VIA-PARQUE DAS GRAÇAS: CONSTRUÇÃO DE UM ESPAÇO SOCIAL
O patrão de urbanização empregado
nas últimas décadas no Brasil prioriza o
adensamento e a verticalização das construções
e a pavimentação e alargamentos de vias
para a circulação de automóveis resultando
na degradação da natureza dentro das áreas
urbanas e escassez de espaços de convívio
social. Tal padrão de urbanização resultou em
cidades impessoais pensadas para a máquina,
em especial para os carros, que não oferecem
qualidade de vida para os seus moradores. Para
reverter esse quadro, a sociedade civil começa
a se organizar e a reivindicar sua participação
no planejamento e gestão de espaços públicos,
porém ainda de forma pontual. Este é o caso da
associação de moradores do Bairro das Graças
em Recife-PE que conseguiu juntamente com o
INCITI, grupo de pesquisa da UFPE, modificar
um projeto viário, que previa a construção de
quatro faixas de carros sobre área de manguem,
e converte-lo em um projeto de espaço social
integrado ao Rio Capibaribe. Este projeto,
chamado Via-Parque das Graças, é analisado
no presente texto com base na importante
contribuição teórica de Henri Lefebvre sobre
as questões culturais, sociais e simbólicas
na construção dos espaços urbanos. Ele já
defende, na década de 1970, a intervenção
de grupos sociais no processo de elaboração
e construção das áreas urbanas, em especial
dos espaços públicos. A partir da ótica de
Lefebvre e do estudo de caso do Via-Parque
das Graças, conclui-se que para melhoria da
paisagem urbana e construção de cidades
mais sustentáveis é necessário engajamento
popular, mais do que vontade política.
VIA-PARQUE DAS GRAÇAS: CONSTRUÇÃO DE UM ESPAÇO SOCIAL
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DOI: 10.22533/at.ed.85619180718
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Palavras-chave: Planejamento; espaço social; sustentabilidade.
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Keywords: Planning; social space; sustainability.
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Abstract:
The boss of urbanization
employed in the last decades in Brazil prioritizes
the densification and verticalization of the
constructions and the paving and widening of
roads for the circulation of automobiles resulting
in the degradation of nature within the urban
areas and scarcity of spaces of social conviviality.
Such a pattern of urbanization has resulted in
impersonal cities designed for the machine,
especially for cars, which do not provide quality
of life for its residents. To reverse this situation,
civil society begins to organize and claim its
participation in the planning and management of public spaces, but still in a timely
manner. This is the case of the residents’ association of the Graças neighborhood in
Recife-PE, which managed together with INCITI, a UFPE research group, to modify a
road project, which provided for the construction of four lanes of cars over a mangrove
area, and converts it in a project of social space integrated to the Rio Capibaribe. This
project, called Via-Parque das Graças, is analyzed in this text based on the important
theoretical contribution of Henri Lefebvre on cultural, social and symbolic issues in the
construction of urban spaces. In the 1970s, he advocated the intervention of social
groups in the process of designing and constructing urban areas, especially in public
spaces. From Lefebvre’s point of view and the case study of Via-Parque das Graças, it
is concluded that to improve the urban landscape and to build more sustainable cities,
it is necessary to engage more than political will.
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Número de páginas: 15
- Marcela Correia de Araujo Vasconcelos Zulim