PERFURAÇÃO INTESTINAL INTRAÚTERO DEVIDO ÍLEO MECONIAL POR FIBROSE CÍSTICA
A fibrose cística é um doença genética autossômica recessiva, crônica, progressiva e multissistêmica, Ela atinge igualmente ambos os sexos e sua incidência na população geral é de 1:2.000 nascidos vivos, com maior frequência em populações caucasianas. Essa doença se caracteriza pela disfunção do gene Cystic Fibrosis Transmembrane Conductance Regulator (CFTR), que codifica uma proteína reguladora de condutância transmembrana de cloro. A clínica desses pacientes é apresentar secreções mucosas espessas e viscosas, que obstruem os ductos das glândulas exócrinas, contribuindo no aparecimento de três características básicas: doença pulmonar obstrutiva crônica, níveis elevados de eletrólitos no suor, insuficiência pancreática com má digestão e má absorção provocando desnutrição secundária. Objetiva-se apresentar o quadro de perfuração intestinal intraútero como complicação de íleo meconial na fibrose cística. Realizou-se revisão dos prontuários, seguimento ambulatorial, condutas e tratamentos na internação hospitalar. Recém nascido sexo masculino, nascido de parto vaginal dia 12/05/21, idade gestacional 34 semanas, pesando 3.460kg, nascido hipotônico com necessidade de 1 ciclo de VPP com boa resposta, recebeu APGAR 6/9 no 1° e 5° minuto respectivamente, evoluindo com desconforto respiratório progressivo, sendo admitido na UTI neonatal com suporte ventilatório CPAP. Ao exame físico, apresentava importante distensão abdominal e ausência de ruídos hidroaéreos, sendo solicitado USG abdominal com resultado de distensão de segmentos intestinais sem peristaltismo, espessamento parietal intestinal sugerindo pneumatose intramural, imagens sugerindo pneumoperitônio. Foi levado à laparotomia com quadro compatível de íleo meconial e peritonite meconial. Não foi localizado perfuração primária durante a cirurgia, sendo realizado ileostomia em alça e lise de aderências. No 5° dia de pós operatório foi colhido teste do pezinho/dosagem sérica de tripsina imunorreativa (TIR), diagnóstico compatível com fibrose cística, sendo confirmado por segunda coleta dia 01/06/21, corroborando com o primeiro. Após 47 dias de internação, foi realizado o teste do suor, valor compatível com fibrose cística, resultado SIC mãe sem acesso ao resultado, sendo iniciado terapia de reposição oral de enzimas pancreáticas. Após 28 dias, foi realizada consulta e seguimento ambulatorial de referência, evoluindo sem intercorrências. Em 27/08/21 com 3 meses e 15 dias de idade, foi submetido à correção da ileostomia e reconstrução do trânsito intestinal. Evoluiu com íleo paralítico e distensão abdominal até o 5° dia de pós operatório (PO), apresentando melhora progressiva com eliminação de
fezes e da distensão abdominal. Alta hospitalar no 13° de PO com fórmula láctea e manutenção das enzimas, mantendo seguimento em ambulatório de referência. Conclui-se que dos diagnósticos de íleo meconial (IM), 80% são devido fibrose cística, sendo que desses, apenas 21.7% irão apresentar IM como principal manifestação precoce, e cerca de 18.3% destes apresentarão perfuração. A expectativa de vida em pacientes com fibrose cística tem aumentado com os avanços de diagnóstico precoce, com início rápido da terapia de reposição enzimática e com uma equipe treinada para atender, dar seguimento e prevenir complicações. É de suma importância realizar a triagem neonatal com o teste do pezinho e tratar pacientes antes que eles desenvolvam os danos pulmonares, pois assim terão melhor prognóstico e melhora da qualidade de vida
PERFURAÇÃO INTESTINAL INTRAÚTERO DEVIDO ÍLEO MECONIAL POR FIBROSE CÍSTICA
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DOI: 10.22533/at.ed.37722280413
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Palavras-chave: Íleo meconial, fibrose cística, perfuracao intestinal intraútero, teste do suor, teste do pezinho, manifestacão precoce fibrose cística, doenca genética neonatal
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Keywords: Meconium ileus, cystic fibrosis, intrauterine intestinal perforation, sweat test, heel prick test, early-onset cystic fibrosis, neonatal genetic disease
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Abstract:
Cystic fibrosis is an autosomal recessive, chronic, progressive and multisystem genetic disease. It affects both sexes equally and its incidence in the general population is 1:2,000 live births, with a higher frequency in Caucasian populations. This disease is characterized by dysfunction of the Cystic Fibrosis Transmembrane Conductance Regulator (CFTR) gene, which encodes a transmembrane conductance regulatory protein for chlorine. The clinic of these patients is to present thick and viscous mucous secretions, which obstruct the ducts of the exocrine glands, contributing to the appearance of three basic characteristics: chronic obstructive pulmonary disease, high levels of electrolytes in the sweat, pancreatic insufficiency with poor digestion and malabsorption causing malnutrition. secondary. The aim is to present the condition of intrauterine intestinal perforation as a complication of meconium ileus in cystic fibrosis. A review of medical records, outpatient follow-up, conducts and treatments during hospitalization were carried out. Newborn male, born by vaginal delivery on 05/12/21, gestational age 34 weeks, weighing 3,460kg, born hypotonic requiring 1 cycle of PPV with good response, received APGAR 6/9 at 1st and 5th minutes respectively, evolving with progressive respiratory distress, being admitted to the neonatal ICU with CPAP ventilatory support. On physical examination, he had significant abdominal distension and absence of air-fluid sounds, and an abdominal US was requested with the result of distention of intestinal segments without peristalsis, intestinal parietal thickening suggesting intramural pneumatosis, images suggesting pneumoperitoneum. He was taken to laparotomy with a compatible picture of meconium ileus and meconium peritonitis.
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Número de páginas: 2
- ROANA; Rachel
- Walthon Pereira Miranda
- Denise Caldas
- Ariana Pinheiro