A Influência da Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) na Produtividade de Equipes de Manutenção
Ocorrida a partir do século XVIII, a Revolução Industrial desempenhou uma mudança significativa no potencial produtivo da sociedade humana, expandindo e multiplicando progressivamente e de forma rápida e ilimitada os bens, a mão de obra e os serviços (HOBSBAWM, 2010). Neste período, ampliou-se a manufatura dos produtos, aumentando a necessidade de mão de obra para a execução dos trabalhos. Na sequência, o aumento da produção trouxe diversos pontos positivos, mas também gerou pontos negativos, principalmente em função das questões de remuneração e condições laborais (SILVEIRA, 2016). Com o processo de globalização fortalecido, em meados do século XX, as organizações foram forçadas, pela concorrência mundial, a buscarem maior vantagem competitiva. Esta nova realidade aprofundou a exploração social e a dependência dos países subdesenvolvidos aos desenvolvidos.
Apesar disto, a globalização aproximou os povos, possibilitou o avanço da tecnologia e, consequentemente, o aumento produtividade (CURY, 2017). Uma das vantagens competitivas em que as organizações mundiais buscavam e, ainda hoje, buscam se refere ao aumento da produtividade, posto que sempre se considerou a produtividade como um dos fatores primordiais para o crescimento de uma organização ou de um país (FONSECA, 2012). No caso do Brasil, a fim de se tornar mais competitivo sem despender um investimento global, é necessário estimular o aumento da produtividade produzindo mais produtos a partir da mesma quantidade de insumos físicos ou humanos (VELLOSO, 2012). Porém, aumentar a produtividade não tem sido uma tarefa fácil, pois até o momento não há um consenso a respeito dos meios de se elevar a produtividade da economia brasileira.
Assim, são realizadas diferentes análises sobre as barreiras que impuseram dificuldades ao seu crescimento ao longo dos últimos anos, havendo certamente uma lista de possíveis causas, dentre elas: a falta de infraestrutura adequada, de profissionais qualificados e de formas inovadoras de realizar o trabalho, além disso, do inventário de máquinas e equipamentos obsoletos, a cadeia produtiva ineficiente e uma série de outros fatores (CAVALCANTE; DE NEGRI, 2015). Ao se considerar o aspecto humano, as organizações, para conseguirem aumentar a produtividade dos indivíduos e se manterem competitivas no mercado, devem criar locais de desenvolvimento da atividade laboral saudável no que se refere à qualidade de vida dos trabalhadores, de modo a reduzir as pressões no coletivo (BONFANTE; OLIVEIRA; NARDI, 2015). Neste contexto, Limongi-França, Antônio e Schirrmeister (2016) asseguram que a Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) refere-se à percepção e às práticas relativas ao bem-estar dos indivíduos realizadas por meio de ações coletivas ou individuais de caráter produtivo. Desta forma, a conceituação sobre QVT de Walton (1973) estrutura-se na humanização do trabalho e na responsabilidade social da empresa, procurando uma percepção positiva de bem estar nas organizações e na vida pessoal, sendo estimulada por meio de medidas que fortalecem o acompanhamento e o controle da qualidade de vida. Deste modo, um planejamento bem elaborado gera indicadores e metas específicas de gestão de recursos humanos ou estratégicas para a corporação (LIMONGI-FRANÇA; ANTÔNIO; SCHIRRMEISTER, 2016). No ramo de mineração, apesar do Instituto Brasileiro de Mineração - IBRAM (2014) afirmar que o setor se integra a uma cadeia produtiva composta pelas indústrias de base mineral e que tem a capacidade de produzir e disseminar uma grande gama de produtos influenciadores diretos da qualidade de vida das populações, muito há que ser feito para melhorar as condições laborais dos indivíduos. De acordo com Santos (2012), o Brasil, quando comparado aos grandes produtores mundiais, possui taxa de mortalidade na mineração superior à dos países desenvolvidos no que tange às mineradoras de pequeno e médio porte. Para este autor este fato é diferenciado nas empresas de grande porte do setor, onde a taxa de frequência de acidentes e óbitos é menor em consequência do frequente uso de tecnologia, mão de obra qualificada e os investimentos na área de segurança e saúde ocupacional serem maiores. Já Sousa e Quemelo (2015), ressaltam que pesquisas atuais demonstram a crítica condição de trabalho dos mineiros, sendo indispensável identificar os riscos ocupacionais existentes nos postos de trabalho visando uma intervenção, uma vez que o setor é insalubre e periculoso. Segundo os autores, a falta de políticas de saúde efetiva e outras formas de ingerência nas organizações geram um processo de adoecimento do trabalhador e representam para o setor um problema de saúde pública. Conforme Dias (2017), um ambiente laboral desfavorável é prejudicial à saúde do trabalhador. Todas estas condições citadas interferem na qualidade de vida do trabalhador e possivelmente em sua produtividade.
Desta forma, a presente investigação tem como objetivo avaliar se as dimensões de qualidade de vida no trabalho influenciam na produtividade dos funcionários das equipes de manutenção de uma empresa de mineração de grande porte.
A Influência da Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) na Produtividade de Equipes de Manutenção
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DOI: 10.22533/at.ed.171191009
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ISBN: 978-85-7247-617-1
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Palavras-chave: 1. Cultura organizacional. 2. Qualidade de vida no trabalho. 3. Relações humanas.
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Ano: 2019