Publicado em 12 de julho de 2023.

A obra “História: relações de poder, culturas e representações” apresenta artigos científicos de diversas partes do Brasil, bem como aborda temas variados. Contudo, há em comum a noção de que a História é ampla e diversa, tornando-se assim singular diante de outras ciências e com potencial interpretativo fascinante.
A era moderna trouxe mudanças significativas nas relações de poder. No século XIX os historiadores esforçaram-se por conceder a História estatuto de legitimidade, no qual as interpretações históricas apresentavam a “verdade”, assim deveriam ser provadas, com datas, fatos e acontecimentos demarcados. Diante disso, a suposta verdade tratava sempre de questões políticas, econômicas e sociais a partir de fontes históricas escritas e oficiais, atribuindo destaque a personagens privilegiados na sociedade – pessoas ricas, grandes nomes políticos, homens e brancos.
No entanto, as relações de poder não são estáticas e estão sujeitas a mudanças ao longo do tempo. Da mesma forma, a historiografia está em constante processo de transformação, no qual a verdade absoluta é rechaçada e substituída por interpretações baseadas em vestígios históricos.
Assim como diz Michel Foucault, as verdades são construídas em épocas e locais específicos; e essas são consolidadas em meio às relações de poder. E é a partir de tais ligações que se constrói a cultura. No entanto, como os enfrentamentos de poder são constantes, nascem nessa cultura grupos diversos que findam por significar a história em perspectivas diferentes. Desse modo, têm-se a abordagem “História: relações de poder, cultura e representação”. 
Tal abertura possibilitou a ampliação de abordagens, de fontes históricas e interpretações, abarcando inclusive as representações sociais, culturais, econômicas e as mais variadas formas de poder existentes.
Em resumo, a história, as relações de poder, a cultura e as representações estão intrinsecamente conectadas. O estudo desses elementos nos permite compreender como as sociedades se formaram, evoluíram e foram transformadas ao longo do tempo. Além disso, nos ajuda a analisar como as dinâmicas de poder moldam a cultura e como as representações podem ser usadas tanto para perpetuar quanto para desafiar as estruturas sociais.
Desta maneira, a obra apresentada neste livro corrobora com a escrita da História atual, na qual as representações midiáticas, as mentalidades de todos os grupos sociais e a diversidade cultural contribuem para a compreensão e interpretação histórica. 
As discussões apresentadas demonstram a profundidade do debate historiográfico e a importância da interpretação das diversas manifestações culturais. Esperamos que a leitura contribua para sua compreensão crítica e autônoma da História.
Boa leitura! 

Organizadores:
Silvéria da Aparecida Ferreira
Nikolas Corrent
Eduardo Alexandre Santos de Oliveira