Ebook - Fenomenologia e Cultura: Identidades e Representações Sociais 2Atena Editora

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1. Fenomenologia. 2. Cultura. I. Rosa, Fatima Sabrina da (Organizadora). II. Tít...

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Fenomenologia e Cultura: Identidades e Representações Sociais 2

A presente obra apresenta uma coleção de nove textos de diferentes pesquisadores e instituições do país preocupados com questões relativas à cultura e à produção de identidades. Apresenta uma abordagem transdisciplinar e tem por objetivo a divulgação de investigações científicas com vistas à popularização da produção acadêmica e sua maior inserção social, de modo que o formato e-book favorece essa intenção por oferecer amplo acesso.

A riqueza desta coletânea reside no fato de que, tendo como ponto focal a cultura e a produção de identidades, o conjunto dos textos traz diferentes metodologias e técnicas de pesquisa entre elas a História Oral e a Arqueologia Etnográfica, bem como Análise de Discurso. Além disso, os textos aqui apresentados trazem cenários empíricos muito distintos, que atravessam o Brasil de Sul a Norte, tratando de mapear diferentes formas de vida e organização cultural, para os quais, em conformidade com a ponto de vista da fenomenologia, os autores elegeram os métodos mais adequados de investigação de acordo com o fenômeno que buscavam captar e descrever. De modo que o conjunto dos textos demonstra a amplitude do campo de investigação que abarca os estudos sobre cultura, representações sociais, identidades e seus desdobramentos. De modo que se faz necessário destacar alguns pontos importantes em cada contribuição trazida nesta coletânea.

O primeiro texto, Representação social do manguezal durante ritual de cura/pajelança num terreiro de Tambor de Mina em São Luís, Maranhão, traz uma importante reflexão acerca da profunda relação entre o ecossistema manguezal e as práticas religiosas da comunidade que o territorializa, bem como reflete sobre a forma como elementos fundamentais deste ecossistema se fazem representados nos rituais por eles efetuados, incidindo, por consequência, na identidade coletiva desta comunidade.

A comunicação de número dois, Cultura e Conflito: Intersecções entre o popular e os processos de hibridização no cenário dos Bondes de Porto Alegre, realiza uma breve apreciação teórica sobre os conceitos de cultura de forma geral, cultura popular e cultura maciça, bem como apresenta o cenário social dos Bondes de Porto Alegre (sociabilidade juvenis), os quais utilizam do conflito como forma de lograr espaços de projeção para suas identidades culturais utilizando-se de um manejo dos formatos popular e maciço em processos de hibridação. 

Já o texto Uma Proposta Contra Hegemônica: O Etnodesenvolvimento como instrumento de valorização cultural, realiza uma importante crítica sobre a noção de Desenvolvimento Sustentável atentando para as nuances etnocêntricas e capturadas pelo discurso capitalista que o termo engendra. Em substituição, os autores propõem o paradigma do etnodesenvolvimento, segundo o qual seguiriam preservadas as práticas e crenças das comunidades tradicionais, possibilitando o desenvolvimento associado à autonomia cultural.

Do mesmo modo, a relação entre cultura e desenvolvimento aparece na investigação Feiras Agroecológicas: que relações se desenvolvem nesses espaços? na qual os autores apresentam as estruturas relacionais que se organizam a partir de formas de produção, comércio e consumo não-convencionais.  O Estudo de Caso, levado a cabo com famílias de uma associação de produtores agrícolas e seus respectivos clientes, ressaltou as relações sociais intrínsecas em que vínculos são construídos e reforçados na interação promovida pelas feiras.

O texto A Complexidade dos Direitos Humanos em educação no processo migratório da América Latina realiza um debate acerca do tema do multiculturalismo na América Latina, associado com o tema da educação em Direitos Humanos e da teoria da complexidade. Para tanto realiza uma breve pesquisa bibliográfica que abarca questões ligadas a globalização como as migrações recentes e a urgência de pensar a educação levando em consideração esses novos contextos multiculturais.

A semelhança do que acontece com o primeiro texto da coletânea, a investigação etnográfica Os Ribeirinhos do Rio Mapuá, Arquipélago de Marajó: modos de vida, cosmologia, práticas materiais e simbólicas ressalta a relação entre os elementos do território habitado e as práticas materiais e simbólicas perpetradas pela comunidade. Além disso, a relação passado/presente e a noção de memória é destacada pela autora para descrever a forma como as comunidades tradicionais do Mapuá significam suas práticas e configuram sua identidade cultural.

 De modo semelhante, a noção de memória aparece destacada no texto Manuel Bandeira e os prenúncios da morte.  Nesta análise, a noção de memória é trazida para explicitar a forma como a identidade de Bandeira se constitui numa relação tensa entre passado e presente, bem como na ausência de futuro. Desse modo, o texto convida o leitor a observar trechos da obra de Bandeira em que as representações sociais sobre a morte e a memória de episódios ligados a perdas afetivas constituem um processo de formação da identidade do autor.

Ainda refletindo sobre a memória na formação das identidades,  a comunicação Mídia, narrativas e memória transfronteiriça na vivência pessoal, trata de explicitar a forma como as memórias individuais se entrelaçam com experiências coletivas na formação de identidades e representações de pessoas que vivenciaram o contexto de fronteira no estado do Rio Grande do Sul. Essa narrativa é construída a partir da descrição do processo de construção de um documentário realizado com os entrevistados em questão.  

Também ambientada em um contexto fronteiriço, a comunicação Preâmbulo da queda do presidente do Paraguai na TV brasileira e no imaginário da fronteira Paraguai-Brasil é didática na forma como apresenta a interferência das representações midiáticas no modo como as identidades nacionais são concebidas. A análise traz trechos de discursos da mídia e de entrevistas realizadas pela autora, em ambos lados da fronteira, nos quais se destacam as interferências promovidas pelas informações veiculadas na maneira como a população paraguaia e brasileira passa a ver a situação política no país vizinho, a qual se relaciona com a forma como configuram sua identidade cultural.

Embora tratem de contextos e métodos muito diferentes, cabe destacar que as investigações aqui apresentadas convergem no sentido de apresentar a noção de representações sociais como fundamental para a configuração das identidades e da forma como indivíduos se veem e se inserem no mundo de forma individual ou coletiva.

A pesquisa e a escrita que envolve o tema da cultura e das representações exige, acima de tudo, um olhar sensível e atento às especificidades das coletividades observadas. Ainda que utilizando diferentes abordagens, o somatório dos trabalhos ressalta a importância das formas de organização coletiva, das relações, representações sociais e da memória na produção e manutenção das identidades culturais. Nesse sentido, acredita-se que a coletânea oferece a possibilidade de perceber a amplitude do campo de investigação da cultura e compreender a riqueza do trabalho elaborado a partir da inserção atenta e comprometida com contexto de estudo e os sujeitos envolvidos.

Fatima Sabrina da Rosa

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Fenomenologia e Cultura: Identidades e Representações Sociais 2

  • DOI: 10.22533/at.ed.870202610

  • ISBN: 978-65-5706-487-0

  • Palavras-chave: 1. Fenomenologia. 2. Cultura. I. Rosa, Fatima Sabrina da (Organizadora). II. Título.

  • Ano: 2020

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