Publicado em 28 de dezembro de 2021.

Este estudo avaliativo foi realizado no período em que a autora era mestranda da Faculdade Cesgranrio entre os anos 2015-2017. Seu objetivo foi elaborar e validar o programa da parte prática da disciplina ‘Tempos para ênfase no PPP/ Libras do Curso de Formação de Professores (3º ano), nível médio, do Instituto de Educação Rangel Pestana – IERP pertencente à rede estadual de ensino, localizado no município de Nova Iguaçu, Baixada Fluminense, onde a autora é lotada como professora docente I. Este programa da parte prática foi elaborado com base no currículo mínimo disponibilizado pela Secretaria Estadual de Educação (SEEDUC, 2013). 

Durante o curso de Mestrado, as leituras, discussões e debates despertaram um inquietante desejo na autora de estudar ainda mais as questões como surdez, deficiência auditiva, a Libras, a formação docente e de contribuir para efetivar a inclusão dos alunos surdos. Assim, alguns questionamentos começaram a surgir e a nortear o estudo: Por que não elaborar um programa que fosse utilizado nas aulas da disciplina Libras? Em que medida trabalhar somente a teoria contribui para o entendimento dos alunos sobre o ensino da Língua Brasileira de Sinais - Libras? Na realidade, segundo Conceição, os alunos desejavam aprender, na prática, os sinais, então por que não garantir tal aprendizagem a eles?

A autora, na condição de docente, tinha ouvido diversas queixas dos alunos em relação à qualidade da formação, incidindo sobre o horário integral, excesso de disciplinas que compõem a grade curricular e que, de acordo com muitos deles, não contribuíam para uma formação de qualidade. Eles afirmavam que chegavam ao 3º ano do Curso de Formação de Professores sem estarem preparados para assumir a regência de uma turma com alunos ditos “normais” e, pior ainda, se na sala de aula estivessem alunos que apresentassem necessidades educacionais especiais.

          Considerando os estudos feitos no Mestrado e as necessidades que lhe angustiavam na sua vivência como docente Conceição optou acertadamente por elaborar e avaliar a parte prática do programa da disciplina Libras, oferecida no Curso Normal, e estabeleceu duas questões avaliativas: (a) até que ponto os conteúdos do programa da disciplina são adequados ao desenvolvimento das competências básicas em Libras necessárias à formação dos futuros docentes? (b) até que ponto as estratégias e os recursos propostos no programa favorecem a aprendizagem dos conteúdos básicos da disciplina Libras? Questões estas respondidas ao final deste livro.

As abordagens avaliativas adotadas neste estudo foram a centrada em especialistas e centrada nos participantes. A autora escolheu a abordagem centrada nos especialistas, a saber, valeu-se de pessoas que atuavam profissionalmente em órgãos públicos e privados, inclusive em Institutos Federais como palestrantes, professores, instrutores e usuários da Língua Brasileira de Sinais (Libras), porque estes poderiam revelar situações, fatos e percepções bastante importantes, baseadas na sua experiência profissional, e levá-la a encontrar respostas para o seu objetivo de estudo. Adicionalmente usou a abordagem centrada nos participantes, envolvendo egressos e alunos concluintes do Curso de Formação de Professores (IERP), principais interessados neste assunto, porque tinha certeza de que as respostas oferecidas por esses respondentes, embasadas na situação de vivência da disciplina, contribuiriam decisivamente para que pudesse aprofundar e concluir a sua avaliação.

O material que compõe este livro é fruto, portanto, do estudo avaliativo e das experiências da autora enquanto professora e usuária da Língua Brasileira de Sinais. Para dar terminalidade à sua dissertação, Conceição contou com a orientação da Professora Doutora Maria Beatriz Gomes Bettencourt que, na época, era integrante do quadro de professores do Mestrado da Faculdade Cesgranrio.

Considero que a essência deste trabalho está na sua finalidade última, a saber: melhorar a qualidade da formação dos futuros docentes, contribuir para uma sociedade mais justa, com melhores oportunidades, sem preconceitos e sem discriminações para as pessoas surdas. Destaco aqui uma frase que me foi dita por Conceição: “Tenho certeza de que não há inclusão, não há evolução, não há sucesso sem trabalho, sem estudo, sem aprendizagem, sem dignidade, sem respeito, sem ética e com certeza sem amor pelo próximo”, que me mobilizou a prefaciar este livro. Conceição é realmente uma pessoa muito especial; ela se destaca por seu obstinado trabalho para melhorar a inclusão da pessoa surda.

Que este livro seja um convite à ação. Que cada conteúdo e estratégias selecionados para compor o programa prático da disciplina mobilizem o incentivo à aprendizagem da Língua Brasileira de Sinais por atores envolvidos no processo educacional.    

Doutora Lúcia Regina Goulart Vilarinho

Professora adjunta do Mestrado da Faculdade Cesgranrio