O Brasil é o segundo maior produtor das folhas de tabaco (Nicotiana tabacum) no mundo, sendo o Rio Grande do Sul responsável pela maioria da produção. A baixa na demanda do produto afeta principalmente as famílias produtoras, extremamente dependentes dessa cadeia produtiva. Possuindo os maiores índices de mortes autoprovocadas, os municípios fumicultores do Rio Grande do Sul estão entre aqueles que mais registram suicídios e contabilizam, ao longo dos anos, índices superiores à média nacional. Pensamentos e tentativas de suicídio são problemas de saúde mental entre os fumicultores, os quais também estão associados com as intoxicações por agrotóxicos no meio rural. Considerando a produção de tabaco uma cultura extremamente predominante no cenário brasileiro, este projeto objetivou compreender, no âmbito da Bacia Hidrográfica do Rio Camaquã, as condições de trabalho sob as quais a fumicultura é desenvolvida, suas relações com as intoxicações por agrotóxicos e a precarização da saúde mental e física dos trabalhadores. Trata-se de uma revisão bibliográfica de literatura, realizada por meio de artigos de bases de dados Portal de Periódicos Capes, Scientific Electronic Library Online (SCIELO), Sciencedirect, National Library of Medicine, Agricultural Health Study. Esta revisão evidenciou, com base nos 17 artigos que satisfizeram o objetivo da pesquisa, os seguintes resultados: foram implementadas políticas de incentivo à diversificação de cultivos; o suicídio é um problema de saúde pública e suas taxas permaneceram consistentemente maiores entre homens do que mulheres; as taxas de suicídio foram positivamente associadas a baixa escolaridade, dificuldade para pagar dívidas e ser tabagista; quanto à saúde mental dos fumicultores, a maioria relata ideação suicida e alega já ter tentado suicídio em algum momento da vida; o contato com agrotóxicos organofosforados tem relação com o desenvolvimento de distúrbios psicológicos. A literatura atual reconhece que as exposições aos agrotóxicos podem afetar adversamente a saúde mental, no entanto, pesquisadores do campo ainda possuem dificuldade em mensurar o nível de exposição ou intoxicação e suas consequências. A revisão de literatura realizada permite afirmar que a pesquisa epidemiológica sobre as intoxicações por agrotóxicos no Brasil ainda é uma área com várias lacunas a serem preenchidas. Apesar da viabilidade de produção e da probabilidade de ganhos financeiros, foram observados efeitos nocivos do fumo na saúde humana. Há a necessidade de aprofundamento de pesquisas sobre suicídio nesta vertente agrícola para a ampliação do entendimento e providências de várias áreas ligadas à saúde do trabalhador. Conclui-se que, a redução da exposição a agrotóxicos e à nicotina pode reduzir, bem como melhorar as condições socioeconômicas, comportamentos suicidas e melhorar a saúde mental dos trabalhadores rurais.