Publicado em 17 de maio de 2023.

História, cultura e sociedade são intimamente relacionadas. A História nos auxilia a entender as raízes e a diversidade cultural presente na sociedade. Por exemplo, ao estudar a história de uma região ou país, podemos entender como suas tradições culturais foram formadas ao longo do tempo. Da mesma forma, a cultura tem um papel importante na construção da identidade histórica de uma sociedade. As crenças, valores, normas e costumes de uma cultura moldam a maneira como a história é contada e interpretada.

Além disso, a história e a cultura influenciam-se mutuamente. Eventos históricos podem influenciar a cultura de uma sociedade de diversas maneiras, como alterando as relações sociais e econômicas, ou influenciando a arte e a literatura. Da mesma forma, a cultura também pode influenciar a história, por exemplo, através da preservação de memórias e tradições que são transmitidas oralmente ou por meio de artefatos históricos.

A história e as memórias são fundamentais para entendermos e refletirmos sobre a sociedade em que vivemos hoje. Ao estudar tanto a história quanto a cultura de uma sociedade, podemos obter percepções valiosas sobre como ela chegou a ser o que é hoje e como pode continuar a desenvolver-se no futuro. Ademais, através das lembranças pessoais e coletivas, podemos entender a formação e as nuances da cultura e das tradições, bem como dos traumas e conflitos que afetam a sociedade até hoje. É ao reconhecer e aprender com a história e as memórias do passado que podemos construir uma sociedade mais justa, equitativa e solidária.

Neste sentido, a obra apresentada neste e-book possibilita ao leitor compreender a história, a cultura e os usos da memória na formação da identidade dos grupos humanos relacionados. Nos quatro primeiros textos podemos perceber um rico debate sobre a produção e a reprodução da violência em contextos e formas diversas. O primeiro texto aborda a violação dos Direitos das Crianças e dos Adolescentes, faz uma análise a partir da promulgação do ECA com suas nuances, acertos e falhas sejam no texto ou na vida prática.

Na sequência, contamos com uma abordagem da violência na Guerra de Canudos a partir da perspectiva do oprimido, rompendo com o discurso historicamente construído pelo governo. Debate presente no terceiro e quarto artigo, já que nos deparamos com a História vista de baixo, com sujeitos que não eram colocados em papel de protagonistas pela teoria positivista preeminente no século XIX e até meados do século XX. Os textos apresentam a historiografia própria da nossa época, com abordagem da História Cultural, propagada a partir de 1980. Desta forma, dá visibilidade a sujeitos historicamente calados, silenciados e oprimidos. Caso dos membros das aldeias moçambicanas e das mulheres no processo de invasão espanhola na América.

O quinto texto traz como problemática dois conceitos imprescindíveis para as ciências humanas e que permeiam a literatura, são eles: gênero e raça, discussão importante e atual. Já o sexto texto produz uma reflexão sobre o sincretismo religioso dentro do México, demonstrando rupturas e continuidades entre o politeísmo asteca, o catolicismo espanhol e o resultado da mistura das crenças. E, por fim, nesta mesma linha de raciocínio, o último texto desta obra destaca como fonte histórica a fotografia, a partir do conceito de Pathosformel. Desta forma, a autora analisa como as imagens estão ligadas a concepção Católica e do movimento renascentista europeu e demonstra como são perceptíveis nas fotos de mães imigrantes polonesas do Rio Grande do Sul.

Consideramos que o leitor tem em mãos uma obra para fazer pensar, que o provoca a refletir para além do que está posto, interpretando o seu mundo e o dos outros. Esperamos que a reflexão sobre o tempo, as diversas formas de cultura e memória o levem a compreender melhor o meio e a história. Assim, desejamos uma leitura crítica e atenta.

Boa leitura!

Os(as) organizadores(as)

Nikolas Corrent.

Silvéria A. Ferreira

Anderson Teixeira Renzcherchen.