Introdução: O tratamento clínico de sangramento uterino anormal (SUA) é comumente realizado com o uso em altas doses de Contraceptivos Orais Combinados, principalmente para mulheres em idade reprodutiva.  Entretanto, os estrogênios em doses elevadas (> 50 mcg) interferem nos sistemas pró-coagulante e anticoagulante e podem aumentar, em média, cerca de 5-7 vezes o risco de eventos trombóticos, como tromboembolismo venoso (TEV), a depender da geração do medicamento. Objetivo: Demonstrar a importância de se atentar aos sinais clínicos de TEV no consultório em pacientes que usam estrogênio. Método: Dados clínicos colhidos através de prontuários. Resultados: Paciente de 45 anos deu entrada no ambulatório universitário em 10/04/2023, queixando-se de dismenorreia e SUA desde novembro/2022, com menstruação durando 15 dias, associados à vertigem, anemia e astenia. Usou ciclo 21 (etinilestradiol e levonorgestrel) de 8/8 horas e relatou dor intensa e queimação em membro inferior direito (MID) na noite anterior à consulta. G3P4(1C)A0, sem complicações. Apresenta leiomioma, nega tabagismo. Histórico familiar de trombose. Ao exame físico: testes de Homans e da Bandeira positivos e presença de edema em MID. Ciclo 21 foi substituído por Ácido Mefenâmico e a paciente foi orientada a buscar o serviço de Hospital Municipal em Belo Horizonte com urgência, mas só o fez no dia 12/04/2023, com piora da dor, e teve diagnóstico confirmado de tromboembolismo venoso (TVP) e evolução para tromboembolismo pulmonar (TEP). Conclusão: Ao serem percebidos em tempo oportuno, a clínica e os sinais semiológicos de um paciente com TVP podem favorecer o diagnóstico e o tratamento adequados, visando reduzir intercorrências de maior gravidade, como o TEP. Esse relato de caso foi importante para demonstrar que, apesar de um tratamento ser comumente realizado, é necessário monitorizar os possíveis indícios de efeitos colaterais que, embora pouco frequentes, podem ser fatais.