Publicado em 05 de janeiro de 2023.
Esta obra sistematiza achados consolidados em cinco anos de trabalho
de revisão das construções sócio-históricas e políticas de teorias e conceitos
desenvolvidos e aplicados ao campo da velhice e que se encontram postos à
contemporaneidade dos sujeitos que experienciam a velhice no século XXI,
no Brasil. Ao possibilitar uma releitura histórica dos objetivos inscritos nos
regulamentos políticos aplicados ao seguimento idoso, o estudo traz a revelação
dos atemporais interesses capitalistas interiorizados aos fundamentos das
contemporâneas políticas públicas e serviços privados colocados em relação
com as necessidades do segmento idoso. As críticas produzidas oferecem
combustível à necessidade de mobilizar os cidadãos para reclamarem a defesa
de mínimos sociais para melhor suprir as necessidades relacionadas à vivência
digna da velhice por brasileiros de todas as classes sociais.
Na oportunidade da introdução deste livro são anunciados conceitoschave
ao universo da velhice, do Estado e da Sociedade capitalista. Tal base
conceitual facilita expor problemas que desafiam a experiência da velhice vivida
pelos brasileiros e abrir questões em face das lacunas deixadas pela Política
Nacional do Idoso. A partir das provocações colocadas na introdução são
elaboradas as explicações para os desenvolvimentos dos quatro capítulos deste
livro, quais sejam:
• No capítulo 01 – Tomando a recente demografia do envelhecimento
como ponto de partida, confere-se atenção ao que o Estado e os
Serviços Privados direcionados aos idosos têm promovido em termos
de benefícios de proteções, cuidados e possibilidades de vida;
• No capítulo 02 – Há a revisita ao percurso sócio-histórico das sete
últimas décadas para, assim, compreender a simbiose políticopedagógica
que, ao longo da história, dita a posição dos idosos na
sociedade com variações a cada década, assim como compreender
as perspectivas contemporâneas que a sociedade possibilita à vida
das pessoas com mais anos de vida.
• No capítulo 03 – Adentra-se ao sistema operacional das políticas
públicas nos meandros da micropolítica, consolidadas por serviços
modelos na Assistência a Pessoas Idosas, para auxiliar nas
constatações da perversidade capitalista, permeando políticas
públicas repletas de lacunas e de baixo amparo das responsabilidades
do Estado;
• No capítulo 04 – Amplia-se a lente sobre os problemas do norte
político internacional do Envelhecimento Ativo e Saudável, revelando
Apresentaçāo
as realidades vividas por idosos alheias a esse norte político, ou
seja, demonstra-se que o ativismo na velhice não é competente
para alcançar e contemplar todas as camadas e contextos em que a
velhice pode ser vivida no Brasil.
O cruzamento das reflexões e das sistematizações do estudo demonstra
que, não por acaso, ocorre a sedimentação das orientações políticas para a
velhice, e constata que a qualidade de vida na velhice é uma condição associada
à classe social da qual o cidadão participa no decurso da vida. Portanto, a
materialização do envelhecimento ativo e saudável não é assegurado por direito,
evidenciando-se que quanto mais vulneráveis sejam as pessoas, menores são
suas chances de viverem a velhice com qualidade de vida e plenitude.