Publicado em 10 de março de 2024.

A coleção "Microbiologia Avançada: Perspectivas Atuais e Futuras" é uma obra focada na exposição de pesquisas e debates contemporâneos na área da microbiologia, especialmente no enfrentamento das infecções. O livro aborda diversos tópicos relevantes, incluindo as Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS), como as infecções bacterianas e fúngicas.
O capítulo inicial desta notável coleção mergulha profundamente na questão mais premente da microbiologia contemporânea: a resistência microbiana. Os autores traçam uma linha do tempo concisa, delineando desde os primórdios da microbiologia até a descoberta revolucionária dos antibióticos, destacando seu impacto inicialmente positivo. Contudo, o foco rapidamente se desloca para o desafio atual e premente da resistência microbiana. Este fenômeno alarmante não se restringe apenas ao reino das bactérias, mas se estende também aos fungos, ampliando ainda mais a complexidade do problema. O capítulo oferece uma análise abrangente e perspicaz, lançando luz sobre as ramificações e implicações dessa ameaça global à saúde pública.
O segundo capítulo, por sua vez, explorou genomas de metagenomas da Amazônia (Brasil) em busca de novas proteases e peptidases. Foram identificadas 23 potenciais enzimas, incluindo uma protease semelhante à Peptidase S1. Destaca-se uma com 60% de similaridade com enzimas conhecidas. Este trabalho ressalta a Amazônia como fonte promissora de enzimas para aplicações biotecnológicas, incentivando pesquisa adicional.
O terceiro trabalho evidencia a reemergência da levedura Candida auris, a qual apresenta alto potencial de disseminação e multirresistência. Os autores destacam que essa levedura está associada a infecções nosocomiais invasivas e alta taxa de mortalidade. Associado a isto, o uso indiscriminado de antifúngicos pode aumentar sua prevalência.
Por fim, o último trabalho desta coletânea destaca e define as Infecções Relacionadas à Saúde (IRAS) como sendo manifestações clínicas ocorridas até 72 horas antes ou após a admissão hospitalar, frequentemente associadas a procedimentos médicos. Os autores destacam que as IRAS representam uma das principais causas de mortalidade hospitalar, especialmente em UTIs. Fatores de risco incluem tempo de internação, procedimentos invasivos e imunocomprometimento. Exames como hemograma e proteína C reativa são cruciais na avaliação, enquanto parâmetros imuno-hematológicos como a relação neutrófilos/linfócitos auxiliam na avaliação inflamatória. Monitoramento precoce e identificação de microrganismos e perfil de resistência são essenciais para intervenções oportunas e eficazes, melhorando a qualidade do cuidado clínico.

José Weverton Almeida-Bezerra 
Henrique Douglas Melo Coutinho