Publicado em 21 de maio de 2024.

O livro "Serviço social: teoria, prática e impacto social 2" trata-se da continuidade de discussões relacionadas ao primeiro livro da coletânea. Esta obra foi dividida em 5 capítulos, que narram as experiências profissionais de assistentes sociais inseridos em diferentes espaços sócio-ocupacionais, bem como apresentam as respectivas análises conjunturais, incluindo análise de algumas das políticas públicas brasileiras. 
O primeiro capítulo da coletânea trata-se do artigo “Humanidade em Trânsito: um relato de experiência do atendimento psicossocial aos venezuelanos refugiados em Natal-RN”. Este artigo analisa a experiência psicossocial com a abordagem de venezuelanos refugiados na capital potiguar do Rio Grande do Norte. Os autores iniciam conceituando as terminologias: refugiado e migração forçada; identificando a realidade da cidade de Natal, que atualmente compõe mais de 65 mil venezuelanos refugiados. Trata-se de uma pesquisa realizada com o acompanhamento de 21 pessoas, que evidenciou a relevância do cuidado em saúde mental, sobretudo por sua contribuição na autonomia dos sujeitos e nos recursos potencializadores para a não cronificação da vulnerabilidade. De modo que, ratifico a relevância deste material, principalmente por limitadas produções científicas acerca do fluxo migratório (que tem sido cada vez mais objeto de atuação profissional do Serviço Social brasileiro). 
O segundo artigo “TRABALHO, QUESTÃO SOCIAL E INFÂNCIA: as dimensões sócio-históricas do trabalho infantil e seus desdobramentos” aborda a experiência profissional junto ao trabalho infantil, consubstanciando a realidade histórico e social brasileira. Inicialmente, a autora discorre sobre a expansão capitalista e os respectivos efeitos nas condições de vida da classe trabalhadora. A reflexão inicial é transversal a realidade do trabalho infantil, que é identificada pelo autor como violação dos direitos previstos pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). O texto contribui no debate contemporâneo, sobretudo porque caracteriza as dimensões históricas como inerentes a atualidade, evidenciando o aumento e agudização das vulnerabilidades e ratificando a violação de direitos e a fragilização da proteção integral prevista pelo ECA.
O terceiro capítulo “O DESAFIO DA INSTRUMENTALIDADE NAS DEMANDAS PROFISSIONAIS DO SERVIÇO SOCIAL NO SOCIOJURÍDICO” trata-se de um artigo original, de contribuição acerca da instrumentalidade do Serviço Social no campo sociojurídico, leia-se que a instrumentalidade é uma importante categoria para atuação do assistente social e o campo analisado é um dos maiores empregadores da categoria, evidenciando sua relevância teórica. A autora é vinculada a Universidade Federal de Pernambuco e consubstanciou sua pesquisa nos acervos disponibilizados pelo Congresso Brasileiro de Assistentes Sociais, em sua análise expôs a importância da instrumentalidade, inclusive discutindo o cenário do sistema capitalista, refração da questão social e a precarização do mundo do trabalho.  Este estudo expõe ainda os desafios e as possibilidades de intervenção do assistente social neste espaço sócio-ocupacional, refletindo sobre a atualidade.
O quarto capítulo “O EXERCICIO PROFISSIONAL DE ASSISTENTES SOCIAIS NA POLÍTICA HABITACIONAL NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO/BR” apresenta reflexões acerca da atuação do assistente social na política urbana e habitacional na cidade do Rio de Janeiro/BR. A autora inicia contextualizando geograficamente a cidade do Rio de Janeiro, mencionando a política de segurança e sinalizando que esta é uma das cidades que recebe grandes eventos mundiais, em contrapartida sinaliza a desigualdade social e crescimento da pobreza. A proposta da autora é discorrer as possibilidades da atuação do assistente social na política de habitação, por isso faz menção a estratégias que podem ser desenvolvidas correlatas a Política Nacional de Habitação. O capítulo discorreu ainda sobre a precarização nas formas de contratação de assistentes sociais e demais vulnerabilidades que estamos sujeitos, sinalizando os desafios profissionais que estamos expostos e contextualizando a realidade histórica da profissão, momento em que ratifica a necessidade de ultrapassarmos o conservadorismo histórico associado ao Serviço Social. 
O quinto artigo e não menos importante: “O ORÇAMENTO E O FINANCIAMENTO DA POLÍTICA PÚBLICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NA PERSPECTIVA NEOLIBERAL: impactos na sociedade brasileira” aborda o contexto histórico do neoliberalismo, suas facetas e reflexos no desenvolvimento da Política de Assistência Social. A autora sinaliza o status de política pública da Assistência Social somente em 1988, refletindo sobre o desmonte das políticas públicas em decorrência do avanço neoliberal e enxugamento dos gastos públicos. O artigo aprofunda ainda no histórico desenrolar da política pública, do financiamento; e na exposição das reflexões acerca do seu orçamento, quando buscou evidenciar a necessidade de melhorias na garantia do repasse dos recursos públicos para esta política. 
    Caro leitor, especialmente assistentes sociais, recomendo a leitura que certamente contribuirá para a formação e prática do Serviço Social brasileiro. Apenas na breve síntese de cada um dos capítulos foi possível perceber que a leitura da coletânea está imperdível! Afinal, este exemplar possui um material contemporâneo e atualizado.

Thaislayne Nunes de Oliveira