SOBRE O SER DA CONSCIÊNCIA A PARTIR DA ONTOLOGIA SARTREANA
O presente capítulo parte de uma indagação: quais são as características da consciência que possibilitam pensar o ser do homem como um nada de ser? A relevância de tal questionamento se mostra na obra do filósofo existencialista Jean-Paul Sartre, destacando um aspecto central do seu pensamento. Ao afirmar, em sua ontologia fenomenológica, que “a existência precede a essência”, o filósofo francês sugere que o homem surge no mundo e, apenas depois, por meio de suas ações concretas, se define. Noutras palavras, o ser para-si nada mais é do que um nada de ser, que sempre busca ser algo. Neste texto, apresentamos algumas noções importantes do existencialismo sartreano, abordando compreensões advindas desta condição fundamental de indeterminação radical do homem. Para que a consciência seja consciência de algo, é necessário que ela esteja em desacordo consigo mesma, posto que ela, como um ser para-si, jamais alcançará a completude do ser em-si. Contudo, para que a consciência exista, esse desacordo mostra-se essencial. Somente um ser para-si tem consciência, pois a consciência se revela como uma ferramenta de solução para esse desacordo do ser: a consciência é o que é, é o que não é e não é o que é.
SOBRE O SER DA CONSCIÊNCIA A PARTIR DA ONTOLOGIA SARTREANA
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DOI: 10.22533/at.ed.96321170212
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Palavras-chave: Sartre; Fenomenologia; Consciência; Ser; Nada.
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Keywords: Sartre; Phenomenology; Consciousness; Being; Nothingness.
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Abstract:
This chapter starts with a question: what are the characteristics of consciousness that make it possible to think of the being of man as nothingness of being? The relevance of such questioning is shown in the work of the existentialist philosopher Jean-Paul Sartre, highlighting a central aspect of his thinking. In affirming, in his phenomenological ontology, that “existence precedes essence”, the French philosopher suggests that man appears in the world and, only later, through his concrete actions, he defines himself. In other words, the being for-itself is nothing more than a nothingness to be, which always seeks to be something. In this text, we present some important notions of Sartrean existentialism, addressing understandings arising from this fundamental condition of man's radical indeterminacy. For consciousness to be consciousness of something, it must be at odds with itself, since it, as a being for-itself, will never reach the completion of the being in-itself. However, for consciousness to exist, this disagreement is essential. Only a being for-itself is aware, because consciousness reveals itself as a solution tool for this disagreement of being: consciousness is what it is, it is what it is not and it is not what it is.
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Número de páginas: 9
- LUCAS CAMINHA CÂNDIDO VIEIRA
- GEORGES DANIEL JANJA BLOC BORIS