O agronegócio café através do Direct Trade: Uma perspectiva dos seus agentes
Publicado em 09 de agosto de 2021.
O agronegócio café apresenta inúmeros agentes que permeiam a cadeia produtiva. Nesta perspectiva, surgiu, recentemente, o Direct Trade como um modelo de negociação entre cafeicultor e torrefador/cafeterias, voltado mais especificamente à comercialização de cafés especiais, suprimindo os agentes intermediários em sua negociação. Pautado nos conceitos de “Ondas do Cafés”, o Direct Trade é amplamente usado, para aquisição de cafés com qualidade superior e visa proporcionar uma relação mútua entre os agentes da cadeia. Trabalhos voltados para esta temática têm apresentado um crescimento considerável dentro da academia, porém voltados mais para a qualidade e consumo dos grãos. Ao voltar-se, especificamente, para as ações de negociação dos cafés especiais entre esses agentes, incipientes estudos aparecem no rol acadêmico que busca vislumbrar as interações entre os cafeicultores e torrefadores. Desse modo, surgem indagações que nortearão a proposta deste trabalho e têm como objetivo analisar, por meio da teoria da Economia do Custos de Transação (ECT), quais premissas levam os cafeicultores, assim como os torrefadores e cafeterias, a atuarem via Direct Trade; analisar as características desses agentes, o modo que realizam suas transações, bem como o ambiente institucional em que ocorre a comercialização dos cafés especiais e, por fim, averiguar como as ações dos agentes impactam nos custos de transações e propor medidas de redução desses custos. Isto posto, a pesquisa foi desenvolvida em duas etapas: na primeira, fez-se uma pesquisa bibliográfica, em textos acadêmicos (e não acadêmicos também) e revisão de literatura sobre a teoria utilizada, a fim de consolidar os conceitos. Então, aprofundou-se, na segunda parte, que se constitui de entrevistas semiestruturadas com agentes da cadeia do agronegócio café que se utilizam do Direct Trade, para fazer suas transações – cafeicultores brasileiros; torrefadores e/ou cafeterias, tanto no Brasil como no exterior. Por entrevistas, a ETC corroborou no entendimento de que o Direct Trade é um modelo de negócio que visa minimizar os intermediários do café, mas apresenta perspectivas bem distintas entre os cafeicultores brasileiros quanto ao aspecto das torrefadoras e/ou cafeterias tanto no Brasil como no exterior. Embora o Direct Trade não seja uma certificação como o FairTrade, Rainforest Alliance, entre outras, observou-se também que, mesmo que as aquisições via Direct Trade não exijam, ou ocorram pelas certificadoras (Certificações), os cafeicultores, que melhoraram a qualidade de seus cafés, possuíam algum tipo de certificação, mas nem todo cafeicultor certificado atua no mercado de cafés especiais, ou sequer conhecem a qualidade do seus cafés, o que cria um ambiente institucional sem mudanças significativas, permeado com ações oportunistas de seus agentes pela racionalidade limitada arraigada aos moldes tradicionais de comercialização de cafés. A pesquisa identificou, também, que, mesmo sem os nexus de contratos firmados entre cafeicultores e torrefadoras e/ou cafeterias, foi possível obter altos valores pagos à saca de cafés especiais aos produtores, os quais têm robustecido a expansão da produção e venda de cafés especiais via Direct Trade tanto no mercado interno como no exterior.
O agronegócio café através do Direct Trade: Uma perspectiva dos seus agentes
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DOI: 10.22533/at.ed.924210608
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ISBN: 978-65-5983-392-4
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Palavras-chave: 1. Café - Aspectos econômicos. 2. Direct Trade Coffee. 3. Agronegócio. 4. Economia dos Custos de Transação. 5. Cafés especiais. 6. Certificações. I. Reis, Nilmar Diogo dos. II. Título.
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Ano: 2021