Publicado em 04 de agosto de 2021.

No dia 11 de março de 2020, a Organização Mundial da Saúde declarou oficialmente que o planeta estava a vivenciar uma pandemia causada pelo vírus da Covid-19. A partir dessa data, as aulas presenciais foram suspensas em todos os estabelecimentos de ensino dos estados brasileiros. O mundo “paralisou” por conta de um vírus que pertence a uma grande família viral, conhecido desde meados dos anos 1960. A família viral do Coronavírus causa infecções respiratórias em animais e seres humanos. Porém, a cepa SARS-Cov-2 “Severe Acute Respiratory Syndrome” (SARS - Síndrome Aguda Respiratória Grave) é diferente de uma primeira cepa que acometia seres humanos e que foi descoberta em 2003. A SARS-Cov-2, tem uma ação mais agressiva ao organismo humano e sua propagação tem maior potencial.

Desse modo, nossa vida foi drasticamente alterada em virtude da necessidade de isolamento social a fim de evitar a propagação do vírus. Fomos afetados economicamente, culturalmente, politicamente, psicologicamente, enfim... todas as áreas da vida humana foram afetadas pela pandemia. E na área da educação os impactos são inúmeros, podemos afirmar também que tivemos grandes prejuízos no que se refere à formação dos estudantes dos mais diversos níveis de ensino. Mas também observamos aspectos positivos e de crescimento intelectual para educadores e estudantes que passaram a vivenciar outras formas de construção e de acesso ao conhecimento.

Nossas escolas não estavam suficientemente preparadas para o “Ensino Remoto Emergencial”, temos índices no Brasil que revelam um alto percentual de escolas que sequer tinham internet em período anterior a pandemia, conforme dados do Censo Escolar do INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) apenas 9,9% das escolas localizadas na zona rural tinham acesso à internet e 85% das escolas da zona urbana tinham acesso à internet até o ano de 2016.

Indicamos outra fragilidade da escola brasileira, trata-se da incorporação repentina de tecnologias digitais aos processos escolares, para muitos gestores e educadores a adaptação ao uso de tecnologias digitais para a execução das aulas tornou-se um processo de letramento digital. Podemos afirmar que grande parte dos(as) educadores(as) vêm passando por uma mudança paradigmática no seu trabalho. Antes da instauração do quadro de pandemia o uso de tecnologias digitais não era obrigatório e em muitos casos não havia estímulo nem tampouco capacitação docente. Hoje, podemos afirmar que as Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação (TDIC) são fundamentais para a efetividade do processo ensino-aprendizagem no contexto pandêmico.

Essa obra apresenta-se como uma produção que nasce exatamente nesse contexto, em que educadores e educadoras passam a refletir e reinventar seu trabalho a partir da lógica das relações virtuais mediadas por tecnologias digitais.

Assim, os autores desta obram abordam em cada artigo temáticas que estão na efervescência dos dilemas educacionais vivenciados no contexto da pandemia e do “Ensino Remoto Emergencial (ERE)” no período de 2020 a 2021. A inserção do ERE provocou uma nova lógica de tempo e espaço no trabalho educacional, bem como provocou a revisão de conceitos relacionados à prática pedagógica tais como, avaliação educacional, currículo, mediação pedagógica, relação professor-aluno, metodologias ativas, etc.

Dentre as reflexões sobre a educação no período de pandemia, são apresentadas nesta obra algumas discussões que se voltam a um curso de formação inicial de professores que ainda é recente no Brasil, mas que ganhou maior visibilidade no período da pandemia, trata-se do curso de Licenciatura em Ciência da Computação.

Desejamos que cada leitor possa através desta obra ampliar suas reflexões e compreensões a respeito de algumas, questões que perpassam a educação no contexto da pandemia causada pelo Coronavírus.

Os organizadores.