Construí este diário de leitura sobre o romance “Ensaio sobre a cegueira”, de José Saramago, no ano de 2021, quando ainda cursava a 3ª série do curso técnico em Agroecologia integrado ao Ensino Médio no IF Baiano, campus Serrinha. Por ser uma atividade escolar que propunha a leitura de uma obra literária, imediatamente, eu fiquei fascinada com a proposta; afinal, gosto muito de ler e de escrever sobre o que leio. O modo como o professor Osvaldo Barreto Oliveira Júnior - docente de Língua Portuguesa e Literatura do IF Serrinha - conduziu a atividade também contribuiu para o meu fascínio. Estávamos, ainda, vivendo as angústias do ensino remoto, que, muitas vezes, nos parecia desestimulante e se tornava entediante; mas o professor Osvaldo sempre buscou nos instigar, levando-nos a refletir sobre questões abordadas no livro, para relacioná-las a situações da nossa vida cotidiana. Por essa razão, neste diário, em muitas passagens, relaciono o lido ao vivido, sobretudo com a insanidade de alguns humanos diante da catástrofe pandêmica que ainda estamos vivendo. Por isso, pude compreender que aquela cegueira - tão bem narrada por Saramago - não era fisiológica, mas de atitude. O mar de leite, no livro de Saramago, equivale à cegueira ideológica a que muitos se agarram para acreditar em coisas absurdas, demonstrando desprezo pela vida e pelos direitos humanos.