A promulgação da Lei 12.711/2012, a chamada Lei de Cotas, permitiu a reserva de 50% das vagas das instituições federais de educação superior (IFES) a um público historicamente excluído: egressos de escolas públicas, pretos, pardos, indígenas, quilombolas, pessoas com deficiência. Com isso, foi drasticamente alterado o perfil dos’ graduandos: em 2018, 70,2% dos discentes tinham origem em escola pública ou renda mensal familiar per capita de “até 1 e meio SM”. Estes estudantes passaram a apresentar às IFES novas demandas de suporte material e acadêmico, fundamentais para evitar a ‘exclusão por dentro (DIAS SOBRINHO, 2013). Este estudo, a partir de análise bibliográfica e documental (CELLARD, 2012), faz uma análise de como estas novas demandas vêm sendo retratadas em documentos e por pesquisadores da área de gestão educacional e de políticas para a Educação Superior (ES). Tendo por recorte temporal o período de 2000 a 2018, foi realizado um mapeamento da legislação atinente ao tema, bem como da produção científica na área, por meio dos descritores “ação afirmativa” e seu plural, além de “gestão da ES”. Foram analisados quatro Anais de eventos da área de Educação, além do Banco de Teses e Dissertações (BDTD-IBICT). Os resultados apontam que o atendimento ao novo público não é contemplado na legislação pertinente, havendo ausência de pesquisas sobre a organização administrativa das IFES, a gestão das ações afirmativas ou o atendimento às demandas oriundas dos estudantes cotistas. Embora exista uma produção acadêmica atenta à realização de um ‘diagnóstico’ dos problemas que afetam a permanência e o sucesso do novo perfil socioeconômico de estudantes, e que necessita políticas institucionais específicas, poucos trabalhos debatem quais são elas, bem como a forma com que vêm sendo implementadas