
Correlação de testes funcionais e da angiotomografia coronária na ponte miocárdica
Publicado em 22 de março de 2022.
A ponte miocárdica (PM) é uma anomalia congênita das artérias coronárias, em que um segmento coronário percorre um trajeto intramural no miocárdio, sendo comprimido durante a sístole. Como a perfusão coronariana ocorre fundamentalmente durante a diástole, ela é considerada uma condição benigna. Porém, pode gerar isquemia miocárdica, sendo assintomática ou manifestando-se como angina de peito ou dispneia, e levar a complicações, como arritmias, infarto agudo do miocárdio (IAM) e morte súbita. A angiotomografia coronária tem se mostrado um exame de alta sensibilidade e especificidade para avaliação da anatomia das artérias coronárias e sua relação com o miocárdio, possuindo alto valor diagnóstico para detecção e avaliação da PM. Desse modo, este estudo tem como objetivo relacionar a presença de ponte miocárdica, diagnosticada através de angiotomografia coronária, com isquemia miocárdica, evidenciada por testes funcionais (teste ergométrico e cintilografia miocárdica) positivos para isquemia. Para isto, foi realizado um estudo prospectivo não randomizado, através de pacientes encaminhados à clínica Quanta Diagnóstico e Terapia na cidade de Curitiba, Paraná, para realização de angiotomografia coronária. Foram excluídos pacientes com doença arterial coronariana prévia, com obstrução coronária maior que 50% em pelo menos um vaso e sem prova funcional prévia. Um total de 779 pacientes no período de outubro de 2016 a fevereiro de 2018 foi avaliado. Realizou-se regressão logística multivariada para determinar o valor preditivo da PM para detectar isquemia em provas funcionais (PF), ajustado para as seguintes variáveis: idade, sexo, hipertensão arterial sistêmica (HAS), diabetes mellitus (DM), dislipidemia, sedentarismo e aterosclerose. Na amostra avaliada, 194 pacientes apresentavam prova funcional negativa e 585 positiva. A demografia da população estratificada para o resultado de prova funcional foi avaliada. Dos 779 pacientes, 135 (17,3%) apresentaram PM à angiotomografia. Destes, 109 apresentavam PF positiva e 26 PF negativa (p valor 0,095). Os pacientes com PM e PF positiva representaram 18,6% do total dos pacientes isquêmicos. Dos pacientes do sexo feminino, 344 apresentavam PF positiva e 76 PF negativa (p-valor<0,0001). Nos pacientes com PF positiva, 327 (55,9%) apresentavam HAS (p-valor=0,420), 120 (20,6%) possuíam DM (p-valor=0,278), 242 (41,4%) possuíam dislipidemia (p-valor=0,038), 354 eram sedentários (p valor 0,142) e 309 (52,8%) apresentaram aterosclerose (p-valor=0,150). Na análise multivariada apenas o sexo feminino [OR 2,15 (IC95% 1,52-3,02)] foi considerado preditor de isquemia miocárdica em PF. Conclui-se que a PM esteve presente em aproximadamente 20% dos casos isquêmicos, apesar de estatisticamente não ser preditora de isquemia miocárdica em testes funcionais. O sexo feminino foi o único preditor de isquemia em PF.
Correlação de testes funcionais e da angiotomografia coronária na ponte miocárdica
DOI: 10.22533/at.ed.049221803
ISBN: 978-65-5983-904-9
Palavras-chave: 1. Coração - Cirurgia. 2. Ponte miocárdica. 3. Doença cardíaca coronária. 4. Isquemia miocárdica. 5. Tomografia computadorizada. 6. Diagnóstico por imagem. I. Vosgerau, Larissa Maria. II. Cerci, Rodrigo Julio. III. Gewehr, Douglas Mesadri. IV. Título.
Ano: 2022