AVALIAÇÃO, REPETÊNCIA E JUIZO PROFESSORAL: UM DIÁLOGO QUALI-QUANTI
No final da década de 1980, um novo
olhar sobre a repetência mudou o entendimento
dos problemas da educação no Brasil. O ponto
central era o fato de que a evasão escolar
praticamente não existia. O que havia era um
fenômeno produzido por uma cultura escolar
presente no sistema de ensino como um todo:
a cultura da repetência. As políticas de combate
à reprovação não conseguiram acabar com a
repetência, que se mantém em patamares
indesejáveis. Segundo dados do Inep,
considerando do 6º ao 9º ano, a repetência
média no Brasil foi de 11,1% nas escolas
públicas e 5,3% nas escolas particulares,
em 2014. Com o propósito de aprofundar a
análise do fenômeno da repetência, este artigo
discute a correspondência entre explicações de
professores sobre dificuldades dos problemas
de aprendizagem obtidas de forma etnográfica
em Conselhos de Classe e as percepções dos
professores obtidas em avaliações externas.
Pôde-se constatar homologias sintetizadas na
imputação das dificuldades de aprendizagem:
ora aos alunos e nos pais do aluno, ora nas
condições sociais e culturais dos alunos e suas
famílias. A ausência de opções no questionário
da Prova Brasil para que problemas de
aprendizagem sejam atribuídos ao professor e/
ou a sua prática pedagógica reforça uma face
da cultura da repetência, que é responsabilizar
o aluno ou suas famílias pelo fracasso escolar
e reitera o que o professor brasileiro prefere
acreditar. Quanto mais elementos forem
construídos para o desvelamento dessa cultura
e das representações que a constroem, mais
perto podemos estar de sua superação.
AVALIAÇÃO, REPETÊNCIA E JUIZO PROFESSORAL: UM DIÁLOGO QUALI-QUANTI
-
DOI: 10.22533/at.ed.05719030418
-
Palavras-chave: Avaliação, Repetência, Conselho de Classe, Prova Brasil 2015.
-
Keywords: Evaluation, Repetition, Class Council, Prova Brasil 2015.
-
Abstract:
In the late 1980s, a new look
at repetition changed the understanding of
education problems in Brazil. The central point
was that school drop-out practically did not exist.
What there was was a phenomenon produced by
a school culture present in the education system
as a whole: the culture of repetition. The policies
to combat reprobation have not been able to stop
repeating, which remains at undesirable levels.
According to Inep data, considering the 6th to 9th
grade, the mean repetition in Brazil was 11.1%
in public schools and 5.3% in private schools
in 2014. In order to deepen the analysis of the
repetition phenomenon, this article discusses the correspondence between teachers
‘explanations about difficulties of the learning problems obtained in an ethnographic
way in Class Councils and the teachers’ perceptions obtained in external evaluations.
Synthetised homologies can be found in the imputation of learning difficulties: both
students and parents, and in the social and cultural conditions of students and their
families. The lack of options in the Brazil Quiz to have learning problems attributed to
the teacher and heror his pedagogical practice reinforces one aspect of the culture of
repetition, which is to blame the student or their families for school failure and reiterates
what the teacher Brazilian prefers to believe. The more elements are constructed for
the unveiling of this culture and the representations that construct it, the closer we can
be to its overcoming.
-
Número de páginas: 15
- GLAUCO DA SILVA AGUIAR
- maria de lourdes