TERRITÓRIOS EM CONSTRUÇÃO NOS RINCÕES DO BRASIL MERIDIONAL: DA COLONIALIDADE E SUBALTERNIDADE, ÀS R-EXISTÊNCIAS NA FORMAÇÃO TERRITORIAL DA CAMPANHA GAÚCHA
Este trabalho objetiva discutir os processos de subalternização e as formas de r-existência de sujeitos sociais na formação territorial da Campanha Gaúcha, tais como camponese(a)s-campeiro(a)s, peões de estâncias, dentre outros sujeitos subalternos que vivem em espaços-tempos denominados de rincões, uma expressão e categoria nativa que designa seus territórios em construção, situados nos espaços-tempos mais longínquos e invisibilizados desta formação territorial. Por sua vez, para refletir sobre tais processos, primeiramente, apresentamos a interpretação na qual a Campanha Gaúcha é encarada enquanto formação territorial moderno-colonial, na qual se estabeleceu um regime territorial sob a hegemonia e dominação do latifúndio pastoril (em referência às estâncias - as grandes propriedades destinadas à produção de gado) e do agronegócio. No centro deste regime está a colonialidade (QUIJANO, 2007), enquanto um dispositivo que opera nas múltiplas instâncias de produção da vida humana e em suas relações com os demais entes da natureza. Contudo, seria reducionista restringir a experiência das vidas na Campanha Gaúcha ao referido regime territorial. Assim, sob o enfoque do espaço-tempo geográfico, como esfera de encontro das multiplicidades (MASSEY, 2005), em caráter historicamente heterogêneo e em permanente construção, foi possível perceber que nas contradições do regime territorial hegemônico-dominante, vigora a existência de uma multiplicidade de sujeitos, que através da diversidade de seus saberes e modalidades de ação, r-existem na medida em que constroem seus territórios, nas margens, fronteiras e interstícios do regime hegemônico-dominante. Desta maneira, no segundo momento deste trabalho, apresentamos a reflexão sobre o papel das territorialidades na construção de um micro-ordenamento territorial dos sujeitos subalternos, presente seus espaços-tempos de trabalho e socialização da vida. Através desses espaços-tempos e de suas relações, os rincões tornam-se territórios em construção, segundo os processos de apropriação material e simbólica do espaço-tempo realizada pelos sujeitos subalternos.
TERRITÓRIOS EM CONSTRUÇÃO NOS RINCÕES DO BRASIL MERIDIONAL: DA COLONIALIDADE E SUBALTERNIDADE, ÀS R-EXISTÊNCIAS NA FORMAÇÃO TERRITORIAL DA CAMPANHA GAÚCHA
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DOI: 10.22533/at.ed.1792004055
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Palavras-chave: Território, Campanha Gaúcha, Rincões, Subalternidade, R-existência
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Keywords: Territory, Campanha Gaúcha, Corners or Rincões, Subalternity, R-existence;
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Abstract:
This work aims to discuss the processes of subalternization and the forms of r-existence of social subjects in the territorial formation of the Campanha Gaúcha, such as peasants-campeiro(a)s, peões from estâncias, among other subaltern subjects living in spaces-times denominated corners or rincões, a native expression and category that designates these territories under construction situated in the most distant and invisible spaces-times of this territorial formation. On the other hand, in order to think about such processes, at first it is presented the interpretation in which the Campanha Gaúcha is considered a modern-colonial territorial formation where a territorial regime was established under the hegemony and domination of the pastoral latifundium (in reference to the estâncias - the large estates intended for livestock breeding) and agribusiness. At the center of this regime is the coloniality (QUIJANO, 2007), as a device that operates in the multiple instances of human’s life production and in its relations with other entities of nature. However, it would be reductionist to restrict the life experience in the Campanha Gaúcha to said territorial regime. Thus, in the perspective of geographic space-time as a meeting point of multiplicities (MASSEY, 2005), in a historically heterogeneous and in permanent construction aspect, it was possible to understand that, in the dominant hegemonic territorial regime contradictions, there is a multiplicity of subjects, who, through the diversity of their knowledge and modes of action, r-exist inso far as they construct their territories on the margins, frontiers, and interstices of the dominant hegemonic regime. Therefore, in the second stage, this work presents a reflection on the role of the territorialities in the construction of a territorial micro-ordering of subaltern subjects, present in their spaces-times of work and socialization. Through these space-times and their relations, the corners become territories under construction, according to the space-time material and symbolic appropriation processes carried out by subaltern subjects.
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Número de páginas: 13
- Anderson Luiz Machado dos Santos