Arquitetura e planejamento urbano para um futuro modelado 2
Publicado em 28 de dezembro de 2024.
No primeiro volume de Arquitetura e planejamento urbano para um futuro modelado, mencionei o sociólogo Ulrich Beck e sua obra primorosa Sociedade de risco¹. Neste segundo volume faço o mesmo, porque o caráter dos textos que ora apresento estão mais afinados com seus pressupostos.
Resumindo o que já foi exposto anteriormente, Beck entrou na disputa vigente na década de 1980 entre os teóricos modernos e pós-modernos, ao lado daqueles que defendiam que a modernidade precisava de revisão, mas que seria um engano celebrar sua ruptura ou fim. Afinal, para Beck, assim como para seus parceiros Anthony Giddens, Scott Lash e posteriormente Zygmunt Bauman, a virada do século e do milênio tratava-se da sua afirmação e dominância, não de uma virada histórica.
O centro da argumentação de Beck é que a modernidade amadurecida nos finais do século 20 fornecia instrumentos, conhecimentos e técnicas preditivas e de formulação de hipóteses de futuro capazes de antecipar os riscos societários, ecológicos e tecnológicos. Então, o futuro mítico celebrado pela modernidade ao nascer foi substituído, séculos depois, por um futuro antecipado pelas ciências e suas técnicas.
Este volume apresenta seis capítulos que discutem diferentes possibilidades de intervenção no meio, partindo dos recursos disponíveis e explorando soluções projetuais voltadas à melhoria das condições urbanas, ambientais e sociais. Os textos abordam desde estratégias de mitigação de impactos climáticos na ilha colombiana de San Andrés até a reconversão de estruturas inacabadas e inutilizadas nas cidades para fins habitacionais, como no caso da ocupação Harry Dannenberg. Na sequência, incluem estudos que tratam da utilização de técnicas de modelagem da natureza, a partir de seus próprios insumos, para a oferta de serviços sanitários em pequenos municípios da Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte, bem como a elaboração de projetos de helipontos, utilizando metodologias que transitam entre a engenharia e a arquitetura. A coletânea também integra reflexões sobre ergonomia cognitiva e conforto no ambiente de trabalho, apresentadas a partir da análise realizada na unidade de Perícia Oficial e Identificação Técnica do MT – Sinop, destacando como fatores ambientais influenciam o desempenho e o bem-estar ocupacional. Além disso, evidencia a relevância da documentação e da valorização da arquitetura vernácula como estratégia pedagógica, ressaltando o papel do patrimônio construído na formação crítica e na qualificação das práticas projetuais.
Assim sendo, estimo às leitoras e leitores uma excelente apreciação.
Pedro Henrique Máximo Pereira
¹ BECK, Ulrich. Sociedade de risco: rumo a uma outra modernidade. São Paulo: Editora 34, 2011.
Arquitetura e planejamento urbano para um futuro modelado 2
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DOI: https://doi.org/10.22533/at.ed.800242712
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ISBN: 978-65-258-3180-0
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Palavras-chave: 1. Arquitetura. I. Pereira, Pedro Henrique Máximo (Organizador). II. Título.
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Ano: 2024
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Número de páginas: 110
- Alexandre Magno de Campos Dutra
- Ana Carolina Su Turhan
- Carlos Andrés Hernández Arriagada
- Cilene Gomes
- Di Xu
- Douglas Santos Vieira
- Edgar Eduardo Roa Castillo
- Giovana Letícia Hernández Arriagada
- José Moacir de Sousa Vieira
- Juliana Prestes Ribeiro de Faria
- Luana Braz Villanova
- Mário Valério Filho
- Mauricio Henrique dos Santos Lopes
- Paulo Roberto Corrêa
- Renan Leite Galindo da Silva
- Rodolfo Moreda Mendes
- Wagner Amodeu
Artigos
- Reabilitação de estruturas inacabadas: Estudo de caso da Ocupação Harry Dannemberg
- INFRAESTRUTURA HELIPORTUÁRIA BRASILEIRA - Visão Geral para a Concepção de Projetos de Arquitetura e Engenharia
- Pequenas Cidades da Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte Paulista: Contribuições das Soluções Baseadas na Natureza e Desafios para a Universalização dos Serviços de Esgotamento Sanitário
- ESTRATEGIAS DE CONTENCIÓN DE IMPACTOS CLIMATOLÓGICOS EN LA ISLA DE SAN ANDRÉS EN EL CARIBE COLOMBIANO
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