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TRANSFERÊNCIA TRANSPLACENTÁRIA DE ANTICORPOS EM GESTANTES VACINADAS CONTRA A COVID-19: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA

Introdução: A transferência transplacentária de anticorpos é primordial para a imunidade do feto, visto que a imunidade adaptativa, desenvolvida após contato com antígenos imunogênicos, ainda está em maturação. Portanto, diante da globalização do coronavírus e da gravidade das infecções, foi percebida a relevância de analisar a eficácia da imunização de gestantes quanto ao transporte das imunoglobulinas pela placenta, bem como os fatores de influência. Objetivo: Avaliar a eficácia da transferência transplacentária de anticorpos Anti-Spike em gestantes vacinadas contra a COVID-19 e os seus fatores de influência, como a quantidade de doses administradas, o período gestacional em que a vacina foi aplicada, o tempo de duração desses anticorpos no organismo do recém-nascido e o tipo de vacina que foi inoculada. Método: Foi realizada uma revisão sistemática da literatura, analisando-se artigos entre 2018 e 2022, com livre acesso às bases de dados, em inglês e/ou português, que respondessem à pergunta norteadora: “Qual é a eficácia do transporte transplacentário de Imunoglobulinas anti-Spike em gestantes vacinadas contra a COVID-19?”. As bases de dados selecionadas foram PubMed, ScienceDirect e Google Acadêmico, com os descritores “COVID-19”, “Vaccination” e “Antibody Placental Transfer”, segundo o DeCS. Ao final, foram obtidos 151 artigos, dentre os quais 33 foram selecionados. Resultados e Discussão: A inoculação da vacina contra COVID-19 durante a gravidez pode estimular uma resposta imune em gestantes e gerar anticorpos que são transferidos para o feto através da placenta. No estudo realizado em mulheres vacinadas contra SARS-CoV-2, o título de anticorpos IgG no sangue do cordão umbilical foi maior do que naqueles nascidos de mulheres infectadas pela COVID-19, demonstrando que a transferência de anticorpos Anti-Spike é mais eficaz através da vacinação do que da infecção. Um estudo de coorte coletou sangue do cordão umbilical de 36 partos, de progenitoras vacinadas, em média, 13 semanas antes do nascimento. Os 36 recém-nascidos foram positivos para IgG anti-S em títulos elevados (34 >250 U/mL e 2 <250 U/mL). As mães que tinham títulos de sangue do cordão umbilical <250 U/mL receberam sua segunda dose de vacina há pelo menos 20 semanas antes do parto. Esses achados comprovam a transferência transplacentária de anticorpos após a vacinação contra COVID-19 durante a gravidez e que, quanto mais próxima a vacinação for do parto, maior a taxa de eficácia da transferência de anticorpos. Apesar disso, uma preocupação científica é quanto tempo eles durarão. Estudos demonstraram que os níveis de IgG de SARS-CoV-2 em recém-nascidos de mães infectadas caíram acentuadamente para um décimo dois meses após o nascimento, porém ainda não há clareza sobre o decaimento de anticorpos em recém-nascidos de mães vacinadas. Além disso, ainda não há estudos elucidativos acerca da influência dos diferentes tipos de vacina contra a COVID-19. Conclusões: A literatura descrita é consoante quanto à efetividade dos mecanismos de transferência de anticorpos anti-SARS-Cov-2 da gestante para o feto, a partir da vacinação da progenitora. Estudos indicam que a transferência é mais eficaz quanto menor o tempo entre a vacinação e o parto, e quanto maior a quantidade de doses recebidas. Ainda são necessários novos estudos para o esclarecimento de lacunas acerca do tema, como o tempo de permanência dos anticorpos no organismo da criança e a influência dos diferentes tipos de vacina contra a COVID-19.

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TRANSFERÊNCIA TRANSPLACENTÁRIA DE ANTICORPOS EM GESTANTES VACINADAS CONTRA A COVID-19: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA

  • DOI: 10.22533/at.ed.90623270924

  • Palavras-chave: covid-19; vacinação; transferência transplacentária de anticorpos

  • Keywords: covid-19; vaccination; transplacental antibody transfer

  • Abstract:

    Introduction: The transplacental transfer of antibodies is essential for fetal immunity as the adaptive immunity, developed after exposure to immunogenic antigens, is still maturing. Therefore, due to the global spread of the coronavirus and the severity of infections, there has been a growing recognition of the importance of analyzing the effectiveness of immunization in pregnant women, particularly regarding the transfer of immunoglobulins across the placenta and the factors that influence it. Objective: To evaluate the efficacy of transplacental transfer of Anti-Spike antibodies in pregnant women vaccinated against COVID-19 and its influencing factors, such as the number of administered doses, the gestational period, when the vaccine was given, the duration of these antibodies in the newborn's organism and the type of vaccine administered. Method: A systematic literature review was conducted, analyzing articles from 2018 to 2022, in databases with free access to English and/or Portuguese addressed with the following research question: "What is the efficacy of transplacental transfer of Anti-Spike immunoglobulins in pregnant women vaccinated against COVID-19?". The selected databases were PubMed, ScienceDirect, and Google Scholar, using the keywords "COVID-19," "Vaccination," and "Antibody Placental Transfer" according to DeCS. In the end, 151 articles were obtained, out of which 33 were selected. Results and Discussion: The inoculation of COVID-19 vaccine during pregnancy can stimulate an immune response in pregnant women and generate antibodies that are transferred to the fetus through the placenta. In a study conducted on vaccinated women against SARS-CoV-2, the IgG antibody titers in umbilical cord blood were higher than those in infants born to women infected with COVID-19, demonstrating that Anti-Spike antibody transference is more effective through vaccination than infection. A cohort study collected umbilical cord blood from 36 births of vaccinated mothers, on average, 13 weeks before labor. All 36 newborns tested positive for high titers of anti-S IgG (34 >250 U/mL and 2 <250 U/mL). Mothers with umbilical cord blood titers <250 U/mL received their second vaccine dose at least 20 weeks before delivery. These findings confirm the transplacental transfer of antibodies after COVID-19 vaccination during pregnancy and indicate that the closer the vaccination is to delivery, the higher the efficacy rate of antibody transfer. However, a scientific concern is the half-life of these antibodies. Studies have shown that SARS-CoV-2 IgG levels in newborns from infected mothers sharply declined to one-tenth after twelve months of birth, but there is still no clarity on antibody decay in newborns from vaccinated mothers. Furthermore, there are still no elucidative studies regarding the influence of the different types of COVID-19 vaccines. Conclusions: The literature is consistent with the effectiveness of mechanisms for transferring anti-SARS-CoV-2 antibodies from pregnant women to the fetus through maternal vaccination. The analyzed studies indicate that the transference is more effective with a shorter interval between vaccination and delivery and with a higher number of doses received. Still, further studies are needed to address gaps in knowledge, such as the duration of antibodies in the child's body and the influence of different types of COVID-19 vaccines.

  • Letícia Cabral Ventura
  • Marcos José Valença Silva Neto
  • Gabriela de Oliveira Mello
  • Patrícia Moura
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