Redes sociais e liberdade: Uma análise comportamental dos impactos das plataformas digitais
Publicado em 06 de outubro de 2022.
A partir da criação da web, as práticas de convivência virtual se mantiveram crescentes. E, desde que surgiram, as redes sociais são promovidas como potencializadoras da liberdade, por proporcionarem oportunidades de expressão, conectividade, visibilidade, renda, entre outros. Por outro lado, especialistas e ativistas afirmam que elas geram efeitos significativamente antagônicos à liberdade, visto que estão gradualmente invadindo importantes áreas da vida pública e privada. Conforme B. F. Skinner, a literatura da liberdade propagada culturalmente é muito objetiva e não divulga uma filosofia da liberdade, apenas meios de condutas, induzindo as pessoas a “agir para se ter liberdade". E, sem a análise do comportamento, tende-se a não compreender sobre o conceito de liberdade da perspectiva comportamental, podendo interferir na autonomia e na busca por direitos. Portanto, objetivou-se demonstrar, com base na conceituação de liberdade da análise do comportamento de B. F. Skinner, quais são os impactos das Redes Sociais para a liberdade das pessoas. E, para isso, foi realizado um estudo teórico exploratório, de abordagem qualitativa. Foram realizadas análises comportamentais, de curto e longo prazo, das consequências do uso de redes sociais, a partir do estudo de suas lógicas de funcionamento, as quais se organizam em quatro princípios norteadores (programabilidade, popularidade, conectividade e dataficação) e com base em quatro variáveis determinantes comportamentais (acessibilidade, conectividade, feedbacks sociais e popularidade). Como resultado, verificou-se que, acurto prazo, o uso de redes sociais gera sentimentos de liberdade devido à diversas facilidades e oportunidades que elas podem proporcionar. Porém, os dados obtidos a partir da revisão de literaturas indicam que, a longo prazo, o uso de redes sociais reforça o modelo hierárquico social, podem causar vício, deterioramento de qualidades relacionadas ao bem-estar como malefícios à saúde mental, podem ser prejudiciais para a humanização e interferir em questões políticas. Consequentemente, pôde-se concluir que as publicidades das redes sociais evidenciam as vantagens das plataformas como meios de potencialização da liberdade enquanto ocultam as consequências desvantajosas de longo prazo de sua utilização. Isso contribui para o adiamento de discussões sobre os seus efeitos negativos, que são relevantes para a sociedade contemporânea e que, consequentemente, podem afetar substancialmente o autoconhecimento dos usuários. De acordo com a perspectiva da análise do comportamento, só existe liberdade quando há autoconhecimento, de modo que se possa planejar e arranjar contingências de reforço do próprio comportamento. E, portanto, pode-se inferir que, a curto prazo, as redes sociais podem gerar sentimentos de liberdade, mas a real existência de liberdade sempre será limitada e depende necessariamente de conhecimentos sobre como o seu uso pode afetar a si próprio e da capacidade de autocontrole.
Redes sociais e liberdade: Uma análise comportamental dos impactos das plataformas digitais
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DOI: 10.22533/at.ed.686220610
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ISBN: 978-65-258-0668-6
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Palavras-chave: 1. Avaliação do comportamento. 2. Liberdade. 3. Redes sociais. I. Almeida, Ana Clara Falcão de Oliveira. II. Título.
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Ano: 2022