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capa do ebook O COMPLEXO DO DEMIURGO LITERÁRIO ENTRE A POÉTICA DE WILLIAM BLAKE E A CASA QUE JACK CONSTRUIU (2018), DE LARS VON TRIER

O COMPLEXO DO DEMIURGO LITERÁRIO ENTRE A POÉTICA DE WILLIAM BLAKE E A CASA QUE JACK CONSTRUIU (2018), DE LARS VON TRIER

Este artigo propõe uma leitura do filme A casa que Jack Construiu (2018), de Lars von Trier, a partir do diálogo entre a Literatura e o Mal, mas mais especificamente de um de seus arquétipos: a demiurgia. O filme, baseado na exposição de cinco dos assassinatos cometidos por um serial killer, delineia uma espécie de ensaio sobre a relação entre a arte e a perversidade ao mesmo tempo em que radica no solo árido da contemporaneidade ecos corrompidos das antigas ambições do grande gênio artístico. Assim, pretendeu-se investigar o modo como o filme opera a transcriação do arquétipo literário, já que a distorção performada por Jack, protagonista, e Trier, cineasta, se imprime como atestado da angústia criativa da contemporaneidade. Os textos literários transcriados pelo filme e estudados aqui são os poemas “Cordeiro” (“The Lamb”) e “O Tygre” (“The Tyger”), de Canções da Inocência e da Experiência (Songs of Innocence and of Experience, 1789) de William Blake. O filme de Trier, desse modo, apropria-se dos poemas e os distorce em um processo de bricolagem fílmica, produto próprio da criação pós-moderna. Os eixos metodológicos para a investigação são os Estudos Interartes, chancelados por Claus Clüver (1997, 2006, 2012); a perspectiva da criação como transcriação, desenvolvida por Haroldo de Campos (2015); as asserções de Linda Hutcheon (1947) sobre as noções de criação na pós-modernidade. Convém ressaltar que as análises, mesmo interdisciplinares, estão vinculadas à tradição literária ocidental e à conceituação de pervivência para a Literatura desenvolvida por Haroldo de Campos (2015). Nesse sentido, a hipótese para o gesto mefistofélico se estabelece: desejou-se franquear a deformidade da leitura de Jack como possível alegoria do criador contemporâneo que, aterrado pelas referências canônicas, está mais propenso a depreender delas argumentos que corroborem com sua equivocada perspectiva histórica. Desejou-se, portanto, dialogar com a concepção de tradição literária como base sólida que autoriza as criações contemporâneas além de advogar pela instância disruptiva, de sentindo ilimitado, da pervivência literária.

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O COMPLEXO DO DEMIURGO LITERÁRIO ENTRE A POÉTICA DE WILLIAM BLAKE E A CASA QUE JACK CONSTRUIU (2018), DE LARS VON TRIER

  • DOI: 10.22533/at.ed.9822210084

  • Palavras-chave: A casa que Jack construiu. Estudos Literários. Transcriação. Estudos Interartes. Demiurgia. Literatura e o Mal.

  • Keywords: The house that Jack built. Transcreation. Interart Studies. Demiurgy. Literature and Evil.

  • Abstract:

    This article proposes a reading of Lars von Trier's The House That Jack Built (2018), based on the dialogue between Literature and Evil, but more specifically on one of its archetypes: demiurgy. The film, based on the exposition of five of the murders committed by a serial killer, outlines a kind of essay on the relationship between art and perversity while rooting in the arid soil of contemporaneity corrupted echoes of the old ambitions of the great artistic genius. Thus, it was intended to investigate the way in which the film operates the transcreation of the literary archetype, since the distortion performed by Jack, the protagonist, and Trier, the filmmaker, is printed as a testament to the creative anguish of contemporaneity. The literary texts transcribed by the film and studied here are the poems “The Lamb” and “The Tyger”, from Songs of Innocence and of Experience, 1789, by William Blake. Trier's film, in this way, appropriates the poems and distorts them in a process of filmic bricolage, a product of postmodern creation. The methodological axes for the investigation are the Interart Studies, approved by Claus Clüver (1997, 2006, 2012); the perspective of creation as transcreation, developed by Haroldo de Campos (2015); Linda Hutcheon's (1947) assertions about postmodern notions of creation. It is worth mentioning that the analyses, even interdisciplinary, are linked to the Western literary tradition and to the concept of survival for Literature developed by Haroldo de Campos (2015). In this sense, the hypothesis is established: it was intended to open up the deformity of Jack's reading as a possible allegory of the contemporary creator who, terrified by canonical references, is more likely to infer from them arguments that corroborate his mistaken historical perspective. Therefore, it was intended to dialogue with the conception of literary tradition as a solid basis that authorizes contemporary creations, in addition to advocating for the disruptive instance, with unlimited meaning, of literary survival.

  • Número de páginas: 17

  • Gabriela Sá Pauka
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