Estigma e discriminação de mulheres que vivem com VIH na Cidade de Maputo, Moçambique
O objetivo deste trabalho de investigação, de caráter qualitativo, foi captar as experiências de situações de estigma e discriminação no quotidiano de mulheres que vivem com VIH na Cidade de Maputo, Moçambique.
Considerando que em Moçambique o VIH é uma doença que afeta mais de um décimo da população adulta a prevenção da epidemia torna-se um assunto de prioridade nacional.
Foram entrevistadas 42 mulheres utentes de duas associações de mulheres que vivem com VIH. Utilizou-se um guião de entrevista semiestruturada constituído por dois conjuntos de questões: caracterização sociodemográfica e questões sobre vulnerabilidades, estigma e discriminação. As entrevistas foram áudio-gravadas e transcritas pelo investigador. Utilizou-se a técnica de análise de conteúdo para o tratamento dos dados.
A maioria das participantes (83,3%) tinha acima de 35 anos idade e 40,5% eram viúvas. Cerca de 26% eram casadas ou viviam maritalmente. A idade média de início da atividade sexual reportada foi de 17 anos.
Receios relacionados com o estigma e a discriminação levam as mulheres a ocultar o seu estado serológico, inclusive dentro da família. Há famílias em que a quebra do sigilo pode originar questionamentos, suspeitas de infidelidade conjugal, culpabilização, rejeição, exclusão social, despossessão de propriedades e maus tratos diversos. Foram também registados relatos de estigma e discriminação em espaços públicos, como os locais de trabalho.
Apesar de todos avanços médicos e científicos desde o início da epidemia, nos anos 1980, persistem situações de estigma e discriminação de pessoas que vivem com VIH, sobretudo das mulheres, devido, em grande parte, às desigualdades de género.
As associações de mulheres com diagnóstico de infeção por VIH constituem espaços seguros onde estas se sentem aceites, ouvidas e apoiadas.
Mais esforços das autoridades sanitárias e da sociedade civil são necessários para impedir as gravosas situações de estigma e discriminação.
Estigma e discriminação de mulheres que vivem com VIH na Cidade de Maputo, Moçambique
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DOI: 10.22533/at.ed.6532115046
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Palavras-chave: VIH/SIDA, mulheres, vulnerabilidade, discriminação, Moçambique.
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Keywords: VIH/SIDA, mulheres, vulnerabilidade, discriminação, Moçambique.
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Abstract:
O objetivo deste trabalho de investigação, de caráter qualitativo, foi captar as experiências de situações de estigma e discriminação no quotidiano de mulheres que vivem com VIH na Cidade de Maputo, Moçambique.
Considerando que em Moçambique o VIH é uma doença que afeta mais de um décimo da população adulta a prevenção da epidemia torna-se um assunto de prioridade nacional.
Foram entrevistadas 42 mulheres utentes de duas associações de mulheres que vivem com VIH. Utilizou-se um guião de entrevista semiestruturada constituído por dois conjuntos de questões: caracterização sociodemográfica e questões sobre vulnerabilidades, estigma e discriminação. As entrevistas foram áudio-gravadas e transcritas pelo investigador. Utilizou-se a técnica de análise de conteúdo para o tratamento dos dados.
A maioria das participantes (83,3%) tinha acima de 35 anos idade e 40,5% eram viúvas. Cerca de 26% eram casadas ou viviam maritalmente. A idade média de início da atividade sexual reportada foi de 17 anos.
Receios relacionados com o estigma e a discriminação levam as mulheres a ocultar o seu estado serológico, inclusive dentro da família. Há famílias em que a quebra do sigilo pode originar questionamentos, suspeitas de infidelidade conjugal, culpabilização, rejeição, exclusão social, despossessão de propriedades e maus tratos diversos. Foram também registados relatos de estigma e discriminação em espaços públicos, como os locais de trabalho.
Apesar de todos avanços médicos e científicos desde o início da epidemia, nos anos 1980, persistem situações de estigma e discriminação de pessoas que vivem com VIH, sobretudo das mulheres, devido, em grande parte, às desigualdades de género.
As associações de mulheres com diagnóstico de infeção por VIH constituem espaços seguros onde estas se sentem aceites, ouvidas e apoiadas.
Mais esforços das autoridades sanitárias e da sociedade civil são necessários para impedir as gravosas situações de estigma e discriminação.
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Número de páginas: 16
- Osvaldo Augusto Matavel