Publicado em 09 de dezembro de 2024.

Bem-vindo à Cidade-obra! Sinta-se à vontade para explorar os platôs
ondulantes que emergem da História, imagem e estética desta fascinante
cartografia de Barcarena. Aqui, a cidade é uma obra de arte, uma construção
urbanística e estética em contínuo fluxo.
Convido você a vivenciar uma experiência contemporânea, onde a
exposição da cidade estetizada provoca a mente e desperta uma sensação de
embriaguez, como se caminhássemos por cartografias imanentes expressas na
escrita.
Este projeto foi possibilitado pela captura de sensações, percepções e
afetos de mudanças tênues, que se dissipam como rizomas no pensamento
inscrito nas bordas e limites abertos deste objeto-urbano em fluxo no espaço e
tempo.
A cidade-obra é uma construção perceptiva e teórica da dinâmica urbana,
através de um olhar crítico, artístico, filosófico e relacional. Formado pelo rizoma
entre arte, cidade e pensamento, define o ser urbano como uma obra de arte.
As cidades, com suas linhas e formas, são seres vivos, potentes e acolhedores,
técnicas e ápices da cultura.
A cidade possui um caráter artístico inerente, contendo o germe da
associação, da engrenagem econômico-política e social, vivendo para compor
rizomas e conectar-se a novas direções em linhas suaves e texturizadas. As
obras de arte se abrem por meio de conexões mentais, atualizando-se através
de circuitos sinápticos no momento da fruição. Assim, a cidade-obra surge
da percepção visual de mudanças sutis capturadas na cidade real através do
pensamento estético.
Este fazer artístico só foi possível pela compreensão do movimento de
atualização dos espaços quase sempre ignorados. O corpo de Barcarena evoca
as formas geométricas de Mondrian; suas ruas desordenadas remetem às trilhas
onduladas de Pollock; e as paisagens urbanas evoluem em paralelo com as
experiências impressionistas de Monet.
Barcarena Cidade-obra é uma cartografia entontecida da cidade dobrada
sobre si para produzir a cidade-outra, agora feita obra de arte em pleno devir.
Onde o entontecido é um conceito que emerge do corpo da cidade, refletindo
como a arte se manifesta em blocos de sensações e devires imperceptíveis em
constante fuga.
Portanto, nesse sentido, a cidade real é um platô imanente da arte e,
por isso, contém nela essa dimensão estética, entontecedora dos sentidos e
pensamentos, por ser um recorte do caos feito pintura. Assim, está erguida a
arquitetura e o urbanismo tonto desta obra de arte conceitual-experimental,
rizoma barcarenense em fluxo, devir-urbano caósmico.

Sebastião de Jesus Cardoso