Publicado em 15 de julho de 2025.

A coletânea Agricultura Familiar, Gênero e Comunidades Tradicionais: Interseccionalidades, Justiça Social e Sustentabilidade no Brasil Contemporâneo nasce da urgência de reconhecer e valorizar os saberes, lutas e experiências que emergem dos territórios rurais e tradicionais brasileiros. Em um país atravessado por desigualdades históricas, especialmente no campo e entre populações marginalizadas, esta obra propõe uma abordagem crítica, plural e interseccional sobre temas estruturantes como acesso à terra, saúde, direitos, identidade e resistência.
Os capítulos reunidos neste volume oferecem ao leitor uma diversidade de perspectivas que dialogam entre si e revelam as complexas relações entre gênero, identidade de gênero, raça, classe, localização geográfica e modos de vida sustentáveis. A agricultura familiar, frequentemente invisibilizada nas grandes narrativas econômicas, aparece aqui como eixo de resistência sociopolítica, como estratégia de soberania alimentar e de reafirmação cultural de comunidades tradicionais, especialmente as quilombolas.
A coletânea contempla estudos de caso, análises de políticas públicas, discussões teóricas e propostas de intervenção que se debruçam sobre as desigualdades no acesso à saúde oncológica, a luta por territórios, os impactos do racismo ambiental, bem como as potencialidades da agroecologia, da economia solidária e da educação contextualizada. Em comum, os textos denunciam os mecanismos de exclusão que persistem no Brasil rural, mas também anunciam caminhos possíveis para a transformação social.
Esta obra é resultado do compromisso de pesquisadoras e pesquisadores, ativistas e sujeitos engajados na construção de uma sociedade mais justa, inclusiva e sustentável. Ao trazer à tona vozes que muitas vezes permanecem silenciadas nos discursos institucionais, reafirmamos aqui o valor das epistemologias enraizadas na vida comunitária, nos saberes tradicionais e na resistência cotidiana.
Que este livro possa contribuir para fortalecer os debates em torno das políticas públicas, das práticas de justiça social e da valorização das identidades e territórios que sustentam o Brasil profundo. Que sirva como ferramenta de denúncia, de afirmação e de diálogo entre academia, movimentos sociais e sociedade civil.

Giorge Andre Lando