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capa do ebook BILHETES/BEREUS COMO AGENCIAMENTO PARA COMUNICAR NECESSIDADES DE SAÚDE EM PENITENCIÁRIA, MATO GROSSO

BILHETES/BEREUS COMO AGENCIAMENTO PARA COMUNICAR NECESSIDADES DE SAÚDE EM PENITENCIÁRIA, MATO GROSSO

No contexto prisional é comum

os presos usarem bilhetes (chamado,

nativamente, bereu) para se comunicar com

pessoas e equipes de diferentes setores,

entre eles o de saúde, em um esforço de que

necessidades diversas gerem demandas

e sejam atendidas. Adota-se o conceito de

agência referindo à ação e criatividade dos

sujeitos diante constrangimentos sociais,

estruturais em situações cotidianas. Como

parte de uma pesquisa qualitativa analisam-se

aqui os bilhetes quanto à sua materialidade,

funções e conteúdos em uma penitenciária de

Mato Grosso. O material empírico compõese,

centralmente, de bilhetes propriamente

que chegavam à enfermaria, foram lidos e

interpretados nas suas mensagens materiais e

imateriais. Complementarmente, consultamos

as entrevistas realizadas com profissionais de

saúde. Os resultados foram organizados em

dois tópicos: o primeiro enfoca a aparência

dos bilhetes marcados pelos seus autores e

pelas condições de sua produção e o segundo

ocupa-se dos conteúdos. Os bilhetes informam

pertencimentos e contextos e, ao atravessarem

as grades, enfrentam intermediações até

chegarem ao destinatário/profissional que pode

traduzí-los como necessidade para legitimar o

atendimento. Como traduções de necessidades

sentidas, seus conteúdos se configuram como

lembretes, solicitações, histórias mesclando

dados da situação, “diagnóstico”, sinais e

sintomas. As privações postas pelo contexto

prisional restringem a ação, mas também

capacitam e criam condições de socialidades

e agenciamentos pelos presos para agir

conforme seus projetos. O acesso dos presos

ao atendimento em saúde é perpassado por

elementos subjetivos, objetivos, relacionais,

burocráticos e simbólicos que refletem

desigualdades intra e extra-muros como

sinalizou a análise.

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BILHETES/BEREUS COMO AGENCIAMENTO PARA COMUNICAR NECESSIDADES DE SAÚDE EM PENITENCIÁRIA, MATO GROSSO

  • DOI: 10.22533/at.ed.65719110317

  • Palavras-chave: agência, saúde no sistema prisional, comunicação, necessidades de saúde

  • Keywords: agency, health in the prison system, communication, health needs

  • Abstract:

    In the prison context, it is common

    for prisoners to use notes (called, natively,

    bereu) to communicate with people and

    teams from different sectors, including health

    care, in an effort that diverse needs generate

    demands and are met. It adopts the concept of

    agency referring to the action and creativity of

    the subjects facing social, structural constraints in everyday situations. As part of a

    qualitative research, we analyze the notes regarding their materiality, functions and

    contents in a penitentiary of Mato Grosso. The empirical material consists, centrally, of

    notes properly that arrived at the infirmary, were read and interpreted in its material and

    immaterial messages. In addition, we consulted the interviews with health professionals.

    The results were organized in two topics: the first focuses on the appearance of the

    notes marked by their authors and the conditions of their production and the second

    deals with the contents. The notes inform their belongings and contexts and, when

    crossing the grids, they face intermediation until they reach the recipient / professional

    who can translate them as a need to legitimize the service. As translations of felt needs,

    their contents are configured as reminders, requests, stories merging situation data,

    “diagnosis”, signs and symptoms. The privations imposed by the prison context restrict

    action, but also enable and create conditions of socialities and agency by prisoners to

    act on their projects. The prisoners’ access to health care is permeated by subjective,

    objective, relational, bureaucratic and symbolic elements that reflect intra and extramural

    inequalities as the analysis indicated.

  • Número de páginas: 15

  • Emília Carvalho Leitão Biato
  • Reni Aparecida Barsaglini
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