Ebook - Dilemas contemporâneos: tecnologias, negacionismos, memóriaAtena Editora

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1. Tecnologia. 2. Memória. 3. Negacionismo. I. Martoni, Alex (Organizador). II....

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capa do ebook Dilemas contemporâneos: tecnologias, negacionismos, memória

Dilemas contemporâneos: tecnologias, negacionismos, memória

Publicado em 11 de setembro de 2023.


Este livro é uma coletânea cuidadosamente preparada a partir de uma seleção de textos apresentados no I Seminário Internacional de Crise da História, Assombros da Memória, organizado pelo Programa de Pós-Graduação em História das Populações Amazônicas da Universidade Federal do Tocantins e ocorrido de forma virtual em setembro de 2021. Tal como o evento que incitou a escrita desses textos, a coletânea que agora apresentamos é resultado de uma reflexão a respeito de temas inquietantes e que suscitam, na contemporaneidade da escrita desses textos, a curiosidade investigativa de diferentes ciências humanas e sociais.
Ao abordar, a partir de uma perspectiva multidisciplinar e dialógica, temas como o lugar da narrativa historiográfica na contemporaneidade, a memória, os negacionismos e os impactos das tecnologias bem como seus reflexos no estudo e no lugar social destes temas, esse livro chega em um momento importante e de maior esperança para a academia em geral e os pesquisadores em ciências pública, as universidades e instituições de pesquisa e a sociedade como um todo no que diz respeito a revalorização da racionalidade científica e socialmente engajada. Contudo, a reedição do debate público e da esperança não significam a conclusão ou irrelevância das pesquisas sobre os temas aqui tratados, que, em grande parte, ainda possuem lacunas abertas a serem exploradas eagenciadas por pesquisas ética e socialmente comprometidas, como as que ora se apresentam. Ao contrário, a realização de tais estudos é parte essencial de um enfrentamento a todas e quaisquer formas de esvaziamento do debate público comprometido com o desenvolvimento social e intelectual das sociedades e pessoas que as formam.
A coletânea está organizada em três linhas temáticas que se completam para formar uma análise em larga escala do que estamos aqui tratando como dilemas contemporâneos. Iniciando pelo texto de Fernando Santana de Oliveira Santos, Histórias (Não) Recomendadas: negacionismo e capitalismo de plataforma, o leitor encontrará uma instigante análise da dependência crescente das sociedades contemporâneas das tecnologias de informação e suas relações
com os discursos negacionistas, focando na influência desses elementos na tomada de decisões cotidianas e políticas por parte das pessoas. Longe de adotar uma postura tecnófoba, o autor apresenta um estudo de base histórica
dos objetos em debate e propõe caminhos para um enfrentamento aos perigos apresentados pelo que chama de “nova revolução industrial”.
Na sequência, o texto de Marcos Galindo, A tecnologia da memória, direciona a discussão sobre a tecnologia para um caminho paralelo, ao propor, a partir de aproximações e diálogos transdisciplinares com um vasto arsenal de autores, uma inovadora abordagem dos estudos da memória: partindo das proposições de Marshal Macluhan, para quem os instrumentos produzidos tecnologicamente são extensões do homem, Galindo propõe uma leitura da memória como tecnologia e, portanto, transformadora do meio natural.

Abordando o tema da memória a partir de outra perspectiva, No princípio da memória, a História: notas sobre o elogio da missão francesa na historiografia uspiana (1940-1950), de Diego José Fernandes Freire, traz um detalhado estudo
da construção memorial em torno da vinda de historiadores franceses para lecionar na USP na década de 1930 do século XX. Diego Freire debruça-se sobre as diferentes narrativas produtoras da memória institucional e historiográfica do que ficou conhecido como a Missão Francesa para analisar a fundo a formação de um importante cânone historiográfico nacional.
Seguindo o debate historiográfico, Janaina Zito Losada realiza, a partir de um largo conjunto de pesquisadores e teóricos em Discursos e experiências de negação nas fronteiras do humano: por uma historiografia das ausências animais, um estudo-denúncia dos silêncios e negações, nos estudos históricos, de temas e sujeitos outros que não centrados no humano. A proposta da autora coloca o autor em estado reflexivo diante dos possíveis caminhos da contemporaneidade no enfrentamento de questões naturais de ordem urgente.
Elizete da Silva, em Negacionismos e Religiosidades: uma perspectiva evangélica, investiga como algumas posições religiosas tornaram-se elementos centrais para se pensar perspectivas de negação das vacinas e da ciência. A autora recupera aspectos históricos do protestantismo europeu e os contrapõe com a formação das comunidades evangélicas nos EUA e no Brasil, propondo uma reflexão sobre a relação do negacionismo com a Teologia da Prosperidade.
Por fim, o texto expõe interessantes pontos de resistência à necropolítica dentro da própria comunidade evangélica.
George Seabra, por sua vez, em Literatura, História e revisionismo: os “novos bandeirantes” e as disputas políticas na década de 1930 busca quebrar, a partir de diálogos com produções literárias, a memória do período 1930-1945,
construída e consolidada historiograficamente, como um período coeso. Para tanto, propõe reabilitar o estudo do Movimento Bandeira como exemplo de alternativa à linha hegemônica e que foi enaltecida pela historiografia para o
período estudado. Encerrando o livro com incursões nos estudos psicológicos dos temas em debate, o texto de Flávio Vilas-Bôas Trovão, Os limites do humano na representação cinematográfica de “Tiros em Columbine” e “Precisamos falar sobre Kevin”, aproxima História e Cinema para fazer uma leitura estética e psicológica do episódio ocorrido na escola Columbine, nos Estados Unidos, no ano de 1999. Muitos foram os discursos e buscas de entender o ato “deshumano”, como coloca o autor. Sendo assim, o estudo de Flávio Trovão vai para além da superfície das interpretações comuns sobre o evento e propõe um interessante diálogo analítico a partir de duas produções fílmicas que abordam a temática.
Eloy Sampaio e Vitor de Oliveira, em Arqueologia dos sintomas coletivos: pensando recordação, repetição, e elaboração num plano histórico-social investigam os limites da reflexão psicanalítica no plano das coletividades.
Tomando por base a noção de Sigmund Freud de repetição para não recordação dos aspectos inconscientes, muito conhecida na aplicação do paciente e do indivíduo, os autores procuram entender como ou se é possível pensar essa
base em para a psicologia coletiva, tomando como necessidade compreender como “emergem” elementos inconscientes em forma de sintomas coletivos.


Alex Martoni, Marcos Arraes e Vitor Oliveira.

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