A ideia de nação e identidade ameríndia em Maíra e O rastro do jaguar
Na contemporaneidade, a literatura
tem disponibilizado representações das culturas
ameríndias que diferem da antiga figuração
romântica desses povos (FIGUEIREDO, 2010;
OLIVIERI-GODET, 2013). Os romances Maíra
(1976), de Darcy Ribeiro, e O rasto do jaguar
(2009), de Murilo Carvalho, em narrativas que
exploram a multiplicidade de vozes, trazem como
personagens principais indígenas que, depois
de anos afastados da convivência com suas
famílias e obrigados a se integrarem à sociedade
nacional, enveredam por uma trajetória
de retorno às culturas ameríndias. Nessa
experiência de reconstrução identitária, eles
se descobrem marcados por questionamentos
existenciais e transitando em dois mundos
diferentes (BHABHA, 1998; HALL, 2000; 2003).
Esta comunicação pretende discutir, em uma
abordagem comparativa (CARVALHAL, 1999),
como ambas as obras, separadas por três
décadas da publicação de uma para a outra,
discursivamente ora se aproximam, ora se
distanciam, na tentativa de criticar o processo
civilizatório a que os povos indígenas continuam
sendo submetidos no Brasil e problematizar a
(im)possibilidade de uma conciliação entre as
culturas ameríndias e o modelo de comunidade
nacional homogeneizante (ACHUGAR, 2013).
A ideia de nação e identidade ameríndia em Maíra e O rastro do jaguar
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DOI: 10.22533/at.ed.9621924076
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Palavras-chave: nação; identidades múltiplas; alteridade ameríndia.
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Keywords: nation; multiple identities; Amerindian otherness.
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Abstract:
Nowadays, literature has provided
representations of Amerindian cultures that
differ from the ancient romantic figuration of
these peoples (FIGUEIREDO, 2010; OLIVIERIGODET,
2013). The novels Maíra (1976) by
Darcy Ribeiro, and O rastro do jaguar (2009) by
Murilo Carvalho, in narratives that explore the
multiplicity of voices, bring as main indigenous
characters that, after years away from living with
their families and obliged to integrate into the
national society, get into a trajectory of return
to Amerindian cultures. In this experience of
identity reconstruction, they have to deal with
existential issues and transiting in two different
worlds (BHABHA, 1998; HALL, 2000; 2003).
This paper intends to discuss, in a comparative
approach (CARVALHAL, 1999), how both
works, separated by three decades from
the publication, are so sometimes close and
sometimes they distant discursively in the critics
of the civilizational process to which the indigenous people continue to be submitted in
Brazil. It also objectives to problematize the (im)possibility of a reconciliation between
Amerindian cultures and the homogenizing national community model (ACHUGAR,
2013).
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Número de páginas: 15
- Cíntia Paula Andrade de Carvalho