Relações internacionais – Estudos epistemológicos e didáticos
Publicado em 25 de maio de 2023.
A partir de tais premissas, o professor de relações internacionais deve
ser um profissional bem informado, assim como um pesquisador diligente,
democrático, sem, contudo, descurar da disciplina, ao mesmo tempo deve ser
crítico e participativo, orientador e não instrutor. Deve possuir sólida formação em
metodologia cientifica, visto que, antes de tudo, revestido da condição de cientista
e pesquisador, não deve prescindir de sólida formação didático-pedagógica,
considerando que, a par de dispor do conhecimento específico na matéria
lecionada, deve conhecer a metodologia de ensino para maior eficácia na ação
funcional. Necessita imbuir-se de uma visão holística e não compartimentada
do fenômeno científico; precisa de sólida formação em Filosofia e Sociologia,
dominando completamente uma das abordagens pela qual se pode analisar a
sociedade internacional, como por exemplo, o Direito Internacional, a Economia
Internacional, a Política Internacional, ademais o Comércio Exterior.
Halliday (1999), discorrendo sobre as influência formativas, analisa que,
mesmo que cada um possua sua agenda como área de estudo na universidade,
é preciso não se deixar levar pelo modismo do momento e/ou pelas pressões
do poder, para que visualize, imparcialmente, seu objeto de estudo. Tendo
como dever, usar sua essência e métodos como modo de acentuar e treinar
a mente dos educandos e seu próprio conjunto permanente de preocupações
disciplinares.
Há evidência de que nas relações internacionais estas preocupações
disciplinares possuem dois pontos divergentes, ou seja, um acentuadamente
analítico referente à representação do Estado nas relações internacionais,
à problemática da ordem na ausência de uma autoridade suprema, ao
relacionamento entre o poder e a segurança, à interação da economia com a
força militar, as causas do conflito e às bases da cooperação. E outro denominado
normativo, relacionado à questão da força e quando e como seria legítimo usála,
às obrigações devidas ou não ao nosso Estado, ao lugar da moralidade nas
relações internacionais e aos erros e acertos da intervenção. (HALLIDAY, 1999,
P. 18).
Analisando agora suas semelhanças, o pensador aludido assevera que
as relações internacionais são igualmente localizadas em uma outra esfera,
ou seja, a do mundo “real”, ou a do mundo “não-reflexivo”, destacando-se
os sentimentos que se referem à nacionalidade e às forças de identificação,
relacionadas à conhecida e quase universal incidência de teorias de conspiração
e suspeitas sobre “estrangeiros”, o desconhecimento, até mesmo por parte dos
mais instruídos sobre outros países e a facilidade com que as paixões públicas
são provocadas pelo papel enganoso do estrangeiro, do “outro”.
Para Halliday (1999), os estudantes de relações internacionais são os
mais propensos a se depararem com as maiores incompreensões e ignorâncias
e os que irão se envolver em mais depuração conceitual, ética e factual de
todos os estudantes de ciências sociais, no âmbito das instituições de educação
superior.
Não obstante, outras preocupações que contornam a relação do estudo
acadêmico das relações internacionais com o mundo de fora. A mais nítida
consiste em que, por via de regra, as pessoas sentem que o internacional,
entrementes em que abrange grande importância, constitui-se também ameaça,
precisamente militar, sendo ainda uma arena onde grandes benefícios e perdas
econômicas estão em jogo.
Neste sentido, o estudo acadêmico das relações internacionais iniciou
a partir da tentativa de inquirir as causas da maior de todas as tragédias, a
guerra, e elaborar meios para diminuir sua futura incidência. Partindo deste
ponto, o curso de graduação em relações internacionais encetou a abranger
uma agenda mais ampla, particularmente econômica. Destarte, consoante se
verificam mutações no orbe terrestre, da mesma forma se alteram as questões
colocadas para o estudo acadêmico do internacional.
[...] o escolho reside na própria pressão das questões
internacionais, e a demanda para sua análise e comentário pode
agir como estímulo e controle do pensamento, além de servir
como desvio, porquanto, em resultado, ademais da curiosidade
com relação ao mundo, o trabalho universitário se molda pelo que
os financiadores policy makers leem no jornal. (HALLIDAY, 1999,
p. 19).
Destarte, Halliday (1999) exalça que, fixar a agenda acadêmica das
relações internacionais, com fulcro em tais preocupações é, contudo, arriscado.
Devido à possibilidade de perda de independência e perspectiva histórica e
conceitual.
Continua o citado pensador explanando que, no entanto, nas relações
internacionais, a pressão é maior devido a sua invisibilidade teórica, ou seja,
fator adicional e menos evidente. Exceto para os que têm como profissão o ato
de ensinar e estudar em uma universidade, o assunto não tem uma definição,
além do sábio comentário acerca das notícias de ontem ou a breve aparição da
história internacional comparada e atual.
Prof. Dr. Adelcio Machado dos Santos
REFERÊNCIAS
HALLIDAY, F. Repensando as relações internacionais. Porto Alegre: UFRGS, 1999
Relações internacionais – Estudos epistemológicos e didáticos
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DOI: 10.22533/at.ed.854232405
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ISBN: 978-65-258-1285-4
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Palavras-chave: 1. Relações internacionais. I. Santos, Adelcio Machado dos (Organizador). II. Título.
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Ano: 2023
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Número de páginas: 93
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