Miséria e mau gosto em Rodolfo Teófilo e Luís Romano
Neste trabalho tencionamos apontar convergências e divergências entre os romances A Fome, de Rodolfo Teófilo, escrito no Brasil em fins do século XIX, e Famintos, de Luís Romano, escrito em Cabo Verde, então colônia portuguesa, na década de 1940. Analisando as notáveis semelhanças temáticas, procuraremos observar como o retrato da miséria e da fome, surgidas da confluência entre condições climáticas extremas e o descaso do poder público, perpassa estas duas obras, arrastando consigo certa tradição e ao mesmo tempo com ela rompendo em muitos aspectos. Outrossim, objetivamos avaliar alguns aspectos formais, sobretudo questões relativas ao grotesco e à noção de “bom gosto”, e em que medida cada um dos autores alinha-se ou não à estética vigente nos contextos em questão – os ecos da revista Claridade no caso de Romano, o Naturalismo no caso de Teófilo – investigando assim a especificidade de cada escritor e também as motivações e o legado de um e de outro dentro de seus respectivos sistemas literários e culturais. Esta discussão acerca da linguagem e dos propósitos de cada obra levar-nos-á a refletir sobre como as soluções estéticas de cada romance relacionam-se com seus objetivos políticos e sociais, e sobre a própria função que o intelectual, sobretudo o escritor, desempenha na sociedade.
Miséria e mau gosto em Rodolfo Teófilo e Luís Romano
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DOI: 10.22533/at.ed.84521070610
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Palavras-chave: Rodolfo Teófilo; Luís Romano; Fome; Naturalismo brasileiro; Literatura cabo-verdiana.
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Keywords: Rodolfo Teófilo; Luís Romano; Starvation; Brazilian naturalism; Cape Verdean literature.
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Abstract:
In this work we intend to point out convergences and divergences between the novels A Fome, by Rodolfo Teófio, written in Brazil at the end of the 19th century, and The Famished (Famintos), by Luís Romano, written in Cape Verde, at the time Portuguese colony, in the 1940’s. Analyzing the notable thematic similarities, we will try to observe how the representation of poverty and starvation, arising from the confluence between extreme weather conditions and the neglect of the public authorities, runs through these two books, dragging with it some tradition and at the same time breaking with it in many aspects. Furthermore, we aim to evaluate some formal aspects, especially questions related to the grotesque and the notion of “good taste”, and how each of the authors aligns or not with the current aesthetic in the contexts in question – the echoes of the literary magazine Claridade, in the case of Romano, the Naturalistic School in the case of Teófilo – thus investigating the specificity of each writer and also the motivations and legacy of one and the other within their respective literary and cultural contexts. This discussion about the language and purposes of each work will lead us to reflect on how the aesthetic solutions of each novel relate to its political and social objectives, and on the very role that the intellectual, especially the writer, plays in society.
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Número de páginas: 15
- João Luiz Xavier Castaldi