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capa do ebook Medo e relações de gênero em uma narrativa fantástica de Maria Teresa Horta

Medo e relações de gênero em uma narrativa fantástica de Maria Teresa Horta

Rosemary Jackson, em “Lo ‘oculto’

de la cultura”, afirma que entrar no território do

fantástico significa substituir a familiaridade, a

comodidade pelo estranho, pelo misterioso. O

caráter subversivo do fantástico estaria ligado

à representação do que é excluído da ordem

cultural dominante, aspirando à dissolução de

uma outra ordem, opressiva. No conto Lídia,

de Maria Teresa Horta, acompanhamos as

transformações que ocorrem com a protagonista

que, progressivamente, é transformada em um

ser alado, tal qual um pássaro, aproximando-se

cada vez mais do universo telúrico e afastandose

dos ditames comportamentais apregoados

pela ordem patriarcal. O medo que ela sente

diante das modificações ocorridas em seu

corpo, especialmente no que se refere ao

local onde se formarão suas asas, promove

o deslocamento dessa personagem de uma

situação de passividade e desconforto para

uma nova realidade. Lídia, encerrada no espaço

doméstico, ocupa uma posição de submissão

ao marido, à qual seu corpo passa a reagir, com

um desejo de liberdade que aparentemente a

desumaniza. Se em um primeiro momento a

personagem sente medo de suas mudanças

físicas e comportamentais que modificam

radicalmente sua vida, posteriormente ela

vencerá o temor de ser aprisionada pelo marido

e pelas autoridades médicas em um sanatório,

ao voar pela janela em direção a uma vida plena,

ligada às suas raízes naturais. Diante do que foi

exposto, o objetivo deste artigo é analisar como

a constituição do medo na narrativa fantástica

em questão leva a uma releitura das relações

de gênero, destacando a presença emudecida

e silenciada do outro, da mulher.

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Medo e relações de gênero em uma narrativa fantástica de Maria Teresa Horta

  • DOI: 10.22533/at.ed.9381902094

  • Palavras-chave: medo; fantástico; relações de gênero; discurso patriarcal.

  • Keywords: fear; fantastic; gender relationships; patriarchal discourse.

  • Abstract:

    In “Lo ‘oculto’ de la cultura”, Rosie

    Jackson argues that coming into the fantastic

    territory means replacing the familiarity, the

    convenience by the strange, mysterious things.

    The subversive face of the fantastic would be

    attended with the representation of the excluded

    beings in the dominant cultural order, which

    aspires to the dissolution of another order, an

    oppressive one. In Lídia, a short story written by

    the Portuguese author Maria Teresa Horta, it is

    possible to realize the transformations occurred with the main character. She gradually

    changes into a winged being, like a bird; because of this, she approaches to a telluric

    universe and distances herself of patriarchal order behaviors. Lidia feels fear in face of

    the changes occurred in her body, especially where her wings grow up. However, this

    situation provokes Lídia´s displacement from a passive and uncomfortable situation to

    a new reality. Lídia occupies in the domestic space a submissive position in relation to

    her husband. Her body reacts to this showing us a desire of liberty that just apparently

    dehumanizes her. If the feminine character is afraid of the changes occurred in her

    body and behaviors which modify radically her life, she will subsequently overcome

    the fear of being imprisoned by her husband and doctors from a sanitarium when she

    literally flies into a full life because she is connected to her natural origins. According

    to this, this article analyzes how the constitution of the fear in a fantastic narrative like

    Lídia promotes a rereading of the gender relationships, especially because of the silent

    presence of the other – the woman.

  • Número de páginas: 15

  • Martins, Ana Paula dos Santos
  • Ana Paula dos Santos Martins
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