Ebook - Arquitetura e urbanismo em evolução: tendências e desafiosAtena Editora

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1. Arquitetura. 2. Urbanismo. I. Pereira, Pedro Henrique Máximo (Organizador). I...

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capa do ebook Arquitetura e urbanismo em evolução: tendências e desafios

Arquitetura e urbanismo em evolução: tendências e desafios

Publicado em 17 de fevereiro de 2024.

Confesso que quando recebi a proposta para a organização do livro Arquitetura e urbanismo em evolução: tendências e desafios, da Atena Editora, fiquei bastante inquieto e pensativo. No senso comum a evolução sugere o “melhoramento”, o “desenvolvimento”, o “aprimoramento”, um “andar para frente”, em “linha reta e crescente”. Em síntese, no senso comum a palavra evolução é carregada de sentido positivado. 
A origem desde sentido largamente divulgado e replicado nas e pelas sociedades ocidentais remonta ao positivismo da segunda metade do século 19, que invadiu boa parte do século 20, seja no pensamento filosófico, nas concepções científicas ou nas práticas e discursos políticos. Estipulava-se, neste quase um século, uma compreensão de que a natureza humana e a sociedade eram regidas por leis históricas, cujo quadro era pintado com fortes pinceladas previamente determinadas. Além disso, um cientificismo absoluto seria o caminho a ser trilhado rumo a este horizonte sempre crescente e contínuo.
Ora, chegamos à primeira quarta parte do século 21 e a história não nos permite continuar afirmando que o destino da humanidade é belo, ordeiro, feliz e regido por leis que o determinam. Essa compreensão só retira de homens e mulheres a capacidade moral de julgar seus atos, situações e história. Impede também que estes mesmos homens e mulheres mudem o curso das histórias individual e coletiva, já que, como empreendido no sentido estabelecido por essa vã filosofia, elas estão traçadas, determinadas, e só aguardam o curso do tempo dos acontecimentos para serem escritas e, enfim, registradas. 
Por outro lado, se olharmos para o trato de pesquisadores e cientistas críticos, mesmo os contemporâneos ao período hegemônico do positivismo, reconheceremos o termo evolução no sentido de caminho trilhado, sempre olhado em retrospecto, em boa parte despido de sentido positivado e atento às evidências. Em síntese, para estes cientistas e pesquisadores evolução dizia respeito ao processo histórico e seus condicionantes que nos trouxeram ao estado atual das coisas.
Se observarmos os dois subtítulos deste livro, observaremos a libertação do sentido de evolução estabelecido no senso comum. A palavra tendência não pode ser, em ambiente acadêmico, derivada de modismos frívolos e aquecidos pelos ciclos de produção e reprodução de mercadorias estabelecidos pelo mercado e pelo capital, mas deve ser, sempre, carregada de boa dose de história, com generosas pitadas de crítica. Já a palavra desafios retira o tom determinista da palavra evolução, e devolve a homens e mulheres, a reflexão sobre o estado atual das coisas, como nos posicionar diante delas e quais caminhos são possíveis para enfrentá-los.
O conjunto de seis capítulos que perfazem este livro apresenta uma pequena fração dos desafios e tendências atuais para a Arquitetura e Urbanismo: a implantação e expansão da extensão universitária curricularizada, junto a ela a preocupação com a educação e formação profissional; as preocupações e mitigação dos impactos ambientais no ambiente urbano; a humanização de espaços; a democratização, aprimoramento e aprofundamento das tecnologias digitais aos processos de produção arquitetônica, a pós-ocupação e o patrimônio.

Assim sendo, estimo às leitoras e leitores uma excelente apreciação deste conjunto, que nos ajudará a olhar para o futuro a partir das práticas aqui narradas e a enxergar parte das tendências e desafios impostos pela história à Arquitetura e Urbanismo e a seus profissionais.

Pedro Henrique Máximo Pereira
 

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