Ebook - Bioengenharia Ocular: Os óculos de sol e suas NormasAtena Editora

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1. Olhos. 2. Biologia. 3. Óculos de sol. 4. Profissionais de óticas. I. Ventura,...

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capa do ebook Bioengenharia Ocular: Os óculos de sol e suas Normas

Bioengenharia Ocular: Os óculos de sol e suas Normas

Publicado em 02 de fevereiro de 2022.

Este livro é um passeio por vários tópicos, que envolvem desde a biologia do olho humano, a Física das radiações envolvidas nas normas de óculos de sol, até a visão dos produtores de óculos de sol e dos profissionais de óticas que trabalham com os filtros de proteção. Ainda mostra algumas das pesquisas desenvolvidas na Universidade de São Paulo (USP), campus de São Carlos, no Laboratório de Instrumentação Oftálmica (LIO), que é coordenado por mim e conta com o apoio financeiro da FAPESP. Diria que é um retorno à sociedade para transferência de um pouco de todo conhecimento adquirido e que nos foi investido ao longo dos últimos 25 anos.

É evidente a importância do conhecimento das normas de óculos de sol no Brasil e sobre as dificuldades de certificação dos óculos em nosso País; afinal, trata-se de proteção da saúde ocular. Quanto à questão das dificuldades, a complexidade é maior, pois vai além do custo relativamente alto para se certificar, passando pela falta de laboratórios nacionais para a certificação destes óculos. Tal carência de laboratórios também está intimamente ligada ao alto custo dos equipamentos necessários ao processo de certificação, que ultrapassa US$ 300 mil. Não só esse custo é alto, mas, em adendo, a cada 3 anos as normas são reavaliadas e os equipamentos adquiridos podem tornar-se obsoletos em função de novos requisitos impostos – e muitas vezes, questionáveis, como se poderá observar através das críticas apresentadas em algumas das pesquisas científicas expostas neste livro.

A maioria dos autores deste livro são ligados a comitês de estudo e deliberações de normas para óculos de sol. Assim, vale a pena narrar aqui uma das várias histórias desse meio que pode ser considerada uma espécie de motivação para a compilação e produção do material contemplado nos capítulos desse livro.  

Em 1996, eu e Prof. Sidney J Faria e Sousa realizamos no Laboratório de Fisica Oftálmica - FMRP-USP, a pedido do INMETRO as primeiras medições de proteção ultravioleta em óculos de sol no país. Naquela época, não havia norma brasileira para óculos de sol e os ensaios foram realizados baseados nas normas Norte-americana e Europeia, uma vez que a procedência de vários óculos encaminhados para os testes era de países dessas regiões. A primeira norma brasileira para proteção ultravioleta em óculos de sol, NBR15111, foi redigida e publicada posteriormente, em 2003. De 2010 a 2013, em contribuição à revisão e redação desta norma, a Escola de Engenharia de São Carlos da USP participou, através de mim e outros membros do laboratório que coordeno, do CB49, da ABNT, comitê principal para alterações desta norma. Entre os autores de capítulos deste livro, participavam ativamente das discussões e trabalhos do comitê eu, o empresário do ramo de óculos de sol, Engenheiro José de Anchieta Toschi, o Prof. Mauro Masili e o Prof, Homero Schiabel.

Esta norma brasileira (a NBR15111) era até então uma cópia fiel (ou “espelho”) da norma Europeia BSEN1836, com uma única, porém, importante diferença, resultado de uma árdua batalha travada no então comitê CB49 da ABNT, e que se referia à extensão do intervalo de análise da proteção ultravioleta em óculos de sol – que era de 280 a 380nm, passando para 280 a 400nm.

O motivo para esta extensão de 20 nm no intervalo do ultravioleta A era muito importante para a proteção ocular do brasileiro, uma vez que a irradiância do sol que chega até o Brasil é bastante maior do que a que chega na Europa, de onde a norma brasileira estava sendo espelhada. Além disso, o teste de resistência à irradiação solar passou de 25 h para 50 h de exposição, também para maior segurança da saúde ocular.  

A alteração desses requisitos foi baseada em resultados de estudo realizado no LIO-EESC-USP, apoiado pela FAPESP e também da interação com profissionais, que participam dos comitês de norte-americanos de normas, tais como Herbert Hoover, Stephen Dain e David Sliney, que também são membros dos comitês internacionais de normas para óculos de sol.

Ao mesmo tempo em que se eram estudadas cientificamente as normas para possibilitar uma proteção mais realista da saúde ocular do brasileiro em função das características mais peculiares do país em termos de irradiância solar, eram criados na Escola de Engenharia de São Carlos - USP, no campus de São Carlos, equipamentos inéditos para possibilitar que o público em geral pudesse auto-testar a proteção de seus óculos de sol. Esses estudos tiveram repercussão internacional, a ponto de a rede de notícias BBC News produzir uma primeira reportagem (que foi ao ar pela primeira vez em junho/2014), e uma segunda, complementar, sobre o trabalho, e que pode ser acessada através do link: http://www.bbc.com/news/health-28452943.

Ao mesmo tempo em que estudos na USP já demonstravam que a necessidade de se atentar às normas para óculos de sol e questionar seus requisitos, em 2015, porém, a NBR15111:2013 foi revogada. Um dos fatores que contribuíram para essa ação foi a inexistência de laboratórios de certificação no Brasil, tornando inviável a certificação do produto de acordo com a nova norma, uma vez que os laboratórios Europeus e Americanos apenas certificavam seus óculos até 380 nm.

Os estudos com críticas sobre as normas para óculos de sol tanto brasileira, como as estrangeiras, tinham como base essa revogação da norma brasileira NBR15111:2013, que havia sido produto de um grande trabalho com nossa participação direta com vistas a traduzir uma espécie de nacionalização para atender o que cientificamente é comprovado em termos da necessidade de proteção ocular da população do Brasil, mas que então voltava a ser “espelho” da ISO 12312-1:2013, ou seja, considerando retornar novamente o intervalo de proteção para 280–380nm. Tais críticas acabaram sendo estendidas para a referida ISO, que é mundialmente “espelhada” – exceto na Austrália e no Canadá, que estabelecem os 400nm como limite superior para proteção.

Como efeito dessas análises publicadas em revistas internacionais, fui convidada para proferir uma palestra no NIST- National Insitute of Standards and Technology (EUA) a fim de explicar de fato as críticas que vínhamos fazendo sobre as normas existentes nesses textos, e que inclusive repercutiram na imprensa internacional (BBC News, Times Magazine). Um de nossos artigos (Prof. Mauro Masili e Profa. Liliane Ventura) sobre os óculos de sol e as normas foi considerado como um dos mais influentes da revista Biomedical Engineering OnLine, no ano de 2016. 

Por isso, espero que este livro, escrito em colaboração por profissionais das mais diversas áreas, mas que têm em comum o conhecimento das normas para óculos de sol, seja valioso para as pessoas que queiram se aventurar nesta área. 

Liliane Ventura

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Bioengenharia Ocular: Os óculos de sol e suas Normas

  • DOI: 10.22533/at.ed.810220102

  • ISBN: 978-65-5983-981-0

  • Palavras-chave: 1. Olhos. 2. Biologia. 3. Óculos de sol. 4. Profissionais de óticas. I. Ventura, Liliane. II. Masili, Mauro. III. Sousa, Sidney Julio de Faria e. IV. Título.

  • Ano: 2022

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