Ebook - GEROPEDAGOGIA - Educar para envelhecer – 2ª EdiçãoAtena Editora

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1. Velhice - Aspectos sociais. 2. Pedagogia. I. Carvalho, Teresinha Augusta Pere...

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capa do ebook GEROPEDAGOGIA - Educar para envelhecer – 2ª Edição

GEROPEDAGOGIA - Educar para envelhecer – 2ª Edição

Publicado em 11 de agosto de 2023.

A Ave de Minerva alça seu voo ao entardecer. O axioma da mitologia
grega faz menção a uma metáfora sobre o saber que é contemplado no luscofusco
sempre sugere o final de um dia para treinar o olhar sobre a escuridão.
Como diria Goethe em seu famoso conceito: “lucidez é uma propriedade do
contraste entre luz e sombra”. Enxergar em meio às brumas requer um olhar
fecundo, como sinaliza a etimologia da palavra Theoros- olhar o divino.
A Ave de Minerva, como símbolo da sabedoria, possui lucidez e um olhar
divino, ressonâncias de quem vive na velhice o apogeu de um conhecimento
que brilha entre os espectros de uma existência bela e forte. À maneira da lenda
indígena do canto do Uirapuru- o pássaro encantado da floresta amazônica que
emite o pio mais lúgubre e, ao mesmo tempo, o mais penetrante, ao ponto de
silenciar todos seres vivos, o idoso traz consigo, em potência e ato, um hino
de saberes, mas carentes de uma orientação teórica- o olhar divino- somente
logrado através da educação com seu fio de Ariadne. Mas não é apenas o fio
que conduz como suposto norteamento ao fundo labiríntico, é a mão que o
desenrola, a mão da educação. Como na origem latina da palavra educação –
educare- tirar de dentro para fora- e ducere- tirar e levar- a mão requer outra mão
para tecerem em conjunto – significado da palavra complexidade- a ubiquidade
de um saber natural em um saber disciplinado ou uma epistemologia. Ou seja,
a educação são mãos que tecem juntas a complexidade dos saberes, tirando de
dentro para fora e levando para outros, o Theoros. Outrossim, podemos afirmar
que a Educação é uma teoria que penetra o coração de todas as coisas, alçando
voos no entardecer da vida humana. Destarte, educação e envelhecimento são
mãos que se entrelaçam para tornar a vida mais iluminada e lúcida no meio da
escura trajetória humana.
Não faz muito tempo que o envelhecimento coincidia com a supressão
dos sentidos da vida humana em suas bases mais comuns. Crescer, trabalhar,
constituir família, educar os filhos e se aposentar, era o desiderato da vida
dominante de todas as gerações. Logo após a consecução destas missões, viria
a morte, dispensando os idosos de antanho, a uma reinvenção de suas vidas
com outros propósitos. Na contemporaneidade a lógica muda, convocando uma
emergência de novos sentidos para a vida humana dado o ganho da longevidade.
E agora? Depois que se expiravam os sentidos comuns aos sessenta anos
a finitude existencial grafava seu ponto final na página amarela de uma vida
ligeira e sem prazo para novos horizontes. O entardecer era curto. Entretanto,
na atualidade, depois dos sessenta anos, nos perguntamos, muitos aturdidos e
poucos entusiasmados, o que faremos com os próximos vinte ou trinta anos que
galopam em futuro breve? Faz-se mister outros sentidos para reinventar a vida
na longevidade, quando todos os sentidos comuns foram concretizados. Neste
diapasão surgem as ciências do envelhecimento e suas estruturas life-spam,
para através da Pedagogia e Androgogia, fortalecerem os passos intrépidos de
populações idosas carentes da luz de Minerva e do canto do Uirapuru, no afã de
gerar uma vida melhor. É preciso saber envelhe-ser, ou seja, saber ser idoso.
É com este escopo que a escritora e pesquisadora Terezinha Augusta
ingressa no labirinto dos saberes, com fios gero-pedagógicos, e com as mãos
atadas à complexidade do envelhecimento, seu theoros, para mirar o coração de
quem envelhece através de sua obra educativa que brada um canto afiado aos
ouvidos de quem somente escuta a música da longevidade aqueles que sabem
dançar o seu envelhecimento, parodiando Nietzsche.
Há duas formas de contemplar uma vela acesa: uma é constatando que a
luz que produz implica na consumação da cera que a alimenta; a outra é apreciar
que enquanto há cera, há luz. Viver é brilhar na cera do nosso tempo finito.
Que esta ousada obra, carregada da cera da longevidade, traga por meio da
Educação, a luz que deve brilhar no crepúsculo de uma vida que teve o luxo
de ser longeva, ou mais ainda, mais do que longa, uma existência honrosa.
Afinal, mesmo que longeva, a vida é muita curta para ser pequena, lembra-nos
Benjamim Disraeli.

Spencer Hartmann Júnior
Mestre em Psicologia Clinica pela UNICAP-PE
Doutor em Neuropsquiatria pela UFPE
Professor Adjunto da Faculdade de Ciências Médicas/UPE
Psicólogo Clinico

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GEROPEDAGOGIA - Educar para envelhecer – 2ª Edição

  • DOI: 10.22533/at.ed.848231008

  • ISBN: 978-65-258-1584-8

  • Palavras-chave: 1. Velhice - Aspectos sociais. 2. Pedagogia. I. Carvalho, Teresinha Augusta Pereira de. II. Título.

  • Ano: 2023

  • Número de páginas: 111

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