do desejo.
No décimo capítulo analisam-se, comparativamente, aspectos da obra Cidades Mortas, de Monteiro Lobato e do romance Malhadinha, do escritor piauiense José Expedito Rêgo, sobretudo quanto ao ponto de intersecção temática. No décimo primeiro capítulo é feita uma análise sincrônica da ciberpoesia do web-poeta português Antero de Alda e o estilo Barroco, considerado como a primeira manifestação literária, genuinamente, brasileira. No décimo segundo capítulo analisam-se os poemas de José Craveirinha, poeta Moçambicano a partir da teoria da narrativa de viagens por Buesco, 2005, em que trata como a problemática da viagem tem sido fundamentalmente discutida nos estudos literários, apresentando como a imagem poética constrói-se pelo viés da linguagem.
No décimo terceiro capítulo aponta-se como memória individual e coletiva exerce influência para construir uma identidade cultural e, por último, uma identidade nacional. No décimo quarto capítulo problematiza-se e compara-se a composição dos elementos do gênero fantástico nas obras Aura, de Carlos Fuentes e A outra volta do parafuso, de Henry James, levando-se em conta a utilização de aspectos atribuídos tradicionalmente ao imaginário feminino na tessitura dos contos. No décimo quinto capítulo discute-se as condições da representação feminina a partir do gênero carta.
No décimo sexto capítulo demonstra-se o erotismo nas principais personagens femininas da obra Cien años de soledad, de Gabriel García Márquez. No décimo sétimo capítulo expõe-se uma investigação do Teatro da Crueldade, de Antonin Artaud em diálogo com o pensamento nietzschiano acerca do Trágico que, por sua vez, reafirma-se com e na presença do deus Dioniso. No décimo oitavo capítulo recuperam-se alguns momentos da história do naturalismo no teatro português, entre 1870 e 1910 trazendo para discussão autores, peças, críticos e teóricos coevos.
No décimo nono capítulo analisa-se como o autor Abdias Neves constrói a cenografia e se posiciona mediante suas produções discursivas literárias na obra Um manicaca, 1985. Além disso, nos estudos da Análise do Discurso Literário, o posicionamento do autor é marcado por uma tomada de posição e uma ancoragem em um espaço conflitualístico. No vigésimo capítulo são expostos detalhes dos elementos poéticos que foram o fio condutor do experimento cênico evidenciando uma interação direta com o espaço e as reminiscências que surgem quando o movimento do texto no corpo instaura conexões com memórias coletivas e individuais.
No vigésimo primeiro capítulo realiza-se uma abordagem da relação Literatura e Vida Social em Selva Trágica, 1959, constituindo-se um testemunho de época, a História dos ervateiros do Mato Grosso e da fronteira Oeste do Brasil, propondo uma interpretação ficcional da possível História dos trabalhadores da Companhia Matte Larangeira.
No vigésimo segundo capítulo aborda-se um pouco da vida de Stanislaw Ignacy Witkiewicz - o Witkacy (1885-1939) e também da sua “teoria da Forma Pura”. No vigésimo terceiro capítulo investigam-se as relações estabelecidas e os sentidos engendrados entre o conto Entre santos, 1896, de Machado e o Diálogo dos mortos, de Luciano. No vigésimo quarto capítulo analisa-se um dos contos mais emblemáticos de Lawrence, O Oficial Prussiano, no que diz respeita à homoafetividade reprimida de dois personagens da trama, Herr Hauptmann, um oficial e um jovem soldado sob seu comando, Schöner, que só conseguem exprimir seus desejos por meio da violência física e psicológica.
No vigésimo quinto capítulo investigam-se as diferenças existentes entre o enredo do romance Um estudo em vermelho, de Arthur Conan Doyle e da adaptação da obra para o primeiro episódio da série de TV Sherlock (BBC), intitulado “Um estudo em rosa”. No vigésimo sexto capítulo relata-se e analisa-se uma experiência poético-sociológica desenvolvida na disciplina Sociologia para o Ensino Médio na Educação de Jovens e Adultos, em duas escolas públicas da cidade de Sertãozinho, São Paulo. E, por fim, no vigésimo sétimo capítulo abordam-se as formas de resistência da escritora maranhense Maria Firmina dos Reis em uma de suas obras poéticas.
Com a leitura de todos os vinte sete capítulos apresentados e organizados nesta coletânea algumas respostas serão produzidas às questões que deram as boas-vindas aos leitores desta coleção, pois somente assim é que será possível compreender os laces e desenlaces da leitura literária na formação de leitores.
Ivan Vale de Sousa
Laços e Desenlaces na Literatura
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DOI: 10.22533/at.ed.962192407
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ISBN: 978-85-7247-496-2
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Palavras-chave: 1. Literatura – Estudo e ensino. 2. Teoria literária.
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Ano: 2019
- Aline Stefânia Zim
- Andrea Carla de Miranda Pita
- Bruna Messias de Oliveira
- Camila Augusta Valcanover
- Cíntia Paula Andrade de Carvalho
- Claudia Barbieri Masseran
- Cláudio Guilarduci
- Danielli de Cassia Morelli Pedrosa
- Débora Cristina Santos e Silva
- Elimar Barbosa de Barros
- Elisa Maria Dalla-Bona
- Érica Patrícia Barros de Assunção
- ERIKA SANTOS
- Ernane de Jesus Pacheco Araujo
- Henrique Carvalho Pereira
- HEVELLYN CRISTINE RODRIGUES GANZAROLI
- Iasmim Santos Ferreira
- Iêda Carvalhêdo Barbosa
- JESUINO ARVELINO PINTO
- João Benvindo de Moura
- José Wanderson Lima Torres
- Juliana Carvalho de Araujo de Barros
- Leonardo José Rodrigues
- Lívia Bocalon Pires de Moraes
- Margareth Torres de Alencar Costa
- Maria Luand Bezerra Campelo
- Marinei Almeida
- Melina Morais
- Nádia Vieira Simão
- Nilson Macedo Mendes Junior
- Pâmela Natiele Pereira Bispo
- Patricia Horta
- Pedro Panhoca da Silva
- Rodrigo Peixoto Barbara
- Roseli Gimenes
- Silvana Maria Pantoja dos Santos
- Thiago de Sousa Amorim
- Vanessa de Carvalho Santos
- VANESSA PINCERATO FERNANDES
- Viviane Ellen Araújo Pereira
- Wander Nunes Frota
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