Turismo, Sociedade e Ambiente
O desenvolvimento do turismo nos últimos anos confirma as potencialidades desta atividade econômica e social, porém, o entendimento do turismo apenas como atividade econômica reduz seu espectro de análise. Entender o turismo de modo holístico se faz preeminente. Para tanto, esta obra congrega artigos de diversas nacionalidades (Brasil, Portugal e Equador), analisando além destes países, Cuba. Ainda que as práticas turísticas concentrem-se geograficamente, buscamos ampliar nossos horizontes.
Constantemente desponta a necessidade dos estudos sobre o turismo, visto que com o passar do tempo se amplia os assuntos abarcados pelo fenômeno. Foi a partir da década de 1950 que o turismo teve estudos científicos mais expressivos, no início as pesquisas eram fragmentadas, dispersas e de objetos bastante variados; atualmente consolidada como uma área acadêmica, os diálogos no turismo predominam o campo social e ambiental.
A transversalidade do turismo possibilita que a atividade esteja presente nos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) estabelecido pelas Nações Unidas (ONU). As contribuições enfatizam novas maneiras alternativas de fazer turismo, estas mudanças têm sido implementadas no setor, desenvolvendo principalmente os temas ambientais e comunitários.
O turismo em massa se apresentou como um modelo útil para o capitalismo, porém, prejudicial para as gestões públicas e para sociedade receptora, fazendo o overtourism figurar na mídia e nos estudos acadêmicos. Pesquisadores apontavam para o despertar do movimento slow travel, uma nova filosofia do turismo, com este movimento, desenvolve-se o ecoturismo, turismo de base comunitária, local e/ou regional.
Os artigos selecionados para compor este volume, apresentam perspectivas múltiplas sobre o turismo. De certo modo, esta obra agrupa os estudos em quatro blocos; o primeiro é composto por dois ensaios teóricos; o segundo concentra cinco artigos em torno da temática de desenvolvimento sustentável, das influências dos residentes e dos turistas no fenômeno; o segundo bloco, comporto por três artigos aborda a temática dos eventos; enquanto, as novas tendências do turismo contemporâneo compõem o último bloco, percorrendo a temática do patrimônio cultural, do turismo infantil, pedagógico e do dark tourism. Em face o período pandêmico no qual se elaborou esta obra, não poderíamos deixar de se abordar os reflexos derivados da COVID-19. Ou seja, as questões ressaltadas aqui são deveras significativas para o turismo.
No Capítulo 1, Pedro de Carvalho elabora uma revisão de literatura sobre os relacionamentos das organizações turísticas com o espaço, o estudo afirma que as networks estabelecidas entre os stakeholders influenciam ações em destinos turísticos vizinhos. No Capítulo 2, Flaviano Fonsêca apresenta como o método hermenêutico, derivado da Filosofia pode contribuir para fundamentar as pesquisas em turismo.
No Capítulo 3 – já no segundo bloco – Nuno Carvalho reflete sobre a importância da conservação e valorização dos patrimônios de territórios portugueses; no Capítulo 4, Hélio Gama apresenta o transcorrer da política pública em Cuba, apresentando a revisão de indicadores e a conjuntura geopolítica; o Capítulo 5 de autoria de Teresa Catramby e Deborah Moraes Zouain une lazer e hospitalidade urbana, na análise desenvolvida na Baixada Verde (região fluminense), apontando a necessidade da participação comunitária no planejamento do turismo; Diana Azevedo, Bruno Souza e Rossana Santos são os autores do Capítulo 6, eles analisam o comportamento dos turistas portugueses ao retornar ao país para visitar amigos e familiares; Maria Jesus, Igor Santos, Aline Santos e Larissa Lino, apresentam no Capítulo 7 o perfil do turista que visita os Cânions de Xingó, em Sergipe.
O terceiro bloco de análises contempla o setor de eventos, importante por contribuir na geração benefícios econômicos, sociais e culturais nas sociedades anfitriãs. Karla Siqueira apresenta no Capítulo 8, a maior festa brasileira: o carnaval; a autora analisa as narrativas identitárias, místicas e utópicas presentes em sambas-enredo. William Silva, autor do Capítulo 9, analisa os possíveis legados deixados pela Olímpiadas Rio 2016, para tanto, o autor aborda os desafios da sustentabilidade e integração da comunidade no espaço. No Capítulo 10, Thalissa Matos busca identificar os impactos do fim da realização de um determinado evento em um pequeno município paulista.
As análises mais diversificadas e contemporâneas estão presentes no quarto bloco. O Capítulo 11, vincula o turismo infantil e o centro histórico de Guayaquil (Equador), neste estudo César Moncayo, apresenta propostas de uso do espaço público e patrimonial. Antonio Silva, Deolinda Pereira e Tânia Souza, autores do Capítulo 12 abordam as potencialidades do turismo educacional, propondo que as atividades pedagógicas extraclasse sejam integradas à atividade turística. No Capítulo 13, Vitor Honorato e Guilherme Souza abordam o astroturismo, para contemplação do céu noturno se faz necessário a ausência da poluição luminosa, esta potencialidade é apresenta pelos autores. Para encerrar a obra, Mary Sanchez e Bruno Souza apresentam o dark tourism no Capítulo 14, nicho de mercado onde a motivação do turista se dá pela morte e os locais associados a ela.
O resultado é um volume diversificado, originado de pesquisas desenvolvidas no Brasil, em Cuba, em Portugal e no Equador. A adoção da língua original (português de Portugal e espanhol) ocorreu por ser de fácil interpretação, bem como para preservar as expressões dos autores.
Agradeço ao Prof. Dr. Marcelo Chemin, autor da fotografia da capa, que retrata o interesse de turistas pelo free walking tour ofertado em Granada, na Espanha (dez/2019), o olhar apurado do fotógrafo reflete com esmero as temáticas dos textos aqui apresentados. Em especial, estendo este agradecimento aos autores, às agências de fomento e também a vocês leitores, estudantes e pesquisadores que buscam nesta obra conhecimentos que certamente contribuirão para interpretar o turismo sob uma nova ótica.
Christopher Smith Bignardi Neves
Turismo, Sociedade e Ambiente
-
DOI: 10.22533/at.ed.553200412
-
ISBN: 978-65-5706-655-3
-
Palavras-chave: 1. Turismo. I. Neves, Christopher Smith Bignardi (Organizador). II. Título.
-
Ano: 2020
- Aline Andrade Santos
- antonio nunes silva
- Bruno Barbosa Sousa
- CESAR SANTANA MONCAYO
- Deborah Moraes Zouain
- Deolinda Pickler Pereira
- Diana Azevedo
- Flaviano Oliveira Fonsêca
- Guilherme Henrique Barros de Souza
- Hélio Fernando Lôbo Nogueira da Gama
- Igor Augusto dos Santos
- KARLA FATIMA BARROSO DE SIQUEIRA
- Larissa Menezes Lino
- Maria Janicleia Fernandes de Jesus
- Mary Bell Sánchez
- Nuno Manuel dos Santos Carvalho
- Pedro Miguel Fonseca Moreira de Carvalho
- Rossana Santos
- Tânia Cristina de Souza
- Teresa Catramby
- Thalissa Cristina Mescyszyu de Matos
- Vitor Barbato Honorato
Artigos
- O Destino Turístico – Um Território como uma Rede de Relacionamentos
- TURISMO EDUCACIONAL: FERRAMENTA DE ENSINO E APRENDIZAGEM.
- Segmentação e motivações para o turismo Visit Friends and Relatives: desafios em contextos de pandemia
- TURISMO, SUSTENTABILIDADE ECONÔMICA E APARTAÇÃO SOCIAL EM CUBA
- O dark tourism e a perspetiva cultural no marketing dos tempos modernos
- CENTROS HISTÓRICOS E PASSEIOS: PROPOSTA DE PASSEIOS CULTURAIS PARA CRIANÇAS EM GUAYAQUIL, EQUADOR
- PERFIL DO TURISTA QUE VISITA O ATRATIVO CÂNIONS DE XINGÓ, EM CANINDÉ DE SÃO FRANCISCO-SE
- Diagnóstico da Poluição Luminosa de Rosana, São Paulo: O caso da Pista de Cooper
- A PESQUISA EM TURISMO NA PERSPECTIVA DO MÉTODO HERMENÊUTICO
- TURISMO E RECURSOS ENDÓGENOS COMO CATALIZADORES DO DESENVOLVIMENTO LOCAL SUSTENTÁVEL NOS TERRITÓRIOS DE BAIXA DENSIDADE POPULACIONAL
- PARA TUDO SE ACABAR NA QUARTA-FEIRA?
- Festa das Nações de Pariquera-Açu - O impacto da ausência do evento sobre o comércio
- O LAZER COMO ESTRATÉGIA PARA O DESENVOLVIMENTO REGIONAL PÓS PANDEMIA NA REGIÃO TURÍSTICA BAIXADA VERDE/RJ