EROS NO ARMÁRIO: NOTAS ANALÍTICAS SOBRE A EXPERIÊNCIA GAY
Em um país onde conquistamos muitos
dos direitos reivindicados, ainda que quase
sempre pela obrigação judicial, torna-se mais
sutil perceber o silenciamento do cotidiano,
esse que é perverso por sua ocultação. Mas ele
está aí, construindo paredes em torno de mim.
Sinto-o quando não posso falar como minha
língua quer falar, quando não posso vestir sem
escandalizar ou tocar alguém do mesmo gênero
sem agitar certa tensão. Minhas preferências,
meu dialeto, tom de voz, jeito de andar e minhas
fantasias relacionais – tudo isso diz e, por dizer,
é silenciado. Sou gay, bicha, algo que, como
veremos, será revelado de uma maneira ou de
outra.
Se o campo da fantasia que nos constitui
é silenciado, podemos ter a dimensão do que
significa a violência que nos é imposta. Ora, a
fantasia é, como asseverou Jung, “a atividade
criadora que procura uma resposta para
todas as indagações contestáveis, a mãe de
todas as possibilidades, na qual se encontram
vitalmente vinculados, como todos os extremos
psicológicos, tanto o mundo interior como o
exterior” (1976, p. 81). É o fazer substancial
da psique; aquilo que, ainda segundo Jung,
cria diariamente a realidade. De que maneira
nós, sujeitos LGBT+, fantasiamos e somos
fantasiados? De que maneira está vinculado
nosso mundo interior a um mundo exterior que
o nega?
EROS NO ARMÁRIO: NOTAS ANALÍTICAS SOBRE A EXPERIÊNCIA GAY
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DOI: 10.22533/at.ed.1452202066
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Palavras-chave: Atena Editora
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Keywords: Atena Editora
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Abstract:
Atena Editora
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Número de páginas: 10
- Gustavo Pontelo Santos
- Clarissa de Franco