A logística, mais do que um campo técnico, é hoje uma força estratégica que conecta pessoas, mercados e ideias; é o elo invisível que sustenta o funcionamento das cidades, das indústrias e das relações humanas em um mundo globalizado e interdependente. Esta coletânea traduz essa amplitude: da inovação tecnológica à sustentabilidade, da liderança à formação profissional, da logística humanitária à competitividade internacional. Cada texto reflete o compromisso de pesquisadores e profissionais que compreendem a logística como instrumento de desenvolvimento econômico e social.
Os trabalhos reunidos conduzem o leitor por um panorama multifacetado. Mobilidade aérea urbana e vertiportos projetam o futuro da infraestrutura e do transporte inteligente; gestão aeroportuária e portuária evidencia o valor do planejamento integrado e da eficiência operacional nas cadeias de suprimentos; liderança feminina e governança ética ampliam o olhar sobre o fator humano, reconhecendo diversidade e integridade como vetores de desempenho organizacional; e a logística humanitária na pandemia de COVID-19 nos recorda que a essência da área é servir à vida, garantindo que bens, insumos e esperanças cheguem onde são mais necessários. 
Ao lado disso, a logística ESG demonstra como sustentabilidade, responsabilidade social e governança corporativa se tornam diferenciais competitivos e redefinem o próprio conceito de sucesso empresarial.
A esta base já sólida somam-se agora três contribuições que reforçam a centralidade da decisão baseada em evidências, da tecnologia e da sustentabilidade:
1. Modelagem multicritério AHP–COPRAS na gestão da cadeia de suprimentos: ao avaliar riscos de interrupção sob diferentes critérios (probabilidade, impacto financeiro, tempo de recuperação e abrangência), o estudo demonstra como a ciência da decisão fortalece a resiliência das cadeias em contextos de crise econômica. O rigor metodológico se converte em ferramenta prática para gestores que precisam equilibrar eficiência, responsividade e sustentabilidade.
2. Inteligência Artificial no setor público dos BRICS: a análise comparativa das estratégias nacionais de IA ilumina dilemas entre competitividade global e autonomia local, destacando a importância de governança ética, soberania digital e cooperação multiatores (Estado, academia e mercado). Ao articular dados, serviços e infraestrutura, a obra sugere que a logística pública do século XXI é também logística da informação.
3. Eficiência operacional e clima na aviação (RRSM em Guarulhos): a investigação sobre Reduced Runway Separation Minima evidencia como ajustes operacionais podem reduzir consumo de combustível e emissões de CO₂ sem comprometer a segurança, conectando engenharia, gestão do tráfego aéreo e metas climáticas do setor. É um exemplo eloquente de inovação orientada a impacto.
Lidos em conjunto, os capítulos revelam uma logística científica, ética e humana. Não se trata apenas de mover cargas, mas de movimentar saberes, decisões e valores. É nesse entrelaçamento — entre técnica e sentido, entre dados e pessoas — que a área se renova e amplia sua potência formativa. Como educadora e gestora, reconheço aqui uma pedagogia da logística: aprender continuamente com a prática, com a diversidade de contextos e com a responsabilidade de gerar valor econômico, social e ambiental.
Que esta obra inspire gestores, pesquisadores e estudantes a compreenderem a logística como uma ciência de integração — de sistemas, de pessoas e de propósitos — e como um campo fértil para a construção de um futuro mais inteligente, colaborativo e sustentável.

Boa leitura!

Profª.Drª. Mariluci  Alves Martino
Diretora da Fatec Atibaia – SP