Publicado em 02 de janeiro de 2024.

O volume Vozes literárias: uma jornada pelos clássicos e contemporâneos, apesar de breve, apresenta estudos que, organizados cronologicamente segundo seu corpus, de fato correspondem ao título. Desse modo, vamos do clássico ao contemporâneo, do Realismo ao Cordel de autoria feminina e de representação feminina e, nesse sentido, os quatro estudos que compõem esse e-book formam um caminhar dançante entre o século XIX e o XXI.
Assim, temos, como corpus, o conto do escritor realista brasileiro Machado de Assis “A cartomante”, do século XIX; o romance Ulysses, de James Joyce, do século XX; o primeiro poema de Chuva Oblíqua, do modernista português Fernando Pessoa (ortônimo), do século XX; a pintura Sonho causado pelo voo de uma abelha ao redor de uma romã um segundo antes de acordar, do pintor surrealista espanhol Salvador Dalí, também do século XX e, por fim, o Cordel brasileiro nordestino de autoria masculina e feminina que apresenta a representação da mulher, do século XX e XXI.
Ainda, cabe elencar a pluralidade teórica que coteja os objetos de estudo elencados. Quanto ao conto machadiano, temos os aspectos da literatura fantástica. Já o romance de Joyce é verificado sob a ótica da leitura fragmentária. O poema de Pessoa e a pintura de Dalí são investigados em conjunto, norteados pela abordagem intertextual e pela noção de suprarrealidade surrealista proposta por André Breton. Por fim, o Cordel é cotejado segundo uma perspectiva social, política e histórica, principalmente, tendo, portanto, uma investigação bastante abrangente.
Portanto, os quatro estudos que constituem o livro digital são capazes de enriquecer o horizonte de pesquisadores em diversos estágios acadêmicos, em especial aqueles que podem neles se inspirar e encontrar pontos de partida para tecer outros estudos, por meio de insights gerados pela leitura crítica do e-book em pauta. O título do livro, que é encabeçado pelo termo “vozes literárias”, utiliza delas para gritar, cronologicamente, a favor do fazer artístico, da arte pela arte e da arte pela História, pela política e pela vida, uma vez que não há arte sem vida, mas não pode haver – não deve haver – vida sem arte.

GABRIELA CRISTINA BORBOREMA BOZZO