Atena Entrevista – Dra. Melissa Medeiros Braz Especial Outubro Rosa
Autocuidado”. Essa é uma palavra que nós ouvimos muito neste mês, porém, nós, da Atena Editora, quisemos entender mais a fundo o que está por trás deste termo que é um dos símbolos maiores da campanha Outubro Rosa, e do combate ao Câncer de Mama.
Trazemos a vocês a entrevista com a Dra. Melissa Medeiros Braz, que tem atuação voltada para a saúde da mulher e a fisioterapia na oncologia. Ela nos explicou sobre como é feito este trabalho, como ainda precisamos conscientizar toda a população sobre o Câncer de Mama, e como são as atuações públicas no Brasil no combate e tratamento no diagnóstico.
Atena Editora: Como a fisioterapia está envolvida com o tratamento do Câncer de Mama?
Dra. Melissa: A fisioterapia atua em todas as etapas, inclusive na prevenção, já que uma das principais formas de evitar o diagnóstico está atrelado a um estilo de vida saudável através de atividade física e alimentação balanceada.
Em um segundo momento, quando acompanhamos as mulheres, nós enfatizamos a importância do autocuidado, o autoexame, a mamografia, como forma de garantirmos um tratamento no início da doença.
E também no tratamento do Câncer de Mama em si, seja por conta da cirurgia, que pode levar a uma redução da mobilidade e amplitude de movimento do braço, dificuldades respiratórias; a preparação da paciente para a radioterapia, onde é necessário ficar com o braço em uma posição específica durante toda a sessão; entre outros desenvolvimentos que contribuímos no tratamento e recuperação da paciente.
Atena Editora: Muitos fatores estão envolvidos no processo do tratamento. Como você trabalha com isso com as pacientes?
Dra. Melissa: Sim, principalmente relacionado a autoimagem. Hoje, no Brasil, é garantido pelo SUS a reconstrução da mama logo após a cirurgia de retirada, porém, não é como uma cirurgia plástica. Esse processo envolve uma história, uma reconstrução de fato, por isso a rede de apoio é tão importante.
Nós desenvolvemos um projeto chamado Renascer, na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), no Rio Grande do Sul, onde prestamos todo esse apoio, orientando as mulheres a como se redescobrirem nesse período. Inclusive com a explicação de como pode ser usado o lenço, como escolher uma peruca, e também possíveis orientações para disfunções sexuais que decorram do diagnóstico.
Atena Editora: Nós estamos vivendo um momento ainda delicado quando falamos sobre saúde, onde muitas pessoas acabaram evitando de fazer seus exames de rotina. Isso também aconteceu com a busca por mamografias?
Dra. Melissa: Sim, e muito. Os nossos números de exames realizados em 2020 e 2021 estão muito menores que nos anos anteriores. Atrelado a isso, ainda temos o medo que as mulheres têm de irem fazer o exame, justamente pelo medo do diagnóstico. Inevitavelmente ainda existe um estigma muito grande sob a doença, como se o diagnóstico não fosse uma possibilidade de cura. Por isso o trabalho de conscientização é tão importante. Precisamos deixar claro que o Câncer de Mama tem cura sim, grandes chances inclusive, mas que o fator principal é a descoberta precoce.
Por isso há o apelo para que a mulher conheça o próprio corpo, seja com um momento de cuidado passando um creme, ou realmente fazendo uma análise de autoexame, mas ter esse conhecimento para que perceba quando algo sai da normalidade.
Atena Editora: O Câncer de Mama, ainda que mais frequente em um grupo, pode ocorrer em mulheres mais jovens e homens?
Dra. Melissa: Sim, o Câncer de Mama é mais prevalente em mulheres após os 50 anos, mas, nós temos tido cada vez mais o diagnóstico de mulheres jovens. Nós já acompanhamos meninas de 18 anos em tratamento. O número tem aumentado por duas questões: o fator hereditário, representando entre 5% a 10% dos números totais; e os hábitos de vida, onde os vilões são os hábitos de vida não saudáveis, como a alimentação e o consumo de plásticos que liberam BPA.
Nós utilizamos muitas embalagens que liberam esse composto químico, principalmente quando utilizamos plástico no microondas ou quando reutilizamos garrafas de água. Esse composto estimula a produção do estrogênio, um dos hormônios femininos. A maioria dos casos de Câncer de Mama são estrogênio-dependentes, sendo ativadas e potencializadas neste ambiente com a taxa hormonal de estrogênio acima do normal.
Por isso é tão importante nós cuidarmos do nosso estilo de vida, porque ele impacta diretamente na propensão ao desenvolvimento de doenças como o Câncer de Mama.
E sim, o Câncer de Mama também pode acometer homens, ainda que seja bem menos comum. Por isso é tão importante o homem também observar suas mamas, já que o diagnóstico tende a ser tardio. A observação, sem dúvidas, é sempre uma aliada.
Atena Editora: Dra. Melissa, deixe um recado final aos nossos leitores.
Dra. Melissa: A busca a saúde é fundamental, ela não é simplesmente a prevenção de doenças, mas sim a garantia de vitalidade e energia para irmos atrás dos nossos sonhos e projetos de vida. E quando nós estamos bem de saúde, nós nos sentimos muito mais dispostos para viver nossa vida em plenitude. E nós sabemos o quanto a mulher desempenha diversos papéis, sejam eles profissionais, familiares ou pessoais, e para que a mulher possa concluir bem esses papéis, é essencial que ela cuide primeiro de si mesma, cuide de seu corpo, da sua saúde e bem-estar.
