Vivências com Arte - Uma Perspectiva Sartreana
O presente texto propõe-se a discutir a perspectiva da fenomenologia existencial de Sartre acerca de subjetividade e engajamento nas vivências com arte, destacando alguns pontos referentes à dança cênica como expressão artística. Essas vivências podem ser descritas como todas as experiências de convivência com a arte, sejam do ponto de vista da produção artística ou apenas contemplativas, nas quais o Ser interage com a obra de arte e a interpreta segundo suas percepções e sua subjetividade. Nesse sentido, discuto, à luz de autores como Cocchiarale (2006), Danto (1978) e Louppe (2012), as interseções entre o fazer e o convívio com a arte, com a dança cênica, e as noções de situação, liberdade, subjetividade e engajamento apresentadas na fenomenologia de Jean-Paul Sartre. Ao afirmar que o Ser exerce sua liberdade no ato de existir, sem poder abster-se de escolhas situadas por seu contexto histórico, social, cultural e econômico, Sartre (2015b) coloca a expressão artística como meio de composição social, pois se encontra como reflexo situado da visão e ação do artista no mundo. Com isso, considero que a produção artística na dança cênica surge pela emergência dessa liberdade substanciada pela subjetividade. A produção da arte por meio do corpo ocorre numa relação de transcendência entre o real e o imaginário, em que a dança é criada para refletir e para modificar o mundo, podendo ao mesmo tempo revelá-lo e questioná-lo, sendo engajada pela estética que a subjetividade e a vivência do mundo produzem.
Vivências com Arte - Uma Perspectiva Sartreana
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Palavras-chave: Sartre. Fenomenologia. Subjetividade. Arte. Dança.
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Keywords: Sartre. Phenomenology. Subjectivity. Art. Dance.
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Abstract:
This paper proposes to discuss the perspective of Sartre's existential phenomenology about subjectivity and engagement in art experiences, highlighting some points regarding scenic dance as artistic expression. These experiences can be described as all experiences of coexistence with art, whether from the point of view of artistic production or only contemplative, in which the Being interacts with the work of art and interprets it according to its perceptions and subjectivity. In this sense, I discuss, in the light of authors such as Cocchiarale (2006), Danto (1978) and Louppe (2012), the intersections between making and living with art, scenic dance, and the notions of situation, freedom, subjectivity and engagement presented in Jean-Paul Sartre's phenomenology. By stating that Being exercises its freedom in the act of existing, without being able to abstain from choices situated by its historical, social, cultural and economic context, Sartre (2015b) puts artistic expression as a means of social composition, since it is as a situated reflection of the artist's vision and action in the world. With this, I consider that artistic production in scenic dance arises from the emergence of this freedom substantiated by subjectivity. The production of art through the body takes place in a transcendent relationship between the real and the imaginary, in which dance is created to reflect and modify the world, while at the same time revealing and questioning it, engaged by the aesthetics that subjectivity and world experience produce.
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Número de páginas: 15
- Georges Daniel Janja Bloc Boris
- Isabel Maria de Araujo Botelho