A presente obra é fruto de uma atividade de extensão universitária desenvolvida na Faculdade de Ciência Exatas e Engenharia da UERJ Campus Zona Oeste, sob o título de Atitudes Sustentáveis nos Quilombos. O projeto surgiu em 2022 quando uma representante do quilombo Dona Bilina, localizado no bairro de Campo Grande, Zona Oeste do município do Rio de Janeiro, trouxe a preocupação com a qualidade da água ingerida no território do referido quilombo. Na ocasião, alguns dos integrantes do projeto fizeram visitas ao local e entrevistas para entender qual era a relação que as pessoas tinham com a água, tanto com o acesso quanto com o despejo, após o uso. De lá pra cá, o projeto se expandiu para os demais quilombos do Estado do Rio de Janeiro, muitas foram as trocas e aprendizados que marcaram essa trajetória. O livro é uma pequena tentativa de sistematizar e preservar aspectos desses encontros.
O primeiro capítulo vem contando os principais marcos históricos e legais sobre a origem dos quilombos no Brasil, apontando que são muito mais do que locais de resistência. Resistir era preciso, mas não apenas na arte do enfretamento. Havia produção cultural, tradição medicinal, cultura religiosa sem perder, no entanto o caráter de luta pelo direito de existir dignamente. O segundo capítulo propõe um paralelo entre o conceito de desenvolvimento sustentável até os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), tendo como pano de fundo as práticas tradicionais das comunidades quilombolas. Já o terceiro capítulo nos desvela a história da Fazenda Real de Santa Cruz e o que aconteceu com aquelas terras após a expulsão dos Jesuítas, inclusive no tocante aos quilombos que por lá se desenvolveram. 
O quarto capítulo aborda o acesso a água de qualidade para as comunidades quilombolas, aspectos técnicos do tratamento de água e, por fim, reflete sobre as garantias e direitos que a população brasileira possui em relação ao acesso à água, questionando se nas comunidades quilombolas este acesso está garantido ou se existe um descompasso entre a previsão legal e a realidade das comunidades. Na mesma perspectiva teórica, o capítulo seguinte analisa o saneamento básico nas comunidades quilombolas, as políticas públicas que norteiam a questão do saneamento e a realidade das comunidades tradicionais. 
O sexto capítulo apresenta um estudo de caso. Trata-se de projeto que implementado no quilombo da Ilha da Marambaia (Mangaratiba/RJ), que tem como objetivo principal o reflorestamento de áreas desmatadas, auxiliando dentre outras coisas a produção de água para a comunidade quilombola. No penúltimo capítulo se discute aspectos metodológicos da coleta de dados em comunidades tradicionais.  Como elaborar um questionário adequado para essas interações?  O capítulo leva em consideração os diversos aspectos inerentes ao um bom resultado de uma ou algumas perguntas onde o objetivo principal é chegar o mais próximo possível da realidade vivida pelo entrevistado. Encerrando a obra, o último capítulo nos brinda com o frescor dos novos olhares sobre o mundo. Dois jovens estudantes que integram o projeto de extensão dividem conosco suas vivências no projeto. De um lado, apontam o desafio que foi para eles estar no campo, em contato direto e repetitivo com as moradores dessas comunidades. De outro lado, ressaltam como essa experiência foi gratificante e o aprendizado adquirido em decorrência das atividades do projeto.