O cuidado em saúde reúne diferentes atores em seus diversos territórios e envolve saberes tradicionais que se entrelaçam às práticas convencionais, em uma construção coletiva voltada à promoção do bem-estar integral do indivíduo e da comunidade. 
Este livro é o resultado do entrelaçamento da experiencia e dos saberes de muitos destes atores que, a partir de uma escrita coletiva generosa, buscaram compartilhá-los a fim de possibilitarem a ampliação de um cuidado em saúde cada vez mais humanizado, nos diferentes territórios de atenção à saúde onde se desenvolvem, aplicando as Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS) como instrumento.
É também uma homenagem a um destes importantes atores, Edilberto Zacarias, nosso Mestre Zacca, que como Agente de Saúde da SES/DF e com muita alegria, entusiasmo e persistência conduziu as práticas do grupo de Tai Chi Chuan na UBS 1 do Lago Norte, até 2023, quando, como ele mesmo dizia: “Deus o chamou de volta para casa.”
O livro busca oferecer aos leitores uma apresentação dos diferentes territórios onde o cuidado em saúde é realizado, a partir da visão dos diferentes profissionais que atuam no serviço, dos discentes que participam dos processos formativos de aprendizagem em projetos vinculados ao “Laboratório de Práticas Integrativas em Saúde: território do saber, espaço do cuidar” da Universidade de Brasília (LabPIS/UnB) e participantes da primeira Residência Multiprofissional em Práticas Integrativas, vinculada à Secretaria de Saúde do Distrito Federal. A obra também valoriza a participação da comunidade, que interage ativamente na promoção do cuidado, bem como experiências de formação, como o Curso de Capacitação em Tai Chi Chuan e Qigong para servidores da SES-DF em Planaltina, além de eventos que disseminam as PICS junto à população em geral.
Integram esta obra seis capítulos, constituindo o quinto volume da coletânea dedicada à temática das Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS), publicada por esta editora.
No primeiro capítulo, os saberes e espaços do cuidar do território na visão da gestão de uma Unidade de Básica de Saúde do Distrito Federal, abordam a contribuição das Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS) como ferramentas para o cuidado integral e humanizado e sua relevância para o fortalecimento da Atenção Primária em Saúde (APS). 
No segundo e terceiro capítulos, os saberes e espaços do cuidar dos territórios são apresentados a partir da visão dos discentes nos diferentes processos formativos de aprendizagem. Neste contexto, o relato de experiência dos estudantes extensionistas do LabPIS/UnB e daqueles que integram a Residência Multiprofissional em Práticas Integrativas em Saúde do Distrito Federal, revelam com suas vivências em campo, a potência do território como espaço pedagógico e que o aprender fazendo, promove trocas multidisciplinares significativas com a comunidade, fortalecendo os laços de cuidado e afeto.
No quarto capítulo, os saberes e espaços do cuidar dos territórios são mostrados a partir dos diferentes fazeres, desenvolvidos há mais de 40 anos no Centro de Referência em Práticas Integrativas em Saúde (CERPIS), em Planaltina/DF, unidade que integra a Rede Primária de Atenção à Saúde. Palco onde diferentes práticas de cuidado se expressam: da medicina tradicional chinesa às práticas corporais, das rodas de conversa às oficinas terapêuticas é referência na promoção do cuidado em saúde e em educação popular. 
No quinto e sexto capítulos, os saberes e espaços do cuidar dos territórios revelam, a partir da leveza e fluidez dos movimentos do Tai Chi Chuan expressos nas narrativas do serviço e da comunidade, o poder transformador desta prática corporal milenar que ressignifica o cuidado de si e do outro. Os depoimentos dos praticantes evidenciam que, para além dos benefícios físicos, o Tai Chi Chuan promove pertencimento, acolhimento e autonomia, fortalecendo o território interior de cada indivíduo que o vivencia.
Assim, a articulação entre saberes, território, formação, práticas integrativas e protagonismo comunitário aponta para um caminho de transformação da saúde pública, a começar por cada um de nós, onde o espaço do cuidar é, acima de tudo, um ato coletivo, mas também individual, respeitoso e de partilha, em que cada ação é tecida com os fios da escuta ativa e do diálogo intercultural.
Desejamos as tessituras fluidas e leves construídas pelas PICS em nós e para todos nós!

Os organizadores.