História política: Cultura, trabalho e narrativas 2
Publicado em 27 de março de 2023.
A presente obra “História Política: Cultura, trabalho e narrativas” em seu segundo volume traz uma estreita relação polissêmica com o conceito de cultura. As características humanas estabelecem diferenças que não estão apenas nos graus diversos de inteligência, mas na maneira como somos capazes de transformar a natureza em cultura. A cultura torna-se possível, estabelece diferenças na igualdade, graças à nossa capacidade de simbolizar. As culturas são múltiplas, dada a infinita possibilidade humana de simbolizar. Variam as formas de pensar, de agir, de valorar. São diferentes as expressões artísticas e os modos de interpretação do mundo. A ação cultural, por ser coletiva, é exercida como tarefa social, como trabalho.
O ser humano se faz pelo trabalho, porque, ao mesmo tempo que produz coisas, torna-se humano, constrói a própria subjetividade. Ao se relacionar com os demais, aprende a enfrentar conflitos e a exigir de si mesmo a superação de dificuldades. Ao passar por esse processo, ninguém permanece o mesmo, porque o trabalho modifica e enriquece a percepção do mundo e de si próprio. Porém, o trabalho desperta sentimentos contrastantes entre o prazer e a obrigação.
Tão polissêmico quanto o conceito de cultura é a definição do termo política. Quando usamos a expressão “política editorial”, “política da igreja”, “política do museu”, por exemplo, tem-se em vista regras internas de convivência, estrutura de poder e hierarquização. Na dinâmica da sociedade, da história, é possível verificar que a definição, o sentido social do termo adquire contornos diferentes, conforme cada contexto temporal e espacial, obedecendo às especificidades de cada época e sociedade, bem como variam as expectativas a respeito da atitude do agente político. Bem, múltiplos são os caminhos, se quisermos estabelecer a relação entre política poder, história, cultura, trabalho, narrativa, etc. É preciso delimitar as áreas de discussão.
Dessa forma, no primeiro capítulo “FLORESTAN FERNADES E A ASSEMBLEIA NACIONAL CONSTITUINTE (1986-1988): DA LUTA PELA DEMOCRACIA À DEFESA DA ESCOLA PÚBLICA”, o pesquisador da Universidade Federal de Jataí (UFJ), Fernando Silva dos Santos, analisa a contribuição de Florestan Fernandes para os debates sobre a defesa da escola pública e o destino dos recursos públicos para a educação durante a Assembleia Nacional Constituinte (ANC). Segundo Fernando, a participação de Florestan como constituinte colocou o intelectual e militante frente a frente com a realidade do espaço parlamentar e seus debates ideopolíticos.
O artigo tem como base analítica relatórios das sessões ordinárias que são parte dos “Diários da Constituinte”, material compilado pela Secretaria Especial de Editoração e Publicações do Senado Federal em 2008, ano em que se comemorou 20 anos da promulgação do texto constitucional. No segundo capítulo “AS INFLUÊNCIAS INTERNACIONAIS NO ENSINO DE DESENHO A PARTIR DO PARECER DE RUI BARBOSA”, os pesquisadores do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN) Bruno Rogério do Nascimento Silva e Juan Carlo da Cruz Silva tem como proposta, a partir dos escritos de Rui Barbosa, analisar como as influências internacionais contribuíram na fundamentação do ensino de Desenho no Brasil, identificando quais foram essas influências e como contribuíram para a construção do currículo de Desenho no Brasil.
Já no artigo “DZI CROQUETTES: CORPOS, SONORIDADES E EXPERIMENTAÇÕES NO BRASIL DOS ANOS 1970”, Kátia Rodrigues Paranhos, pesquisadora da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), se propõe a examinar a trajetória dos Dzi Croquettes e o momento vivido no Brasil. O seu foco de pesquisa está na maneira e na utilização do discurso musical que afetava o espectador pela sonoridade, capacidade de sugerir imagens e de inventar espaços e lugares ao criar figurações cênico-dramáticas.
. O pesquisador Maurício André Maschke Pinheiro, Universidade Federal de Pelotas, com o artigo “MUSEU GRUPPELLI: UM ESTUDO SOBRE PATRIMÔNIO RURAL NA COLÔNIA DE PELOTAS/RS”, estudo de caso a localidade do Gruppelli, zona rural de Pelotas/RS, objetiva identificar o que se pode considerar patrimônio rural na região. O estudo se deu a partir de entrevistas com as pessoas divididas em três dimensões: público que visita a localidade, fundadores do Museu Gruppelli e Academia.
Por fim, no sétimo e último capítulo, “MIGRAÇÃO, PATRIMÔNIO CULTURAL E MULTICULTURALISMO: A PRODUÇÃO ARTÍSTICA EM TORNO DO PADRE CÍCERO ROMÃO BATISTA” do pesquisador da Universidade Estadual do Ceará, Assis Daniel Gomes, analisa a arte sacra feita sobre Padre Cícero Romão Batista e como a mesma está permeada pela pluralidade cultural e étnica vinda das migrações que formaram o município de Juazeiro do Norte. .
Bem, esperamos que as leituras destes capítulos possam ampliar seus conhecimentos e instigar novas reflexões, e, que essa produção, com seus objetos e objetivos, seja também um objeto a ser estudado, analisado e criticado.
Boa leitura e reflexões!
João Henrique Lúcio de Souza
História política: Cultura, trabalho e narrativas 2
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DOI: 10.22533/at.ed.205232403
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ISBN: 978-65-258-1220-5
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Palavras-chave: História política: cultura, trabalho e narrativas 2
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Ano: 2023
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Número de páginas: 78
Artigos
- MIGRAÇÃO, PATRIMÔNIO CULTURAL E MULTICULTURALISMO: A PRODUÇÃO ARTÍSTICA EM TORNO DO PADRE CÍCERO ROMÃO BATISTA
- DZI CROQUETTES: CORPOS, SONORIDADES E EXPERIMENTAÇÕES NO BRASIL DOS ANOS 1970
- MUSEU GRUPPELLI: UM ESTUDO SOBRE PATRIMÔNIO RURAL NA COLÔNIA DE PELOTAS/RS
- As influências internacionais no ensino de desenho a partir do parecer de Rui Barbosa
- FLORESTAN FERNANDES E A ASSEMBLEIA NACIONAL CONSTITUINTE (1986-1988): DA LUTA PELA DEMOCRACIA À DEFESA DA ESCOLA PÚBLICA