Cirurgia da fibrilação atrial crônica com ultrassom em pacientes com lesão valvar mitral
Publicado em 19 de fevereiro de 2023.
Introdução: A fibrilação atrial (FA) é a mais frequente arritmia com taxa elevada de
morbimortalidade. A utilização de ablação por cateter para tratamento de FA estimulou o
uso de fontes de energia como ultrassom (US) em procedimento cirúrgico para provocar
lesões por vias endocárdica, epicárdica ou ambas, em substituição à secção e sutura da
parede atrial. A presença de cardiopatia prévia, na maioria das vezes, lesão da valva mitral,
em pacientes com fibrilação atrial crônica (FAC), justifica o tratamento cirúrgico dessa
arritmia concomitante à cirurgia valvar. Objetivo: Avaliar tratamento cirúrgico da FAC com
US em pacientes com lesão valvar mitral, considerando-se: 1- caracterização clínica préoperatória
de pacientes submetidos a tratamento cirúrgico da fibrilação atrial crônica e, 2-
acompanhamento de pacientes no pós-operatório imediato, na alta hospitalar e tardio até 60
meses. Casuística e Método: Foram estudados retrospectivamente e de forma consecutiva
100 pacientes portadores de FAC e lesão valvar mitral submetidos a tratamento cirúrgico
por meio de ablação com US, com idade entre 18 e 70 anos (43,56 ± 4,94 anos), sendo 63
(63%) do sexo feminino e 37 (37%) do masculino. Dados dos pacientes foram revisados
prospectivamente por meio de consulta a fichas de controle, incluindo variáveis demográficas
(sexo e idade) e cardíacas [sinais e sintomas, doença de base, classe funcional, tempo de
permanência hospitalar, tempo de procedimento cirúrgico, tempo de ablação, complicações
intra e pós-operatórias (imediato, alta hospitalar e tardio até 60 meses)]. Foi utilizada a
curva atuarial (Kaplan-Meier) para estudo da permanência sem recidiva após 12, 24, 36,
48 e até 60 meses em pacientes com FAC. Resultados: Dos pacientes estudados, 86%
tinham doença mitral reumática, 14% degeneração da valva mitral, 40% eram portadores de
insuficiência mitral, 19% de dupla lesão mitral, 36% de estenose mitral e 5% de reestenose
mitral. Os principais sintomas incluíram palpitações relacionadas à taquicardia pela FAC
(70%), insuficiência cardíaca congestiva (70%), episódio prévio de edema agudo de pulmão
(27%), acidente vascular encefálico por tromboembolismo (13%) e embolia periférica (7%).
A classe funcional dos pacientes foi III/IV. Os resultados imediatos mostraram que 94% dos
pacientes submetidos à ablação com US reverteram o ritmo de FAC, sendo 86% em ritmo
sinusal e 8% em bloqueio atrioventricular, que foi transitório. Na alta hospitalar observou-se
manutenção do ritmo sinusal em 86 pacientes e recidiva da FAC em 8. No acompanhamento,
após 60 meses, 83,8% dos pacientes mantinham o ritmo sinusal. Conclusões: Pacientes
com doença mitral reumática apresentam frequentemente insuficiência e estenose mitral,
palpitações relacionadas à taquicardia pela fibrilação atrial crônica e insuficiência cardíaca
congestiva. O tratamento cirúrgico da FAC com US concomitante a cirurgia valvar mitral é
factível e satisfatório, com manutenção do ritmo sinusal na maioria dos pacientes (83,8%),
após 60 meses de seguimento.
Cirurgia da fibrilação atrial crônica com ultrassom em pacientes com lesão valvar mitral
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DOI: 10.22533/at.ed.925231602
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ISBN: 978-65-258-0892-5
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Palavras-chave: 1. Coração - Cirurgia. I. Brick, Alexandre Visconti. II. Título.
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Ano: 2023
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Número de páginas: 63