Biodiversidade e saúde na Estação Biológica Fiocruz Mata Atlântica: pesquisa, conservação e educação
Publicado em 07 de junho de 2023.
Estratégias de conservação da biodiversidade e de vigilância de zoonoses de origem silvestre precisam ser subsidiadas por conhecimento científico gerado a partir da biota local e de como essa biota interage com humanos, em particular, aqueles que vivem próximos a áreas naturais. Apesar da fauna e flora do estado do Rio de Janeiro estarem entre as mais bem estudadas do país, existem lacunas de conhecimento sobre ocorrência e distribuição de diversos grupos zoológicos. Essas lacunas interferem diretamente no delineamento de esforços para conservação e precisam ser tratadas como prioridade por pesquisadores e gestores da biodiversidade antes que espécies ou estoques genéticos locais sejam extintos ou alcancem números mínimos críticos para a manutenção das populações ou dos serviços ecossistêmicos que esses animais prestam aos humanos. Da mesma forma, há ainda profundas lacunas na compreensão do papel da fauna silvestre na dinâmica de zoonoses no RJ. Em uma das regiões mais populosas e biodiversas do país, onde ser humano e fauna silvestre estão em constante contato, o risco de emergência de zoonoses de origem silvestre é alto e essas lacunas também devem ser tratadas como prioridade por pesquisadores e gestores da saúde pública. Nesse cenário, a Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro é uma região de especial atenção porque concentra importantes remanescentes urbanos de vegetação, com destaque para as florestas da Pedra Branca e Gericinó-Mendanha, ambas adjacentes a áreas densamente povoadas, em geral de forma pouco ordenada e sob condições sanitárias e sociais que afetam a saúde.
Assim, este livro visa cobrir algumas lacunas no conhecimento da biodiversidade e na sua relação com o ser humano na Floresta da Pedra Branca—o maior remanescente de Mata Atlântica no município do Rio de Janeiro e a maior floresta urbana do planeta.
Este livro é fruto do 2º Encontro de Pesquisa da Fiocruz Mata Atlântica, realizado em outubro de 2020. Ele reúne 15 capítulos escritos por 56 autores de sete instituições de Ensino e Pesquisa, são elas: Fundação Oswaldo Cruz, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Universidade Federal de Lavras, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e Universidade de Coimbra, Portugal.
O capítulo 1 introduz a Estação Biológica Fiocruz Mata Atlântica (EFMA)— criada em 2017 para abrigar pesquisas em Biodiversidade e Saúde—e ações de conservação e educação desenvolvidas no território. O capítulo 2 apresenta o projeto parcelas permanentes para estudos de longo prazo na interface entre biodiversidade e saúde, desenvolvido pela Área de Saúde Ambiental do Programa de Desenvolvimento do Campus Fiocruz Mata Atlântica para entender as dinâmicas das populações locais de plantas, animais e microrganismos, esses últimos enquanto potenciais hospedeiros e patógenos, respectivamente. O capítulo 3 traz uma lista da fauna de flebótomos e apresenta as ações integradas de vigilância entomológica e promoção da saúde desenvolvidas pela Fiocruz no território para o enfrentamento das leishmanioses. Os capítulos 4–8 abordam as faunas locais de gastrópodes, serpentes, pequenos mamíferos (marsupiais, morcegos e roedores) e mamíferos de médio e grande porte. Os capítulos 9 e 10 abordam as diversidades de Bartonella e Rickettsias em marsupiais, morcegos, roedores e saguis. Os capítulos 11 e 12 abordam o potencial madeireiro de espécies de árvores exóticas invasoras na EFMA. O capítulo 13 discute simuladores de chuva como ferramenta para pesquisa e ensino em Ecologia. O capítulo 14 discute mudanças nas propriedades químicas e de condutividade hidráulica do solo associadas a diferentes estágios de sucessão ecológica. Por fim, o capítulo 15 apresenta o projeto da trilha interpretativa Fiocruz Mata Atlântica, que recebeu, ao longo dos últimos anos, milhares de alunos e visitantes desde sua implantação, servindo como ferramenta de conscientização ambiental para estudantes.
Os organizadores
Biodiversidade e saúde na Estação Biológica Fiocruz Mata Atlântica: pesquisa, conservação e educação
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DOI: 10.22533/at.ed.216230506
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ISBN: 978-65-258-1421-6
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Palavras-chave: 1. Biodiversidade. 2. Saúde. 3. Pesquisa. I. Moratelli, Ricardo (Organizador). II. Furtado, Marina Carvalho (Organizadora). III. Vanini, Andrea (Organizadora). IV. Título.
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Ano: 2023
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Número de páginas: 376
Artigos
- Estação Biológica Fiocruz Mata Atlântica: Plataforma para pesquisas na interface entre biodiversidade e saúde
- Parcelas permanentes para estudos de longo prazo na Estação Biológica Fiocruz Mata Atlântica
- Fauna flebotomínica (Diptera: Psychodidae) e ações integradas de vigilância entomológica e promoção da saúde para as leishmanioses
- Gastrópodes continentais de floresta e peridomicílio
- A riqueza de serpentes
- COMUNIDADE DE PEQUENOS MAMÍFEROS NÃO VOADORES E SEUS HELMINTOS
- Diversidade de Pequenos Mamíferos
- Riqueza e distribuição de mamíferos de médio e grande porte
- Ocorrência e diversidade de Bartonella em morcegos, roedores, marsupiais e saguis
- Rickettsias lato sensu em quirópteros no Rio de Janeiro: um estudo piloto na Estação Biológica Fiocruz Mata Atlântica
- Potencial madeireiro de espécies exóticas invasoras
- ANÁLISE FLORÍSTICA E ESTRUTURA DA VEGETAÇÃO
- Sem chover no molhado! Simuladores de chuva como ferramenta para pesquisa e ensino em Ecologia
- MUDANÇAS NAS PROPRIEDADES QUÍMICAS E DE CONDUTIVIDADE HIDRÁULICA DO SOLO ASSOCIADAS A DIFERENTES ESTÁGIOS DE SUCESSÃO ECOLÓGICA
- A TRILHA INTERPRETATIVA FIOCRUZ MATA ATLÂNTICA