Ebook - Tecnologias educacionais: aplicações e possibilidades - volume 3Atena Editora

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1. Tecnologia educacional. I. Souza, Henderson Tavares de (Organizador). II. Mar...

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capa do ebook Tecnologias educacionais: aplicações e possibilidades - volume 3

Tecnologias educacionais: aplicações e possibilidades - volume 3

Publicado em 07 de setembro e 2024.


Daquelas surpresas empolgantes e engajadoras, foi um pouco do que se passou comigo depois de ler o livro Tecnologias Educacionais: Aplicações e Possibilidades organizado pelos professores Henderson, Luciana, Estéfano
e Émerson. Fruto de desdobramentos de pesquisas e atividades de extensão, os textos abordam temas que passam pela intencionalidade pedagógica na utilização da tecnologia, a aplicação de ferramentas digitais no chão de sala de aula, a engenhosidade e acolhimento com que educadores se dedicam aos estudantes, entre outros.
Se insere também no debate das inovações híbridas que abarcam também o universo da Educação e traz algumas visões aplicadas e práticas sobre o tema dentro de projetos e iniciativas realizadas em instituições de ensino reais.
Debate que frequentemente parte dos escritos de Christensen1 com base no que ele indicou como formas de identificação do que seriam os quatro atributos para encontrar uma inovação híbrida, que resumimos e adaptamos aqui como: incluir tecnologias existentes e novas; oferecer um uso possível da tecnologia ao invés de não utilizar nenhum artefato (ferramentas, materiais, hardware ou software, etc); procura se colocar no lugar de tecnologias anteriores; a utilização tende a ser mais acessível e descomplicado do que inovações mais profundas (disruptivas)2.
Em maior ou menor grau, todos os trabalhos aqui apresentados se enquadram como inovações híbridas de Christensen3, com exceção da última, que trata da facilidade de uso. Pois nem sempre, na área educacional, criar e
implementar algo, não significa menos tempo de dedicação e empenho.
Ao contrário disso, o fazer docente que se envolveu neste livro, imprimiu em cada frase o seu fazer pedagógico, em seus ambientes de trabalho educacional contextualizado. Em síntese, dados e autorias originados de forma
“orgânica” do meio pedagógico!
Estudos da área educacional como o trabalho de Moran4, trazem algumas características do Ensino Híbrido como um modelo “[...] misturado, com foco em valores, competências amplas, projeto de vidas, metodologias ativas, personalização e colaboração com tecnologias digitais.” (p. 43). Essa conceituação aponta para uma série de propósitos e possibilidades sobre o Ensino Híbrido, aplicáveis a níveis, formatos e modalidades diferentes de Educação e que em diversos momentos emerge nos capítulos da presente obra.
Um dos pontos altos e, o que mais me despertou a atenção no livro, foi constatar que a chama de resistência de educadores progressistas está ainda mais incandescente. Pois com suas práticas, iluminam novas frentes pedagógicas, ao passo em que guiam e reforçam que quando o assunto é a tecnologia para o ensino, quem comanda é o ser humano!
E, para além da leitura técnica científica que você leitor vai encontrar, com a devida dedicação aos textos, irá se deparar com algumas sensações. Como os já comuns deslumbramento e medo, recorrente em nós quando nos defrontamos com aplicações sérias e substâncias da tecnologia.
Algo que remete ao documentário Serras da Desordem5 e o personagem Carapiru, retratado em uma odisséia como sendo um dos últimos membros do povo originário awá-guajá (Tupi arcaico). Entre as diversas habilidades de Carapiru está a de produzir e manter o fogo a salvo. Conhecimento ancestral que herdou e viu ameaçado por um artefato moderno, no momento de peregrinação junto a indigenistas que conduziam ele do meio da mata para acampamentos intermediários, na tentativa colonialista de “salvá-lo” como um dos últimos falantes de sua língua o awá-guajá6. Em determinada parte dessa trajetória, o grupo de pessoas parou para pernoitar e, um dos indigenistas, com um isqueiro,
ateou fogo em alguns gravetos. Carapiru, ao ver aquele objeto pequeno com uma base com gás, roldana de metal e pedra na ponta sendo pressionado e emitindo faísca e fogo, se põe em reflexão profunda.
Naquele momento, nos pensamentos de Carapiru talvez estivesse questionando seus próprios conhecimentos, a quantidade de zelo e dedicação para produzir e manter o fogo como ele fez e, antes dele, seus ancestrais? Impossível saber o que se passava na cabeça dele.7
Preservados os diferentes contextos, culturas, momentos históricos e fazendo um inferência reflexiva, em comum entre a mudança abrupta vivida por Carapiru e a realidade que vivemos, em muitas de nossas instituições de
Educação, está a premência da tecnologia.
Se por um lado as tecnologias trazem um ar de modernidade e de abertura para sintonia jovem e geracional de uma sociedade que vive permeada por telas, algoritmos e inovações. Uma escola sem muros simultaneamente recriando e propondo alternativas viáveis, ainda que com limitações e impedimentos, mas que todavia já beneficia processos de ensino e aprendizagem.

Por outro, muitas vezes, não só dentro do meio educacional, as tecnologias acabam rotuladas como parte de um produto didático, algo enlatado, frio e de aplicação apenas por alguns poucos que podem manipulala ou, mais critico, levam alguma vantagem com seu uso. Questões importantíssimas e válidas! Que, a esta altura, já tem como respostas um acervo de quase 70 anos de pesquisas e debates in loco educacional. Alô Papert e Paulo Freire!
Em suma, neste livro você vai encontrar seletas reflexões acerca da Tecnologia e Educação com foco no Ensino Híbrido, que superam a dicotomia dos prós e contras e entram no mérito das questões de necessidade. Os trabalhos aqui apresentados, são uma resposta prática e científica a situações vividas por nós como o isolamento social, personalização do ensino, inovação pedagógica, entre outros.
Tais pesquisas perpassam assuntos como: Metodologias ativas e aprendizagem em times aplicadas ao 5° Ano; Um estudo sobre a lei 14.533/2023 que trata da Política Nacional de Educação Digital; A Inteligência Artificial na Educação Básica com os desafios e as possibilidades que vivenciamos na era digital; Desafios do Ensino Híbrido junto a estudantes de Letras e Pedagogia do Ensino Superior, além do Ensino Médio Técnico de Informática; Ensinar Ciência utilizando softwares em curso de Ensino Técnico Médio de Contabilidade; Humanidades e Ecologia como metodologia de cotação por estações; Um tribunal simulado de julgamento na Ciências da Natureza e suas Tecnologias no Ensino Médio com metodologias ativas; Debate e estudo sobre a cultura da Paz e as tecnologias digitais em ambientes educacionais; Inovação aplicada ao ensino na modalidade EAD; O mundo virtual e o Ensino Integral; Ensino de
Física e tecnologias digitais na Escola Básica; Aprofundar o conhecimento da comunidade escola por meio de questionário digital; A questões de adaptação do ensino de Técnica de Desenho e Pintura para aulas remotas; As tecnologias digitais e os desafios humanos, além do estudo sobre as Conexões e troca de Produções Textuais com o uso de recursos tecnológicos.

Passemos a conviver (não sem questionar!), avaliar, realizar críticas, para as iniciativas, projetos e intervenções que aplicam a tecnologia em sua rotina educacional e impactam positivamente a vida de pessoas e suas realidades.

Jean Rafael Tomceac
Profissional e Pesquisador de Educação e Tecnologias: Professor da Trilha de Tecnologia e Gestor de Pesquisa e Iniciação da Faculdade SEBRAE, onde ministra disciplinas como Letramento Digital e Programação Criativa, Desenvolvimento de Apps e Sites e Tópicos Avançados de Tecnologia. Atua em projetos de Currículo e formação de professores para Educação Básica e Ensino Superior envolvendo temas como lúdico digital, tecnologia educacional, Inteligência Artificial, entre outros…



1 CHRISTENSEN, C, HORN, M, STAKER, H. Ensino Híbrido: uma Inovação Disruptiva?. Uma introdução
à teoria dos híbridos. Maio de 2013. Disponível em http://porvir.org/wp-content/uploads/2014/08/PT_Is-K-
-12-blendedlearning-disruptive-Final.pdf. Consultado em: 10/07/2024.
2 Vale ressaltar que essas definições foram construídas e descritas a partir de análises e estudos corporativos
de mercados, empresas, clientes, entre outras fontes de dados. Dos quais, se desdobraram
no desenvolvimento de obras que impactaram e são influência seminal para uma série de outras áreas,
incluindo a Educação.
3 Ibid.
4 MORAN, J. M. Educação Híbrida: um conceito-chave para a educação, hoje. In: BACICH, L.; TANZI
NETO, A.; TREVISANI, F. M. (Org.). Ensino Híbrido: personalização e tecnologia na educação. Porto
Alegre: Penso, 2015. p.27-45.

5 Direção de Andréa Toniacci, 2h 15min, Documentário.
6 CAETANO, Daniel (org.) Serras da Desordem. Rio de Janeiro: Beco do Azougue Editorial, 2008.
7 Fato é que Carapiru foi trazido para um acampamento fixo sendo reintegrado a outra tribo. Onde pode
ser acolhido com cuidados e pessoas que entendessem sua língua. Inclusive recebeu a visita de um intérprete
jovem enviado pela FUNAI, que não só reconheceu a língua awá-guajá, como algo mais! Carapiru
estava diante de seu filho, Txiramukum do qual foi separado mais de trinta anos antes.

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Tecnologias educacionais: aplicações e possibilidades - volume 3

  • DOI: https://doi.org/10.22533/at.ed.544240509

  • ISBN: 978-65-258-2754-4

  • Palavras-chave: 1. Tecnologia educacional. I. Souza, Henderson Tavares de (Organizador). II. Marques, Luciana Maria Estevam (Organizadora). III. Veraszto, Estéfano Vizconde (Organizador). IV. Título.

  • Ano: 2024

  • Número de páginas: 187

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